Finanças

Ibovespa cai 1,91%, puxado por bolsas americanas e indicadores econômicos fracos

Dólar sobe com Tesouro Americano reforçando proteção a sua moeda

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O Ibovespa, principal índice da B3, inverteu seu ritmo de alta nesta quinta-feira (23). A bolsa de valores fechou em queda de 1,91% aos 102.293 pontos. O índice seguiu o ritmo das bolsas americanas, que também caíram, puxadas pelo desempenho das empresas de tecnologia Apple e Microsoft. Os índices Dow Jones e o Nasdaq caíram 1,31% e 2,29%, respectivamente. Enquanto, o S&P 500 recuou 1,23%.

Pesaram também no Ibovespa os indicadores macroeconômicos dos EUA que deixaram a desejar. Os pedidos de desemprego aumentaram, na semana passada foram 1,416 milhão de solicitações enquanto a expectativa dos economistas era de apenas 1,3 milhão de pedidos.

Os pedidos da semana anterior foram ligeiramente revisados para cima, de 1,3 milhão para 1,307 milhão. Já o número de pedidos continuados teve queda de 1,107 milhão na semana encerrada em 11 de julho, a 16,197 milhões. Esse indicador é divulgado com uma semana de atraso.

Outro fator que desmotivou os investidores foram as negociações de um pacote de estímulos econômicos nos EUA, semelhante ao aprovado na União Europeia, que avança a passo de tartaruga.

Ainda para completar o cenário de pessimismo, a rixa entre EUA e China só piora e ganhou um novo capítulo ontem quando os Estados Unidos ordenaram o fechamento abrupto do consulado chinês em Houston (Texas) para proteger a “propriedade intelectual americana”. Tudo indica que a troca de farpas continue até as eleições americanas.

No Brasil, o coronavírus nos puxa novamente para a realidade. O número de infectados pela Covid-19 bateu o recorde de 24 horas, chegando a 65.339 casos. Já as mortes subiram ao patamar de 1293 por dia.

O dólar voltou a subir no meio da incerteza e com anúncio do secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin que apontou que os EUA vão proteger sua moeda, que é considerada reserva mundial. O dólar comercial fechou em alta de 1,938%, cotado a R$ 5,2134. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$5,2137.

Destaques da Bolsa

Entre os destaques do dia estão as ações da Oi. As ordinárias (OIBR3) fecharam em alta de 19,40%, enquanto as preferenciais (OIBR4) subiram 7,69%.

A companhia disparou com a notícia de que a companhia americana Highline apresentou a melhor oferta vinculante para adquirir a Oi Móvel.

Com a oferta da Highline, a Oi celebrou com a empresa um acordo de exclusividade para dar continuidade às negociações pelo ativo. De acordo com a tele, o acordo tem validade até 3 de agosto, mas pode ser prorrogado através de acerto entre as partes. Vale lembrar que, na madrugada de sábado, Claro, TIM e Telefônica Brasil haviam se unido em uma oferta para adquirir o serviço.

Entre as maiores altas do dia também avançaram companhias com receita dolarizadas, entre estas Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) que fecharam em alta de 3,14% e 0,99%, respectivamente.

Nas maiores quedas do dia, estava também o setor de telecom seguindo a notícia da Highline e a Oi. As ações da Tim (TIMP3) recuaram 8,43%. Enquanto, os papéis da Vivo (VIVT4) caíram 3,73%.

Outra companhia que teve queda foi a Via Varejo (VVAR3) que recuou 7%, ainda oscilando entre crescimento expressivo e o assunto mal resolvido com a CVM.

Caiu também a Petrobras, com as preferenciais PETR4 fechando em queda de 2,08% e as ordinárias PETR3 recuando 1,16%. A companhia aprovou o pagamento de dividendos no valor de R$ 1,7 bilhão para ações ordinárias (ou R$ 0,0233649 por ação) e R$ 2,5 milhões para ações preferenciais em circulação (ou R$ 0,000449 por ação).

Bolsas americanas

Uma série de fatores levou as bolsas de Nova York a fechar o pregão desta quinta-feira, 23, em queda. Enquanto os investidores monitoram os impasses nas negociações para o próximo pacote de estímulos nos Estados Unidos, o primeiro aumento nos pedidos de auxílio-desemprego no país impulsionou a incerteza sobre a retomada econômica. Além disso, relatos de investigações contra a Apple e a confirmação de audiências antitruste sobre empresas do setor de tecnologia pressionaram o Nasdaq.

O índice acionário Dow Jones recuou 1,31%, a 26.652,33 pontos, o S&P 500 caiu 1,23%, a 3.235,66 pontos, e o Nasdaq registrou baixa de 2,29%, a 10.461,42 pontos.

“A mensagem geral é de que uma economia capaz de se recuperar bem está paralisada devido a problemas de saúde”, escreveu no Twitter o economista Mohamed A. El-Erian, consultor econômico da Allianz. O comentário veio após o Departamento do Comércio americano informar que os pedidos de auxílio desemprego subiram 109 mil na semana, a 1,416 milhão. Foi a primeira alta em quase quatro meses.

Para o analista de mercado Joe Manimbo, do Western Union, o indicador oferece mais evidências de moderação no ritmo de retomada da maior economia do mundo. Economista-chefe do MUFG Union Bank, Chris Hupkey ressalta que a demanda, essencial para a saída da crise, não voltará “se o país não conseguir encontrar trabalho para os quase 32 milhões de americanos desempregados que recebem benefícios públicos”.

À tarde, o clima no mercado piorou, após o site Axios informar que vários estados americanos estão investigando a Apple por supostamente “enganar” consumidores. Segundo o site, o procurador-geral do Texas pode processar a empresa. Além disso, um comitê da Câmara dos Representantes confirmou para a próxima segunda-feira, 27, audiências de um painel antitruste que ouvirá executivos de Amazon, Apple, Google e Facebook.

No S&P 500, o subíndice do setor de tecnologia liderou as perdas (-2,36%). As ações da Apple recuaram 4,55%, as da Amazon cederam 3,66% e as do Facebook caíram 3,03%. Os papéis da Microsoft, que divulgou balanço após o fechamento do mercado ontem, perderam 4,35%.

Entre outras empresas que informaram resultados corporativos, Twitter subiu 4,06%, AT&T recuou 0,86%, Whirlpool ganhou 7,99% e American Airlines avançou 3,70%.

Em Washington, continuam as negociações para o novo pacote de estímulos do governo. Secretário do Tesouro, Steven Mnuchin disse hoje que o projeto não incluirá um corte nos impostos sobre a folha de pagamento.

*Com Estadão Conteúdo

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