Finanças
Ibovespa fecha abaixo de 105 mil pontos no 1º pregão de março; dólar recua
Pregão foi marcado por repercussão de imposto sobre combustíveis e dados da China.
O Ibovespa e o dólar fecharam em queda nesta quarta-feira (1º), primeiro pregão de março. No cenário externo, o mercado repercutiu a divulgação de dados positivos de fabricantes da China, enquanto internamente as atenções continuaram à volta parcial da taxa de combustíveis e críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao Banco Central.
No fechamento, o Ibovespa registrou queda de 0,52%, aos 104.385 pontos. Já o dólar recuou 0,62%, sendo negociado a R$ 5,1926.
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Cenário interno
A valorização do real foi limitada pela permanência de algum desconforto de investidores com o cenário doméstico, mesmo depois que o governo anunciou na véspera uma reoneração de gasolina e etanol.
A volta dos tributos, embora fosse vista como uma vitória de Haddad em seu esforço para reduzir o déficit fiscal do ano, desagradou alguns participantes do mercado pelo fato de a compensação ser apenas parcial, nos primeiros quatro meses, por uma taxação das exportações de petróleo, além da redução nos preços da gasolina e do diesel pela Petrobras.
Segundo agentes financeiros, Haddad também impactou o sentimento local ao dizer que o Banco Central deveria reagir às últimas medidas fiscais com cortes de juros, reforçando as críticas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva ao patamar da taxa Selic, atualmente em 13, 75% ao ano.
No mês passado, o dólar saltou quase 3% frente ao real, em parte impulsionado pelos ataques da atual gestão à condução da política monetária.
Dados da China
No cenário externo, dados do Índice de Gerentes de Compras (PMI) mostraram nesta quarta que a atividade manufatureira da China expandiu no ritmo mais rápido em mais de uma década em fevereiro, superando expectativas após o fim das diversas medidas de isolamento social contra a covid-19.
Na esteira dos dados, que se afastam temores sobre uma recessão global, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes caía pela manhã. Ao mesmo tempo, várias divisas de países expostos à demanda da China – como Austrália, África do Sul, México e Chile – avançavam frente à moeda norte-americana, movimento que contaminava o Brasil.
Destaques da B3
Hapvida
A ação da Hapvida (HAPV3) despencou mais de 30%, fechando a R$ 3,02, enquanto o mercado repercute a divulgação do balanço do 4º trimestre de 2022 da empresa.
Na noite de terça, a empresa anunciou que registrou queda de 56,1% no lucro líquido ajustado no quarto trimestre de 2022 ante mesmo período do ano anterior, em meio a maiores despesas e taxa de sinistralidade.
A companhia teve lucro líquido ajustado de R$ 161,4 milhões. Sem ajustes por amortização de marcas e patentes e carteiras de clientes, bem como relacionados a incentivos de longo prazo a executivos, a empresa teve prejuízo de R$ 316,7 milhões, revertendo lucro de R$ 200,2 milhões um ano antes.
Especialistas do Itaú BBA destacaram que “os resultados do 4T22 da Hapvida mostraram tendências consideravelmente piores do que o esperado, principalmente
para rentabilidade”.
BRF
A BRF (BRFS3) disparou 5,36%, após uma abertura volátil, com o foco voltado para o plano da companhia de vender até R$ 4 bilhões em ativos não essenciais este ano. A notícia ofuscava o prejuízo de R$ 601 milhões nos últimos três meses de 2022, acima do previsto por analistas, no quarto trimestre consecutivo de perda da empresa, que é a maior exportadora de frango do Brasil.
Petroleiras
3R Petroleum (RRRP3) e PetroRio (PRIO3) caíram mais de 10% e 0,95%, respectivamente, ainda afetadas pelo anúncio da véspera sobre uma taxação das exportações de petróleo por um prazo de quatro meses, a fim de recuperar arrecadação federal neste ano. Na véspera, os papéis fecharam com quedas de ao redor de 7% e 9%, respectivamente, ampliando as perdas no final do pregão quando a medida foi anunciada.
Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 0,24% nas preferenciais e não teve variação nas ordinárias, antes da divulgação do balanço do quarto trimestre após o fechamento do mercado, com agentes financeiros na expectativa principalmente de decisões da estatal sobre dividendos.
Mais cedo, os papéis também foram afetados pela decisão de tributar a exportação de petróleo, assim como percepção de aumento nos riscos envolvendo a tese de investimento nas ações da petrolífera, principalmente após a empresa cortar os preços da gasolina e do diesel em meio a negociações com o governo para compensar parte dos efeitos na inflação com a reoneração de tributos federais nos combustíveis. O governo também pediu à companhia a suspensão de venda de ativos por 90 dias.
Vale
A mineradora Vale (VALE3) subiu mais de 4%, em sessão positiva para ações de mineração e siderurgia. Os contratos futuros de minério de ferro subiram cerca de 2% nesta quarta-feira, com dados de atividade manufatureira da China melhores do que o esperado aumentando as esperanças de uma recuperação da demanda no maior produtor de aço do mundo.
Gerdau
A Gerdau (GGBR4) teve elevação de 3,11%, mesmo após queda de 61,7% no lucro líquido ajustado no quarto trimestre do ano passado. A empresa anunciou dividendos e bonificações em ações aos acionistas.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil (BBAS3) recuou acima de 3%, em meio a preocupações com riscos regulatórios, além de perspectivas sobre deterioração na qualidade dos ativos no setor, com alta de inadimplência em meio a uma economia mais fraca.
Analistas do Bradesco BBI cortaram a recomendação de BB e Itaú Unibanco para “neutra”, bem como a de Santander Brasil para “underperform”, além de reduzirem os respectivos preços-alvos.
Iguatemi
A ação de Iguatemi (IGTI11) recuou 4,71%, mesmo após reportar lucro líquido ajustado de R$ 122,9 milhões, acima das previsões, enquanto projetou um crescimento de receita com segmento de shoppings de 13% a 18% neste ano.
“A Iguatemi reportou bons resultados, apresentando mais uma vez resultados operacionais e financeiros positivos”, afirmaram analistas do Credit Suisse.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os principais índices de Wall Street abriram em baixa nesta quarta-feira, com os rendimentos dos Treasuries subindo com as apostas de mais aumentos de juros pelo Federal Reserve (Fed) que compensaram o otimismo dos fortes dados de manufatura da China.
O Dow Jones estava estável na abertura em 32.656,37 pontos. O S&P 500 abriu em queda de 0,17%, a 3.963,34 pontos, enquanto o Nasdaq Composite caía 0,07%, para 11.447,58 pontos na abertura.
Europa
Uma queda nas ações do banco francês BNP Paribas pesou sobre o índice pan-europeu STOXX 600 nesta quarta-feira, enquanto mineradoras e empresas de luxo expostas à China limitaram as perdas depois que fortes dados econômicos do país acalmaram os temores de uma desaceleração econômica.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,74%, a 457,68 pontos, depois de subir até 0,4% mais cedo.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,49%, a 7.914,93 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,39%, a 15.305,02 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,46%, a 7.234,25 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,59%, a 27.315,08 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,76%, a 9.322,90 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 1,44%, a 5.969,73 pontos.
Ásia e Pacífico
As ações de Hong Kong tiveram nesta quarta-feira seu melhor pregão em quase três meses, enquanto as ações da China também dispararam, repercutindo os dados da atividade manufatureira do país.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,26%, a 27.516,53 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 4,21%, a 20,619 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 1,00%, a 3.312 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 1,41%, a 4,126 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,61%, a 15,598 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,23%, a 3,255 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,09%, a 7,251 pontos.
*Com informações da Reuters.
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