Finanças

Ibovespa fecha semana em alta e dólar recua após dados de inflação

Percepção de melhora da inflação mostrada pelo IPCA-15 impulsiona indicador.

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O Ibovespa subiu nesta sexta-feira (26) e no acumulado da semana, após dados de desaceleração do IPCA-15, combinados com o avanço do novo marco fiscal, que validaram apostas de uma antecipação dos cortes na Selic pelo Banco Central (BC). Na direção contrária, o dólar encerrou a sessão e a semana em queda, com as negociações sobre a dívida dos Estados Unidos no radar.

No dia, o Ibovespa subiu 0,77%, aos 110.905 pontos. Na semana, o indicador teve alta de 0,15%. O dólar caiu 0,94%, a R$ 4,9881, nesta sessão. Na semana, a moeda norte-americana teve baixa de 0,14%.

No fim da tarde, a taxa do Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2024 estava em 13,175%, ante 13,186% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,435%, ante 11,477% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,895%, ante 10,939% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,94%, ante 10,994%.

Negociações para evitar calote nos EUA

Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora, chamou a atenção para notícias de que o presidente democrata, Joe Biden, e o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Kevin McCarthy, estariam mais próximos de um acordo para aumentar o teto da dívida de US$ 31,4 trilhões do governo dos Estados Unidos por dois anos, limitando os gastos em tudo, exceto militares e veteranos.

Os mercados financeiros têm reagido positivamente a quaisquer sinais de resolução desse impasse, uma vez que um calote dos EUA provavelmente espalharia ondas de choque por todo o mundo, minando a confiança e a atividade econômica.

De olho no Fed

Ainda do noticiário norte-americano, o mercado acompanhou nesta sexta a divulgação de dados mostrando alta maior do que a esperada do núcleo do índice de preços norte-americano (PCE), a medida de inflação que o Federal Reserve (Fed) acompanha mais de perto para definir sua política de juros.

Ao mesmo tempo, um relatório separado mostrou que os gastos do consumidor norte-americano aumentaram mais do que o esperado em abril, impulsionando as perspectivas de crescimento da economia para o segundo trimestre, o que também influencia nas expectativas de uma inflação mais persistente.

“Mais um conjunto de dados (consumo, renda e inflação) que não só reduzem a chance de um corte de juros pelo Fomc nesse ano, tese com baixo fundamento pelo mercado, mas principalmente aumenta a chance de novos aumentos”

Arthur Mota, da equipe de macro e estratégia do BTG Pactual

O Fed faz sua próxima reunião de política monetária nos dias 13 e 14 de junho, com as expectativas dos mercados amplamente divididas entre uma manutenção da taxa básica e um aumento de 0,25 ponto percentual nos custos dos empréstimos.

Quanto mais altos os juros nos Estados Unidos, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente de fluxos para o mercado de renda fixa norte-americano.

Cenário interno

No Brasil, investidores seguiram no aguardo de pistas sobre o rumo da taxa Selic, com um aumento das perspectivas de corte após a divulgação o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) no dia anterior.

No cenário político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou as mudanças aprovadas por comissão do Congresso Nacional na estrutura da administração do governo. Ele afirmou que o governo irá negociar com os parlamentares.

O Palácio do Planalto ainda tenta negociar no Congresso mudanças na medida provisória que retirou poderes dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas.

Lula convocou uma reunião com as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, além de líderes do governo no Congresso, para discutir o que pode ser feito daqui para frente sobre o tema.

Destaques da bolsa

Vale

A ação VALE3 subiu 2,28% após cinco quedas consecutivas, período em que acumulou uma perda de mais de 7%. A recuperação foi apoiada pela alta dos futuros do minério de ferro na Ásia, após uma semana negativa. O contrato mais líquido na Dalian Commodity Exchange, da China, encerrou as negociações diurnas com alta de 4%, a 709,50 iuanes.

Petrobras

Os papéis PETR3 e PETR4 tiveram alta de 1,66% e 1,32%, acompanhando os preços do petróleo no exterior. A companhia retomou pedido de licenciamento para perfuração em poço na Foz do Amazonas. Ainda no radar, o UBS BB elevou o preço-alvo das ações de 20 para 22 reais, mas manteve a recomendação de “venda”.

Aéreas e turismo

As ações de Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) se destacaram entre os maiores ganhos do Ibovespa (6,66% e 2,76%), refletindo movimentos de investidores adicionando papéis com beta mais elevado e sensíveis ao mercado doméstico em suas carteiras.

No setor de viagens, ação da CVC (CVCB3) disparou 11,19%, após fortes perdas nos últimos três pregões. A companhia elegeu Carlos Wollenweber como novo diretor financeiro.

Bolsas Globais

Wall Street

Os principais índices de Wall Street operam em alta nesta sexta-feira, impulsionados pelo progresso nas discussões sobre o aumento do teto da dívida dos Estados Unidos, apesar de dados terem apontado para uma inflação ligeiramente mais alta do que o esperado.

Às 11:56 (de Brasília), o índice S&P 500 ganhava 1,22%, a 4.201,96 pontos, enquanto o Dow Jones subia 1,07%, a 33.115,89 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite avançava 1,67%, a 12.909,92 pontos.

Europa

As ações europeias saltaram nesta sexta-feira com fortes ganhos nos papéis de tecnologia, embora o principal índice de referência tenha registrado queda semanal devido às crescentes preocupações com a desaceleração da economia global e incerteza em torno das negociações do teto da dívida nos Estados Unidos.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 1,15%, a 461,41 pontos, o maior ganho em um dia em quase dois meses, recuperando-se da mínima de oito semanas atingida na quinta-feira.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,74%, a 7.627,20 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 1,20%, a 15.983,97 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 1,24%, a 7.319,18 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 1,16%, a 26.713,40 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,82%, a 9.191,10 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,39%, a 5.866,03 pontos.

Ásia

As ações da China fecharam estáveis nesta sexta-feira, com foco nas tensões com os Estados Unidos, e apesar de uma recuperação das ações de semicondutores após o aumento do preço das ações da Nvidia.

Na semana, o índice CSI300 e Hang Seng, de Hong Kong caíram 2,4% e 3,6% respectivamente, ambos marcando o pior desempenho semanal em 10 semanas.

O Departamento de Estado dos EUA alertou na quinta-feira que a China é capaz de lançar ataques cibernéticos contra infraestrutura crítica, incluindo oleodutos e gasodutos e sistemas ferroviários, depois que pesquisadores descobriram que um grupo de hackers chinês estava espionando essas redes.

Enquanto isso, a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, e o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, trocaram farpas sobre políticas de comércio, investimento e exportação em conversas na quinta-feira, descritas pelo escritório de Raimondo como “sinceras e substanciais”.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,37%, a 30.916 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG não teve operações.
  • Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,35%, a 3.212 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,01%, a 3.850 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,16%, a 2.558 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 1,31%, a 16.505 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,01%, a 3.207 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,23%, a 7.154 pontos.

*Com informações da Reuters.

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