Os dividendos globais devem continuar crescendo em 2024. Depois de atingir um valor recorde de US$ 1,66 trilhão em 2023, os proventos aos acionistas devem alcançar a marca de US$ 1,72 trilhão neste ano, de acordo com a expectativa da Janus Henderson.
Mas não será a Microsoft, maior pagadora do ano passado em termos brutos, nem a mineradora BHP, que liderou o ranking nos dois anos anteriores, que devem ser destaque. É o que prevê o chefe de renda variável global da gestora britânica, Ben Lofthouse.
Do ponto de vista setorial, os grandes setores defensivos, como os cuidados de saúde, a alimentação e os bens de consumo básicos, deverão continuar a registrar progressos constantes”
Ben Lofthouse, chefe de renda variável global da Janus Henderson
Outros setores também têm sido generosos na distribuição de proventos, caso de veículos, serviços públicos e engenharia. “Isso demonstra a importância de um portfólio diversificado”, observa o gestor.
As montadoras de carros pagaram um total de US$ 46 bilhões em dividendos no ano passado – um valor recorde, 24,4% maior que o de 2022. Idem para o setor de serviços públicos, que pagou 10,1% a mais na comparação anual.
O setor bancário também entregou dividendos recordes em 2023. Foram US$ 220 bilhões, contribuindo para metade do crescimento em relação a 2022, por cortesia dos juros mais elevados. Mas Lofthouse ressalta que os pagamentos do setor devem abrandar neste ano, com o eventual início dos cortes nas taxas dos EUA e da Europa.
Vale, Petro e bancos
A Vale (VALE3) juntou-se a suas pares, como a BHP, e promoveu um grande corte nos dividendos ao final de 2023: US$ 1,2 bilhão a menos na base anual. A expectativa de Lofthouse, de qualquer forma, é de que o setor de mineração já desacelerou o que tinha de desacelerar, e que não veremos quedas dessa proporção em 2024.
Para que isso aconteça, claro, é preciso combinar com a China, que compra 70% do minério que o resto do mundo dispõem para exportação.
No campo da energia, o gestor aponta que os preços devem permanecer firmes, sustentando os dividendos das empresas de petróleo.
Mas no caso da Petrobras é preciso combinar com o governo Lula – a Petroleira distribuiu US$ 10 bilhões menos em 2023 do que no ano anterior.
“Essas reduções mascararam o forte crescimento dos bancos brasileiros”, diz o gestor britânico”. O impacto dos cortes das grandes empresas garantiu que o Brasil fosse o país mais fraco no nosso índice global em 2023, com resultados reduzidos em dois quintos [40%]”.
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