Quando janeiro começou, o Índice de Fundos (IFIX) registrava máximas após um longo período sem bater sua maior pontuação, em 2020. Passados os 31 dias do mês “mais longo” do ano até aqui, o indicador termina acumulando uma leve alta de 0,67% e seus mais de 3.333 pontos.
Apesar de não ser um resultado pujante, o resultado pode ser considerado bom, já que superou outros indicadores de renda variável, como, IHFA (multimercados), IDIV (dividendos), Ibovespa (ações) e SML (small caps), que registraram desempenho de -0,36%, -3,5%, -4,8% e -6,5%, respectivamente.
Com a precificação de uma Selic menor, como confirmado nesta quarta-feira (31) após o quinto corte consecutivo de 0,50 ponto percentual pelo Comitê de Política Monetária (Copom), isso tende a impulsionar a categoria, em especial, fundos de papel ou híbridos. Nelas, os fundos imobiliários investem em papeis de crédito, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI).
“Estes segmentos que competem mais de perto com produtos de renda fixa são beneficiados por uma política monetária contracionista. Se a renda fixa, que está atrelada a essa Selic em queda, começa a remunerar menos os investidores, eles se sentem mais atraídos por FIIs de papel e híbridos, em especial, por distribuirem dividendos de forma regular e ainda serem isentos de IR”, aponta Eliane Teixeira, da Cy Capital.
Maiores altas
Entre os fundos imobiliários que compõem a carteira do IFIX, as altas acumuladas em janeiro variaram entre 24,8% e 0,3%. Já no campo negativo, as quedas foram entre 0,5% e 20%.
MXFII11, TVRI11, BCIA11, URPR11, RBRP11, KFOF11, SADI11, HGPO11, HGFF11 e XPSF11 estão entre as dez maiores altas do mês, com suas cotas variando entre 11,7% a 2,8%. Já quando analisado o retorno ajustado por proventos (quando os dividendos pagos são reinvestidos), os percentuais são maiores, entre 13% a 3,8%.
10 FIIs com maiores retornos do IFIX
Nome | Código | Foco de atuação | Retorno cotas (%) | Retorno ajust. proventos (%) |
Merito Desenvolvimento Imobiliario FII | MFII11 | Híbrido | 11,70 | 13 |
Tivio Renda Imobiliaria FI Imob-Unica | TVRI11 | Híbrido | 7,02 | 8,03 |
Bradesco Carteira Imobiliaria -Classe Un | BCIA11 | Recebíveis | 5,16 | 6,02 |
Urca Prime Renda FII-Unica | URPR11 | Recebíveis | 3,72 | 5,05 |
FII Rbr Properties – FII-Unica | RBRP11 | Lajes Corporativas | 4,49 | 5,01 |
Kinea Fundo de Fundos de Inves-Unica | KFOF11 | Recebíveis | 3,80 | 4,90 |
Santander Papeis Imobiliarios -Unica | SADI11 | Recebíveis | 3,54 | 4,76 |
CSHG Prime Offices FII-Unica | HGPO11 | Lajes Corporativas | 4,07 | 4,62 |
CSHG Imobiliario Fof – FII-Unica | HGFF11 | Recebíveis | 3,17 | 4,00 |
Xp Selection FII-Unica | XPSF11 | Recebíveis | 2,88 | 3,82 |
Os 30,4 mil investidores do Mérito Desenvolvimento Imobiliário (MFII11) viram suas cotas avançarem 9,6% no mês. Os que reinvestiram os dividendos recebidos acumularam um retorno maior, de quase 11%.
A gestora do fundo adquire a participação em empreendimentos imobiliários desenvolvidos em parceria com incorporadoras. Há três investimentos na carteira do MFII.
Maiores quedas
TORD11, BTAL11, VILG11, DEVA11, BROF11, HCTR11, XPPR11, RECT11, HXTM11 e BTRA11 viram sua cotas retrocederem entre – 5,5% e – 19,6%. Considerando o retorno ajustado por proventos, as quedas sentidas ficaram limitadas a -17%.
10 FIIs com menores retornos do IFIX
Nome | Código | Setor | Retorno cotas | Retorno ajust. proventos |
Tordesilhas Ei FII-Unica | TORD11 | Outros | -5,50 | -5,50 |
FII BTG Pactual Agro Logistica-Unica | BTAL11 | Outros | -6,37 | -5,56 |
FII Vinci Logistica-Unica | VILG11 | Logistica | -6,32 | -5,71 |
Devant Recebiveis Imobiliarios-Unica | DEVA11 | Recebíveis | -6,71 | -5,79 |
Brpr Corporate Offices FII-Unica | BROF11 | Híbrido | -7,21 | -6,27 |
Hectare Ce FII-Unica | HCTR11 | Recebíveis | -7,25 | -6,40 |
FII Xp Properties | XPPR11 | Híbrido | -8,38 | -7,98 |
FII FII Rec Renda Imobiliaria-Unica | RECT11 | Híbrido | -9,68 | -8,91 |
Hotel Maxinvest FII-Unica | HTMX11 | Hotel | -14,35 | -12,92 |
FII BTG Pactual Terras Agricolas-Unica | BTRA11 | Outros | -19,66 | -17,00 |
O BTG Pactual Terras Agricolas (BTRA11) viu suas cotas recuarem -19,6% no mês. Quando ajustado por proventos, a queda sentida pelos mais de 21 mil cotistas foi um pouco mais amena: de -17%.
O fundo, que investe em terras agrícolas produtivas (rurais e urbanas), utiliza contratos de cessão de direito das terras de longo prazo corrigidos pela inflação. A gestão também compra fazendas, melhora, e depois revende gerando lucro aos investidores, sendo 20% das receitas provenientes dessa estratégia, e 70% da primeira.
Em último fato relevante, a gestão apontou que a produtividade da soja estava aquém das expectativas, com lavouras apresentando resultados abaixo do esperado.
O fato se deve em partes por conta do El Niño, que provoca o aumento das chuvas em algumas regiões e elevadas temperaturas em outras, influenciando na colheita dos
alimentos. A gestão negocia contratos de algodão, milho e soja.
FIIs por segmento
Segundo a economista da Cy Capital, é importante avaliar o desempenho dos FIIs separados por foco de atuação, já que eles têm características distintas.
Considerando os FIIs com participação no IFIX, o maior retorno médio do último mês foi observado nos FIIs de lajes corporativas. Já nos últimos 12 meses, junta-se aos fundos de lajes os de shoppings “que vem sendo as grandes apostas dos investidores nos períodos mais recentes”, observa.
“Mas quando a gente avalia a rentabilidade efetiva do último mês – que é aquela que leva em consideração os rendimentos distribuídos – os FIIs de lajes, híbridos e de recebíveis foram os que apresentaram os melhores desempenhos”, disse.
A economista reitera ainda que boas oportunidades podem ser encontradas em fundos de papel e logístico, por estarem mais descontados com relação ao valor patrimonial.
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