Finanças
Ibovespa fecha quase estável, mas abaixo de 130 mil pontos; dólar sobe
Investidores criam expectativas sobre a próxima reunião do Copom.
O Ibovespa, principal índice da B3, fechou quase estável nesta quarta-feira (9). Já o dólar ganhou força, com os investidores digerindo dados nacionais sobre a inflação em meio a expectativas sobre a próxima reunião de política monetária do Banco Central.
O Ibovespa subiu 0,09%, aos 129.907 pontos. Veja a cotação do Ibovespa hoje.. Já o dólar subiu 0,67%, comercializado a R$ 5,0687.
Para Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos, a mudança na direção do dólar desta quarta-feira é “um movimento técnico de compra devido à forte desvalorização do dólar nas últimas semanas“. “A moeda caiu muito e já está se aproximando do patamar psicológico de R$ 5. (…) Não há motivos para esperar mais desvalorização ainda, então os investidores estão aproveitando para comprar dólar.”
Entre os fatores que têm ajudado a moeda brasileira nas últimas semanas, vários especialistas apontam para a expectativa de juros domésticos mais altos, que foi reforçada nesta quarta-feira pelos sinais de aceleração da inflação.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,83% em maio, após alta de 0,31% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. Esse é o resultado mais forte para maio desde 1996 (1,22%). Com isso, o índice acumulado em 12 meses disparou a 8,06%, de 6,76% em abril. A expectativa era de alta de 7,93%.
O resultado do IPCA voltou as atenções do mercado ao Comitê de Política Monetária (Copom), com dúvidas se o ritmo de aumento da Selic será mantido ou acelerado.
“A Selic deve ficar, no mínimo, no mesmo nível da inflação. O mercado já precifica esse movimento. Portanto, qualquer coisa diferente seria prejudicial ao processo de ancoragem de expectativas”, comentou em nota o diretor de Investimentos do Paraná Banco, André Malucelli.
“As expectativas de inflação tanto para 2021 quando para 2022 já vinham subindo, enquanto a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) também cresceu bastante, principalmente para 2021″, disse à Reuters Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank.
Em meio aos números do IPCA, Weigt acredita “que o BC, na semana que vem, vai retirar de sua comunicação a frase sobre um ‘ajuste parcial'”. O termo “normalização parcial”, adotado pelo BC, indica a intenção de ainda se manter um estímulo à economia, com os juros mais altos mas abaixo do patamar considerado neutro.
Cenário externo
Além de atentos aos juros domésticos, analistas do Bradesco disseram em nota que os investidores estão à espera de dados da inflação norte-americana que serão divulgados na quinta-feira. Com a aproximação da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que também se encerra na quarta-feira que vem, os agentes dos mercados ficarão de olho em qualquer sinal de superaquecimento da economia dos EUA, a maior do mundo.
Embora várias autoridades do Fed tenham afirmado repetidas vezes que enxergam as pressões inflacionárias nos Estados Unidos como temporárias, o que justifica a manutenção de sua política monetária expansionista, outras já começaram a reconhecer que estão mais próximas de um debate sobre quando retirar parte de seu nível de apoio à economia.
Weigt, do Travelex, trabalha com um cenário de manutenção da política monetária nos EUA. “Acho que o Fed não vai fazer nenhum movimento nem adotar uma mudança do discurso. Não acho que teremos grandes surpresas lá fora.”
Segundo especialistas, a manutenção da postura expansionista do Federal Reserve tende a beneficiar ativos de países emergentes, uma vez que os investidores estrangeiros vão buscar rendimentos mais altos fora dos Estados Unidos.
Destaques da bolsa
B3 (B3SA3) subiu 0,43%, em meio a receios de competição no setor. A empresa de tesouraria digital Mark 2 Market (M2M) recebeu na terça-feira licença da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuar como Central Depositária de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
Petrobras ganhou 0,34% na ação ordinária (PETR3), apoiada na alta do petróleo no exterior. O órgão brasileiro de defesa da concorrência (Cade) aprovou a venda da refinaria RLAM. A empresa ainda disse que oferta de recompra de títulos envolverá mais de 2 bilhões de dólares.
Vale (VALE3) teve elevação de 2,07%, favorecida pela forte alta dos futuros do minério de ferro nesta quarta-feira, com o contrato de referência na bolsa chinesa de Dalian chegando a subir 5,4% após três dias de baixa.
Gol (GOLL4) subiu 0,92%, após anunciar acordo para a aquisição da MAP Transportes Aéreos por 28 milhões de reais em dinheiro e ações.
Eletrobras (ELET6) subiu 0,11%, em meio a expectativas relacionadas à privatização da companhia. O relator da MP que trata do tema no Senado afirmou que se comprometeu com o governo federal a apresentar seu parecer nesta semana e que espera votá-lo no máximo até o início da próxima.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os mercados acionários em Wall Street encerraram em queda uma sessão de sobe e desce, enquanto agentes do mercado aguardavam dados inflacionários.
- O índice Dow Jones caiu 0,44%, para 34.447,14 pontos
- S&P 500 perdeu 0,18%, aos 4.219,55 pontos
- Nasdaq recuou 0,09%, para 13.911,75 pontos
Europa
As ações europeias permaneceram perto de máximas recordes nesta quarta-feira, com investidores evitando fazer grandes apostas antes da decisão do Banco Central Europeu (BCE) e dos dados de inflação dos Estados Unidos nesta semana.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,20%, a 7.081 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,38%, a 15.581 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,19%, a 6.563 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,26%, a 25.741 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,03%, a 9.156 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,02%, a 5.113 pontos.
Ásia e Pacífico
As ações da China fecharam em alta, impulsionadas por empresas de carvão e recursos básicos, com os investidores reagindo a dados que mostraram a maior alta anual dos preços ao produtor em maio em mais de 12 anos, indicando sinais de recuperação econômica global.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,35%, a 28.860 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,13%, a 28.742 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,32%, a 3.591 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,08%, a 5.236 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,97%, a 3.216 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,64%, a 16.966 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,43%, a 3.153 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,31%, a 7.270 pontos.
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(*Com informações de Reuters)