Finanças
Ibovespa fecha aos 102 mil pontos com ‘efeito Guedes’; dólar sobe
O índice recuperou 2,48%, maior alta da bolsa desde 8 de junho
Aparentemente chegaram ao fim os rumores de que Paulo Guedes, ministro da Economia, poderia deixar o cargo. O impasse dele com Bolsonaro sobre o teto de gastos foi trocado pelo discurso de que agora Guedes avalia alternativas para liberar recursos do orçamento.
Bolsonaro também reforçou que em nenhum momento a saída de Guedes foi cogitada e que a possibilidade de furar o teto de gastos é nula. Para reforçar o tom conciliador, o ministro da Economia afirmou que tem a confiança do presidente.
Apesar do risco fiscal, a trégua entre Bolsonaro e Guedes acalmou o mercado e a bolsa de valores voltou a operar acima dos 100 mil pontos. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em alta de 2,48%, aos 102.065 pontos. Esta foi a maior alta do índice desde o dia 8 de junho quando a bolsa subiu 3,18%.
Impactou no desempenho do índice também a alta das ações do Magazine Luiza (MGLU3), que dispararam 9,61% após a divulgação do seu balanço. A companhia estava entre as mais negociadas do dia e puxou outros papéis do varejo. Outra alta entre as mais negociadas foi a Via Varejo (VVAR3) que avançou 8,15%.
Ainda entre as varejistas subiram B2W (BTOW3) e Lojas Americanas (LAME4) que fecharam em alta de 5,48% e 1,69%, respectivamente.
Outro setor que teve valorização foram as siderúrgicas que seguiram a alta do minério de ferro na China. A commoditie negociada no porto chinês de Qingdao subiu 5,44%, fechando a US$ 128,57 a tonelada nesta terça-feira.
Com isso as ações da Vale (VALE3) subiram 1,33%. Enquanto Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4) valorizaram 6,78%, 6,31% e 7,06%, respectivamente.
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No cenário externo as bolsas americanas fecharam em alta. O S&P 500 subiu 0,23%, em meio a impasses entre democratas e republicanos que ainda não se decidiram sobre o pacote fiscal para os EUA.
Donald Trump entra em conflitos com a Huawei, poucos dias após dar a ordem do aplicativo chinês Tik Tok vender suas operações nos EUA.
O dólar recuperou parte da alta com o fim dos rumores sobre a saída de Paulo Guedes, mas o risco fiscal ainda pesa na moeda. O dólar comercial fechou em queda de 0,50%, cotado a R$ 5,468. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,511.
O real ainda está com dificuldade de valorização, muitas vezes usado como seguro (hedge) por causa dos juros baixos.
Destaques da Bolsa
A maior alta do dia foi do Magazine Luiza (MGLU3) que subiu 9,61%. A companhia teve prejuízo de R$ 62,2 milhões no seu balanço do segundo trimestre, contudo isso não impactou no desempenho da varejista.
O Ebitda caiu 62,2% e receita líquida subiu 29,3% no período em análise. Porém, cresceu acima do mercado em seu e-commerce, com alta de 181,9% nas vendas online.
Entre os destaques positivos também estavam o BTG (BPAC11) que subiu 8,34%. Seguido da Gerdau PN (GGBR4) e a Via Varejo (VVAR3) que tiveram alta de 8,16% e 8,15%, respectivamente.
Do lado oposto, as únicas ações do Ibovespa que fecharam em queda foram Taesa (TAE11) que caiu 0,97%; WEG (WEGE3) que recuou 0,40%. E os papéis da JBS (JBSS3) com queda de 0,13%.
Fechou em baixa também a Multiplan (MULT3) com desvalorização de 0.05%.
Guedes faz aceno ao mercado
Em meio à debandada de auxiliares e a rumores de que poderia deixar o cargo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ter confiança no presidente Jair Bolsonaro. “Tivemos uma excelente conversa com presidente Bolsonaro. Existe muita confiança no presidente em mim e minha no presidente. Não tive nenhum ato que me sugerisse que não devesse confiar no presidente e não faltei em nenhum momento com a confiança que o presidente depositou em mim”, declarou Guedes.
O ministro alegou que, “em momentos decisivos”, Bolsonaro sempre o apoiou. Ele afirmou ter passado por “dois ou três” momentos desses e citou o veto de Bolsonaro à possibilidade de aumento de salário de servidores nos próximos anos.
Guedes ressaltou que a popularidade do presidente subiu e acrescentou que Bolsonaro “sente que está firme” para continuar sua agenda.
“O presidente é muito transparente e sincero, minha obrigação é ter mesma transparência e sinceridade”, completou.
Bolsas americanas
As bolsas de Nova York fecharam mistas nesta terça-feira, 18, com a disseminação da covid-19 ainda no pano de fundo dos negócios e levando o índice Dow Jones a encerrar no vermelho. Seus pares S&P 500 e Nasdaq, contudo, impulsionados pelas techs e por empresas do setor de comunicação, conseguiram finalizar o dia no azul e renovaram máximas históricas, apagando as perdas registradas desde a emergência da pandemia.
O índice Dow Jones fechou em queda de 0,24%, a 27.778,07 pontos, enquanto o S&P 500 subiu 0,23%, aos 3.389,78 pontos e o Nasdaq avançou 0,73%, aos 11.210,84 pontos.
O rali dos setores de tecnologia e comunicação continua a dar apoio aos índices acionários nova-iorquinos, na medida em que as companhias do ramo conseguiram se beneficiar de alguma forma do isolamento social imposto pela pandemia. No pregão de hoje, Netflix subiu 1,97% e a Alphabet, controladora do Google, 2,61%. No setor de consumo discricionário, só Amazon conseguiu avançar 4,09%.
Em relatório enviado a clientes, a Capital Economics destaca que o desvanecimento da incerteza pode dar um impulso adicional aos ativos de risco nos próximos dias. “Os investidores esperam menos volatilidade para o S&P 500, uma vez que o índice já se recuperou”, diz o analista John Higgins.
Mesmo assim, não há euforia no mercado – o que se reflete no fechamento do Dow Jones no vermelho -, considerando o avanço do novo coronavírus em diversas regiões do globo, trazendo o fantasma dos bloqueios de volta ao radar. Além disso, há desconforto com o impasse entre democratas e republicanos, que não conseguem chegar a um acordo por um novo pacote fiscal nos EUA. Entre as empresas negociadas no Dow Jones, a Boeing fechou o dia com perda de 1,03%.
*Com Estadão Conteúdo