Finanças
Ibovespa fecha em queda e dólar sobe, à espera de Copom e discurso de Powell
De olhos nos juros no Brasil e EUA, mercado também repercutiu tímido corte de taxas na China.
O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (20), enquanto o dólar registrou alta frente ao real, com o foco seguindo sobre a política monetária após um tímido corte de taxas na China e antes da decisão de juros do Banco Central do Brasil e de depoimento do chefe do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.
O Ibovespa caiu 0,20%, aos 119.622 pontos. Já o dólar subiu 0,42%, a R$ 4,7953.
- Cotação do dólar hoje
- Cotação do Ibovespa hoje
- Cotação de criptomoedas hoje
Os leves ganhos do dólar foram atribuídos em parte a movimento de ajuste, depois que a moeda norte-americana encerrou a última sessão no menor valor desde maio de 2022.
Juros na China
A recuperação do dólar também esteve em linha com o exterior, onde a moeda subiu contra várias divisas emergentes ou sensíveis às commodities, depois que a China frustrou os mercados com um corte de juros menos intenso do que o esperado.
O banco central da segunda maior economia do mundo baixou suas taxas referenciais de empréstimo (LPR, na sigla em inglês) de um ano e cinco anos em 10 pontos-base cada, a primeira redução em dez meses, à medida que as autoridades buscam sustentar uma recuperação em desaceleração. Entretanto, muitos esperavam um corte maior na LPR de cinco anos, na qual as taxas de hipoteca são baseadas.
“Essa flexibilização marginal provavelmente ajudará a evitar que o crescimento desacelere acentuadamente, mas é improvável que ofereça um forte impulso para reverter a queda do crescimento no futuro próximo”, disseram analistas do BofA global research em nota.
De olho no Fed
O mercado ainda seguiu na expectativa pelo depoimento de Powell ao Congresso norte-americano na quarta e na quinta desta semana, depois que comentários recentes mais duros do que o esperado de seus colegas do Fed reduziram esperanças de que o banco central estaria próximo de encerrar seu ciclo de aperto monetário.
“O mau-humor externo e a decepção com China podem limitar o otimismo local”, disse o Banco Inter em nota a clientes nesta terça-feira.
À espera do Copom
No Brasil, o Banco Central iniciou nesta terça sua reunião de política monetária, com ampla expectativa de que a Selic será mantida em 13,75% ao anunciar a decisão na quarta. Os investidores buscarão no comunicado pistas sobre a trajetória futura em um momento de visão positiva sobre o Brasil, com chances de a autarquia iniciar um ciclo de afrouxamento dos juros já em agosto.
Queda da Selic pode prejudicar o real?
Embora a moeda brasileira tenda a se beneficiar de juros mais altos, boa parte do mercado acredita que, ainda que o Banco Central comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de arrefecimento da inflação. Isso, por sua vez, tem ajudado a derrubar o dólar para os patamares mais baixos em mais de um ano, bem como uma descompressão de receios fiscais.
O salto recente do real também tem sido atribuído ao desempenho surpreendentemente forte do setor agropecuário na primeira metade deste ano, que, segundo especialistas, tem alimentado o fluxo comercial para o país.
“Não há precedentes para a transformação da balança comercial do Brasil em superavitária. Também não é o caso de essa mudança ser devida a uma colheita ‘sortuda’. Afinal, isso esteve em andamento pela última década. O real se tornará a moeda âncora para a América Latina”, escreveu Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), que há tempos enxerga o valor “justo” do real – condizente com os fundamentos do Brasil- como R$ 4,50 por dólar.
Bolsas mundiais
Wall Street
Em Wall Street, o S&P 500 caiu 0,47% na volta do fim de semana prolongado por feriado nos Estados Unidos na segunda-feira, em meio a expectativas para o discurso do chair do Federal Reserve nesta semana, conforme agentes seguem calibrando apostas para os próximos passos do BC norte-americano.
Ásia e Pacífico
As ações da China e de Hong Kong caíram nesta terça-feira, pressionadas pelos setores imobiliário e de tecnologia depois que o país cortou as taxas de juros de referência menos do que o esperado.
O mercado também ficou desapontado com a falta de avanços durante uma rara visita a Pequim do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. Na visita, a China e os Estados Unidos concordaram apenas em tentar estabilizar sua intensa rivalidade para evitar um conflito.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,06%, a 33.388 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,54%, a 19.607 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,47%, a 3.240 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,17%, a 3.924 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,18%, a 2.604 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,52%, a 17.184 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,65%, a 3.220 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,86%, a 7.357 pontos.
(* com informações da Reuters)
Veja também
- Na contramão dos EUA, Ibovespa recua após vitória do Trump
- A bolsa tinha tudo para decolar em 2024, mas a Selic estragou a festa
- Embraer sobe 715% em 4 anos, quase tanto quanto a Nvidia. Entenda as razões
- Ibovespa recua 1,27%, a 125,8 mil pontos; dólar cai 0,44%
- Dólar fecha a R$5,736, alta de 1,43%; Ibovespa cai 0,2%