O volume de remessa de dinheiro para compra de criptomoedas voltou a bater recorde dem outubro, segundo dados recentes divulgados pelo Banco Central. Segundo a nota do setor externo, deixaram o país US$ 15,02 bilhões nos dez primeiros meses do ano, já superando o resultado visto em todo o ano passado, que ficou em US$ 12,31 bilhões.
Apenas em outubro, os gastos de brasileiros com criptomoedas ficaram em US$ 1,22 bilhão, contra US$ 1,05 bilhão do mesmo período de 2023. Já os ingressos de recursos relativos às operações com as moedas digitais, que costumam ser bem baixos, foram de US$ 78 milhões no mês passado, ante US$ 55 milhões em igual período de 2023. Assim, o acumulado de 2024 até o momento atingiu US$ 949 milhões, também acima dos US$ 613 milhões exportados no ano passado.
Para o Banco Central, a compra de criptomoedas é contabilizada como remessas de dólares porque a maior parte das “exchanges” – as bolsas de negociação dessas moedas digitais – fica no exterior. Portanto, o investidor envia dinheiro para fora do país ao investir nesses ativos. Da mesma forma, as operações de venda de criptomoedas são contabilizadas como ingressos de dólares no país.
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O resultado líquido da conta de criptoativos somou déficit de US$ 1,14 bilhão em outubro, chegando a US$ 14,07 bilhões no acumulado do ano. Em 2023, o país registrou déficit de US$ 11,69 bilhões no segmento.
Stablecoins são as mais negociadas pelos brasileiros
Na mesma linha, o Brasil bateu outro recorde: o de volume de operações com criptomoedas declaradas à Receita Federal. Foram R$ 363,27 bilhões no ano até o fim de setembro, uma alta de 82% sobre os R$ 199,60 bilhões registrados no mesmo intervalo de 2023.
O dado de setembro, último disponível, também foi histórico: R$ 115,76 bilhões, uma alta de 306% em relação a agosto, quando o volume foi de R$ 28,46 bilhões, e o maior resultado desde que os dados começaram a ser contabilizados pela Receita, em agosto de 2019.
E algo comum que foi reforçado nos números recentes é a dominância de operações realizadas com stablecoins, criptomoedas lastreadas em algum outro ativo, sendo o mais comum o dólar. Essas moedas digitais são muito usadas para operações transfronteiriças em dólar, já que possuem o mesmo valor da moeda americana, mas têm menos burocracias e taxas de operações, tornando as transferências mais rápidas.
A mais usada pelos investidores é, de longe, a Tether (UDST), sendo que apenas em setembro foram declarados R$ 16,6 bilhões em operações com a moeda. A segunda maior stablecoin do mercado, a USDC da Circle, teve um volume de R$ 1,3 bilhão.
O volume com Tether é mais de cinco vezes o registrado com a maior criptomoeda do mundo, o Bitcoin (BTC), que teve negociações de R$ 3,1 bilhões em setembro. O Ethereum (ETH), por sua vez, registrou um volume de R$ 884,8 milhões no mesmo mês.
Chamam atenção ainda na lista de mais negociadas outras duas stablecoins. A BUSD, emitida pela Paxos, que também é lastreada no dólar, registrou R$ 449,5 milhões em transações, enquanto a BRZ, uma stablecoin lastreada no real, ficou com R$ 316,1 milhões.
Segundo o relatório de dados abertos sobre criptoativos, o resultado mensal foi puxado pelo forte volume de operações sem uso de exchanges, que chegou a R$ 97,15 bilhões em setembro, enquanto operações com uso de corretoras somaram R$ 2,66 bilhões. Os outros R$ 15,9 bilhões vieram das próprias exchanges.
Apesar dessa forte alta, o número de CPFs e CNPJs que declararam ter feito operações com criptomoedas caiu, uma tendência vista desde o início deste ano. Em janeiro, eram 8,9 milhões de CPFs e 403,2 mil CNPJs, números que caíram para 4,4 milhões e 16,5 mil, respectivamente.
A Receita Federal ficou mais de um ano sem publicar os dados abertos sobre as declarações de criptoativos, tendo suspendido a divulgação antes dos dados de agosto de 2023 e retomando apenas no mês passado.
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