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Finanças

Desenrola deve reduzir inadimplência, mas sem impacto sobre receitas dos bancos

Avaliação é de especialistas, que descartam efeitos do programa sobre ações das empresas.

O Desenrola Brasil, programa social do governo federal para renegociações de dívidas de pessoas físicas com bancos, não deve mexer com as ações das instituições financeiras participantes, segundo analistas consultados pelo InvestNews.

O incentivo para que as instituições financeiras participem da primeira fase do programa se dá por meio de da antecipação de créditos presumidos. Para cada R$ 1 de desconto concedido aos devedores, a instituição financeira lança R$ 1 de crédito presumido no balanço.

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REUTERS/Pilar Olivares

Guilherme Tiglia, sócio e analista de ações da Nord Research, pontua que não deve haver mudanças no desempenho dos ativos de bancos somente por conta da participação no programa. “O setor continua refém do elevado nível de juros e de um cenário ainda mais adverso”, diz.

No entanto, o sócio e analista de ações da Nord Research ainda vê essa participação dos bancos no projeto como positiva, porque deve promover carteiras de crédito de pessoas físicas mais aliviadas. 

“Será de maior benefício, principalmente, para os bancos com maior exposição à pessoa física. É um movimento que visa reduzir a inadimplência, através da renegociação dos bancos junto a alguns devedores inadimplentes – ou seja, visa à recuperação do crédito. Assim sendo, com menores passivos (menor endividamento), alguns indivíduos/famílias podem ter acesso novamente ao crédito.” 

Guilherme Tiglia, sócio e analista de ações da Nord Research.

Milton Rabelo, analista da VG Research, comenta que “apesar de o programa ter um impacto positivo para o mercado bancário brasileiro, ele não parece suficientemente relevante para mudar de forma efetiva a dinâmica de receitas das instituições financeiras”. 

Do mesmo modo, Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, acredita que será interessante a participação dos bancos no programa, porém o impacto não deve ser muito elevado. “Não acho que vai fazer um mega efeito no balanço [financeiro]”, comenta. 

Quais bancos vão participar?

Até o momento, entre as instituições que confirmaram que vão aderir ao Desenrola Brasil estão Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Banco Inter (BIDI11), Banco Pan (BPAN4), Caixa Econômica Federal, Daycoval, Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11). O Nubank (NUBR33) e o C6 Bank ainda não se posicionaram. 

Logo do Banco do Brasil em São Paulo 09/08/2018 REUTERS/Paulo Whitaker.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciou que os bancos darão sua contribuição para que o Desenrola “reduza o número de consumidores negativados e ajude milhões de cidadãos a diminuírem suas dívidas”.

Além disso, a instituição disse que trabalhou junto do governo desde a concepção e durante a construção do Desenrola Brasil, de modo que pudesse influenciar integralmente no formato do projeto anunciado.

Quando começou o programa? 

A primeira fase do programa Desenrola Brasil para a renegociação das dívidas dos contribuintes começou nesta segunda-feira (17) e deve beneficiar 30 milhões de pessoas físicas.

Nessa fase, as instituições financeiras limpam o nome das pessoas com débitos de até R$ 100 vencidos até 31 de dezembro do ano passado. A dívida não é perdoada. Apenas o devedor deixa de ficar com o nome sujo e pode contrair novos empréstimos e fazer operações como fechar contratos de aluguel.

Real Moeda brasileira. © Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Além da limpeza do nome de quem tem dívidas de até R$ 100, a primeira fase do programa prevê a renegociação de débitos com bancos por devedores com renda de até R$ 20 mil. O Desenrola Brasil só abrange dívidas contraídas até 31 de dezembro do ano passado.

O programa estava previsto para setembro, mas foi antecipado pelo governo com a publicação de uma portaria na última sexta-feira (14). De acordo com o Ministério da Fazenda, o Brasil tem 70 milhões de negativados. Veja mais detalhes sobre o funcionamento do Desenrola Brasil.

Garantia do governo na 2ª fase do programa

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na segunda-feira que o governo prevê desembolsar R$ 7,5 bilhões em recursos do Tesouro Nacional para dar garantia às renegociações de dívidas do programa. Ele explicou que, caso esse seja mesmo o valor usado no programa, o volume total de dívidas renegociadas pode chegar a quatro vezes esse montante.

O aval com recursos do governo será aplicado apenas às renegociações feitas na 2ª fase do programa, prevista para ser iniciada em setembro. Nela, serão sanados débitos de até R$ 5 mil de pessoas com renda de até dois salários mínimos.

*Com informações da Reuters e Agência Brasil.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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