Finanças
Embraer salta mais de 25% e CSN lidera quedas em agosto; confira destaques
Companhia encontrou suporte na sua nova linha de negócios focada em ‘carros voadores’; queda do minério impactou commodities.
Agosto finalmente chegou ao fim, um mês complicado para o Ibovespa. Apesar dos resultados trimestrais considerados bons pelo mercado, pesaram no desempenho do índice as commodities e os ruídos políticos. O principal índice da B3 fechou agosto em queda de 2,48% aos 118.781 pontos.
Segundo Enrico Cozzolino, analista da Levante Investimentos, a correção nos preços do minério de ferro, bastante pressionados pela China, acabou impactando nas commodities que integram boa parte do Ibovespa. No entanto, a queda foi compensada pelo petróleo que se recuperou em agosto, fortalecendo a Petrobras e outras petrolíferas listadas.
Para Felipe Fernandes, chefe de análise da Flip Investimentos, o cenário político também impactou no desempenho do índice, com o desentendimento entre os três poderes criando um cenário de aversão ao risco.
Cozzolino cita no âmbito político a discussão da Lei de Orçamento Anual (LOA) cujo prazo para ser enviada conclui hoje e a dúvida do mercado sobre a PEC dos precatórios que poderiam quebrar o teto de gastos.
No cenário externo, o Federal Reserve (FED) eliminou o receio do mercado de iniciar uma redução de medidas da política monetária expansiva (tapering) antes de tempo e descartou a possibilidade de um aumento de juros. “Isso tranquilizou o mercado e fez com que o Ibovespa não tivesse um desempenho pior”, aponta Cozzolino.
O analista da Levante acredita que no mês de setembro, pegando como base os 118 mil pontos, o Ibovespa deve experimentar uma recuperação com tendência de alta no longo prazo. “Em um cenário positivo com correção de preços veríamos os 123 mil pontos no curto prazo”, defende.
Já Fernandes, da Flip Investimentos, enxerga que essa pressão da China com as commodities deve diminuir em setembro, gerando um movimento positivo para o setor na bolsa.
Contudo, ele destaca a lentidão da vacinação e a variante delta como empecilhos para a retomada do Brasil. “O estado de São Paulo confirmou a primeira morte pela variante delta hoje”, comenta.
Maiores altas
A maior alta do mês foi da Embraer (EMBR3), as ações da companhia valorizaram 25,98%. Segundo Cozzolino, da Levante Investimentos, a nova linha de negócios da aérea com a produção de ‘carros voadores’ acabou refletindo no preço da ação.
O analista cita que a companhia finalmente conseguiu reverter o prejuízo que teve desde 2018 e no segundo trimestre de 2021 mostrou uma importante virada, com lucro de R$ 212,8 milhões. “Os investidores gostaram muito desta nova linha de negócios que tende a aumentar bastante a receita da Embraer”, cita Cozzolino.
Ele também reforça que o presidente da companhia foi mais agressivo nas suas colocações de mercado e apontou que pretende dobrar o faturamento da empresa, o que acabou repercutindo também no preço da ação.
A segunda maior alta do mês foi da distribuidora CPFL Energia (CPFE3), os papéis subiram 14,69% no mês. Cozzolino cita que o projeto de lei 414, que debatia um novo marco regulatório para o setor, trouxe clareza para a função das distribuidoras e comercializadoras de energia.
“O setor de energia estava descontado e melhora após ter clareza no entendimento de gerenciamento de receitas e custos com este projeto de lei”, defende.
Além deste fator, o analista comenta que por se tratar de uma distribuidora, a companhia não sofre tanto os impactos da crise hídrica e tem se beneficiado com o aumento de preços das tarifas de luz nas últimas semanas.
Na terceira posição está a Braskem (BRKM5) que fechou agosto em alta de 14,27%. Segundo Cozzolino, a companhia foi favorecida pelo aumento de spread nos produtos petroquímicos em virtude da demanda do mercado.
O analista explica que isso tende a precificar um ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortizações) recorde para a companhia e a Braskem teria a possibilidade de reverter isso em dividendos, em consequência mais investidores se interessam pela ação.
Ele também menciona que algumas paradas operacionais em função de riscos climáticos ou manutenção de plataformas devem diminuir no curto prazo, impactando positivamente a receita.
Ainda entre as maiores altas a Cemig (CMIG4) valorizou 13,15% após reportar um lucro de R$ 1,94 bilhão no segundo trimestre, um salto de 80% na comparação anual. Cozzolino destaca que embora seja um lucro não recorrente, beneficiado pelo câmbio, este comprova que a companhia conseguiu superar o cenário de aversão na crise hídrica.
“Este é um bom momento para a Cemig ter caixa e capital para enfrentar um cenário setorial não muito favorável”, destaca. O analista reforça que por se tratar de uma distribuidora, a Cemig acaba sofrendo menos impacto do que as geradoras.
Veja as 10 maiores altas do mês de agosto*
Ação | Valorização agosto |
Embraer (EMBR3) | 25,98% |
CPFL Energia (CPFE3) | 14,69% |
Braskem (BRKM5) | 14,27% |
Cemig (CMIG4) | 13,15% |
Suzano (SUZB3) | 12,82% |
Totvs (TOTS3) | 12,22% |
Copel (CPLE6) | 11,76% |
Tim (TIMS3) | 10,07% |
EDP Energias (ENBR3) | 7,65% |
Klabin (KLBN11) | 7,56% |
*Fonte: Valor Pro
Maiores quedas
A maior queda do mês de agosto foi da CSN (CSNA3), as ações da companhia acumularam perdas de 23,35%. Segundo Felipe Fernandes, chefe de análise da Flip Investimentos, o papel sofreu alguns cortes de recomendação por parte de alguns bancos, mas o que mais pressionou a ação foi a queda do minério de ferro após restrições do governo chinês.
Nesta terça-feira (31), a tonelada de minério de ferro fechou cotada a US$ 153,67 no porto de Qingdão. “O controle das cotações no mercado futuro provocou limitações para as pessoas físicas negociarem no exterior e um cenário pessimista para a companhia”, aponta.
A segunda maior baixa de agosto foi da Via (VIIA3) que recuou 17,47%. Para Fernandes a companhia teve um resultado bom no segundo trimestre, dobrando praticamente seu lucro na comparação anual, somado as metas ambiciosas de dar crédito para desbancarizados, no entanto isso não foi suficiente para superar os impactos da retomada lenta da economia brasileira e os efeitos da variante delta da covid-19.
Na terceira posição, a Ultrapar (UGPA3) caiu 17,25%. A companhia teve prejuízo de R$ 18 milhões no segundo trimestre de 2021, revertendo lucro de R$ 50 milhões no mesmo período em 2020.
Fernandes aponta que com margens menores do que as concorrentes Vibra (BRDT3) e Cosan (CSAN3), a companhia acaba sendo pressionada pelo mercado, que optou por penalizar a ação.
Ainda entre as baixas, a Qualicorp (QUAL3) acumulou desvalorização de 17,01% em agosto. A empresa foi impactada pela perda dos clientes após repassar reajuste de preços por conta da inflação nos planos. Fernandes cita também a diminuição de margens da companhia em função dos gastos da Qualicorp com marketing, custo que é questionado pelo mercado e preocupa os investidores.
Veja as 10 maiores quedas do mês de agosto*
Ação | Queda |
CSN (CSNA3) | -23,35% |
Via (VIIA3) | -17,47% |
Ultrapar (UGPA3) | -17,25% |
Qualicorp (QUAL3) | -17,01% |
Iguatemi (IGTA3) | -16,26% |
Lojas Americanas (LAME4) | -15,94% |
Americanas SA (AMER3) | -15,76% |
Bradespar (BRAP4) | -14,62% |
Cielo (CIEL3) | -14,58% |
Cosan (CSAN3) | -13,7% |
*Fonte: Valor Pro
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