Finanças

Ibovespa dispara mais de 4% e dólar fecha em R$ 5

Dados de inflação mais fracos levantaram expectativas por corte da Selic.

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O Ibovespa disparou mais de 4% nesta terça-feira (11), fechando na máxima em cerca de um mês, embalado pela desaceleração mais forte do que a esperada da inflação no Brasil em março, mas também pela alta de commodities como o petróleo e o minério de ferro no exterior. O dólar, por sua vez, fechou em queda frente ao real.

No dia, o Ibovespa subiu 4,29%, aos 106.213 pontos. O dólar caiu 1,17%, comercializado a R$ 5,0067, após chegar a R$ 4,9894 na mínima do dia. A última vez que o dólar ficou abaixo de R$ 5 durante o pregão foi no dia 2 de fevereiro, quando chegou a cair a R$ 4,9358 na mínima do dia.

O movimento atinge também os juros futuros, com queda da curva nesta terça. Veja abaixo:

Curva de juros em 11 de abril de 2023 (Imagem: Reprodução/Valor Pro).

IPCA abaixo do esperado

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,71% em março, abaixo do esperado, após alta de 0,84% no mês anterior, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, a inflação acumula alta de 2,09% e, nos últimos 12 meses, de 4,65%.

Apesar da desaceleração em março, o índice sofreu o maior impacto com a alta da gasolina, que subiu 8,33% no período. Após o grupo de Transportes, os grupos de Saúde e cuidados pessoais (0,82%) e Habitação (0,57%) registraram os maiores aumentos.

“De forma geral, acreditamos que a inflação veio dentro do esperado e deu alguns sinais positivos”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, destacando a possibilidade de o Banco Central iniciar o ciclo de cortes da Selic, taxa básica de juros.

“Esse dado pode ajudar positivamente o cenário do Banco Central e, caso os dados continuem nessa tendência até a próxima reunião do Copom, a autoridade monetária poderá começar a discutir um afrouxamento da política monetária.”

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Na mesma linha, Lucas Lima, analista da VG Research, diz que, “com o resultado melhor que o esperado da inflação e o arcabouço fiscal encaminhado, o Banco Central brasileiro tem espaço para começar a reduzir juros de forma mais relevante ainda este ano, o que é positivo principalmente para ações do setor doméstico”.

Bruno Mori, economista e sócio fundador da Sarfin, diz que a reação do mercado aos dados de inflação foi positiva e trouxe otimismo para as expectativas, “especialmente em função da desvalorização do dólar”. “A cotação um pouco mais baixa nas últimas semanas traz uma expectativa benigna para a trajetória da inflação ao consumidor.”

Otimismo do mercado

Além da inflação abaixo do esperado, especialistas apontam outros fatores que puxaram o mercado brasileiro nesta terça. Segundo Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, esse movimento se deve a “notícias positivas vindas do novo arcabouço fiscal, somadas a um “forte fluxo de entrada de recursos” pela conta comercial de dólares do país em meio à perspectiva de safras recordes.

Na segunda, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo já fechou pendências que faltavam ser definidas no novo arcabouço fiscal, e que técnicos vão redigir a proposta final da âncora com base nas decisões políticas tomadas. A regra, que impede que os gastos federais cresçam mais do que a arrecadação, foi, no geral, bem recebida pelos mercados financeiros.

Ao mesmo tempo “o mercado está refletindo um exterior ameno“, acrescentou Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital. “Bolsas lá fora estão dando fôlego para o Ibovespa aqui e… a maioria das moedas ligadas a commodities está performando bem hoje.”

Bergallo disse ainda que “o cenário político local segue sem ruídos há um bom tempo, o que certamente ajudou o real e nos permitiu surfar um pouco na inclinação a risco vinda do exterior, acomodando o dólar perto dos R$ 5″.

Leandro Petrokas, Diretor de Research e sócio da Quantzed, acrescenta que, além das bolsas internacionais majoritariamente em alta no dia e investidores otimistas com o aperfeiçoamento do texto sobre o arcabouço fiscal, as “empresas do setor de commodities estão impulsionando Ibovespa para cima com altas de petróleo e minério”.

Inflação e juros nos EUA

Enquanto isso, do cenário externo, todos os olhos estiveram voltados para dados de inflação nos Estados Unidos que devem ser divulgados na quarta-feira (12). Qualquer número forte deve alimentar apostas de que o Federal Reserve (Fed) continuará elevando os juros em sua próxima reunião de política monetária, no início de maio.

Atualmente, os mercados futuros já precificam cerca de 70% de chance de o Fed subir sua taxa básica em 0,25 ponto percentual.

Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente de redirecionamentos de recursos para o mercado de renda fixa norte-americano.

Por outro lado, com a taxa Selic ainda em 13,75%, o Brasil segue oferecendo uma rentabilidade muito atraente para agentes financeiros externos, o que tem sustentado o real nas últimas semanas.

O Citi disse em relatório desta terça-feira que é provável que os mercados globais operem em “modo de realização de lucros” antes dos dados de inflação dos EUA, mas reafirmou seu otimismo em relação a moedas latino americanas de alto retorno – o que inclui o real.

Destaques da bolsa

No dia, apenas duas ações do Ibovespa encerraram em baixa. Taesa (TAEE11) caiu 0,03% e Minerva (BEEF3) 1,29%. Todas as demais subiam. Veja abaixo as maiores altas do indicador:

AtivoPercentual de alta (%)Preço (R$)
BRFS39,566,76
CYRE39,6415,24
EZTC39,8114,22
YDUQ310,067,99
COGN311,31,97
CVCB311,623,17
HAPV312,772,65
MGLU312,843,78
AZUL413,8112,28
GOLL417,137,11

Bolsas mundiais

Wall Street

As ações de Wall Street terminaram com resultados mistos nesta terça-feira, e perderam força na reta final da sessão conforme investidores aguardavam dados cruciais de inflação nos Estados Unidos e o início não oficial da temporada de balanços corporativos do primeiro trimestre.

O índice Dow Jones fechou no território positivo depois que setores economicamente sensíveis, como os de industriais, materiais e transportes, forneceram um impulso. O índice S&P 500 encerrou praticamente inalterado e o índice de tecnologia Nasdaq terminou em baixa.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 fechou estável, a 4,109.14 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuou 0.43%, a 12,032.44 pontos. O Dow Jones teve alta de 0.30%, para 33,686.64 pontos.

Europa

O índice pan-europeu STOXX 600 atingiu uma máxima em um mês nesta terça-feira, impulsionado pelas ações de mineradoras, em um início positivo para uma semana repleta de dados econômicos.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,57%, a 7.785,72 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,37%, a 15.655,17 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,89%, a 7.390,28 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 1,15%, a 27.525,51 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,80%, a 9.237,70 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,29%, a 6.136,36 pontos.

Ásia

As ações chinesas caíram na terça-feira, depois que dados mostraram que o crescimento dos preços ao consumidor na China em março foi o mais lento desde setembro de 2021, enquanto as ações em Hong Kong subiam.

A inflação ao consumidor da China atingiu uma mínima em 18 meses e a queda nos preços ao produtor acelerou em março, uma vez que a demanda permaneceu persistentemente fraca, reforçando o argumento para que as autoridades tomem mais medidas para sustentar a recuperação econômica.

A inflação da China em março indica que a segunda maior economia do mundo está em processo de desinflação, disseram analistas.

A pressão desinflacionária refletiu a lenta recuperação da demanda em meio a à reabertura econômica e uma cadeia de oferta robusta, disseram analistas do Mizuho em nota.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 1,05%, a 27.923 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,76%, a 20.485 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,05%, a 3.313 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,11%, a 4.100 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 1,42%, a 2.547 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,24%, a 15.913 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,10%, a 3.297 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 1,26%, a 7.309 pontos.

*Com informações da Reuters.

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