O gestor de hedge funds Greg Coffey está apostando que há espaço para o Banco Central do Brasil embarcar em um ciclo de flexibilização muito mais agressivo quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirem no próximo mês.
A gestora de Coffey, Kirkoswald Asset Management, que registrou retornos de dois dígitos nos últimos quatro anos, disse que o BC brasileiro estaria “totalmente correto” em cortar as taxas de juros em um ponto percentual na próxima reunião, de acordo com um trecho de uma carta a investidores obtida pela “Bloomberg”.
A “economia subjacente do país, a melhoria fiscal estrutural e, mais importante, a dinâmica da inflação, exigem muito mais do que” a redução de pouco mais de um quarto de ponto percentual (0,25 p.p.) que o mercado está precificando, escreveu Kirkoswald em carta, enviada aos investidores na sexta-feira (14).
Coffey ganhou destaque como um dos traders de melhor desempenho e mais bem pagos da GLG Partners, onde já administrou recursos de US$ 7 bilhões. Ele voltou a negociar em 2018 e lançou a Kirkoswald, que no ano passado teve um retorno de 19,4%.
A ligação de Kirkoswald sobre o Brasil segue a ata do mês passado da última reunião do banco central, na qual os formuladores de políticas liderados por Roberto Campos Neto disseram que o comitê viu a possibilidade do início de uma inflexão “parcimoniosa” nas taxas de juros – que atualmente estão no nível mais alto em seis anos.
“Roberto liderou o ciclo de alta quando o Fed gritou transitório e, sem dúvida, será o portador da tocha para os banqueiros centrais em todo o mundo se tornarem agressivos no ciclo de corte em agosto”, disse o fundo.
Os negociantes de taxa de swap do Brasil estão precificando que a taxa Selic de referência cairá cerca de 34 pontos base em agosto, enquanto as opções digitais negociadas na B3 também mostram traders mais confiantes de que o banco central escolherá a opção mais cautelosa e iniciará seu ciclo com um Redução de 25 pontos base.
Os dados de inflação foram surpreendentes para baixo e as perspectivas de crédito do Brasil foram impulsionadas pela S&P Global Ratings em junho em meio ao surgimento de um novo quadro fiscal. Nos últimos dias, as vendas no varejo e uma proxy para o produto interno bruto do país ficaram bem abaixo das expectativas.
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