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Finanças

Interferir em preços de combustíveis afeta investimentos, diz Campos Neto

De acordo com o presidente do Banco Central, a diferença da cotação do petróleo em relação aos derivados também está muito grande e é um problema.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. 09/01/2020. REUTERS/Adriano Machado

Intervenções em preços de combustíveis afetam investimentos de longo prazo e é importante que empresas possam atuar sabendo que regras não serão alteradas, disse nesta terça-feira (31) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em meio aos questionamentos no governo sobre a política de preços da Petrobras (PETR3, PETR4).

Em audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara, Campos Neto afirmou que o valor elevado de combustíveis está contaminando preços em outras áreas da economia, como transportes, serviços e alimentação, mas se posicionou contra intervenções no setor.

“O mundo hoje está preferindo interferir em preços, e o problema de interferir em preços é que você interfere em investimentos de longo prazo. E no final das contas quem produz energia e alimento não são os governos, são as empresas privadas”, disse.

“Então é importante ter um ambiente onde as empresas tenham conforto para investir no longo prazo sabendo que regras não vão mudar a cada dia. Não vou falar muito de política da Petrobras porque não é tema do Banco Central”, prosseguiu.

O presidente Jair Bolsonaro já criticou a política de preços da estatal e trocou o ministro de Minas e Energia em meio às elevações dos valores de combustíveis.

De acordo com o presidente do BC, a diferença da cotação do petróleo em relação aos derivados está muito grande, citando como problema uma restrição global de refino, com redução de investimentos na área.

Em meio às pressões do Congresso e medidas em avaliação no governo para mitigar os impactos da alta dos combustíveis, Campos Neto disse que a alta dos preços relacionados às commodities é um problema como o qual o país precisa lidar, mas disse que isso é uma atribuição do governo, não do BC.

Na audiência, ele foi questionado sobre o cenário eleitoral, que amplia volatilidades, e afirmou que se houver aumento de prêmio de risco perto das eleições, o BC vai olhar as variáveis influenciadas e ver o que deve ser feito.

Campos Neto evitou fazer comentários sobre mudança nas metas de inflação do Brasil. Segundo ele, essa discussão cabe ao Conselho Monetário Nacional, onde o BC conta com apenas um dos três votos.

“Quando olhamos a meta de 2023, o Brasil está mais perto do que outros países, a meta gera credibilidade”, disse.

O presidente do BC ressaltou que não tem como prever o patamar dos juros no fim deste ano, frisando que o BC trabalha para atingir a meta de inflação. Ele lembrou que mudanças feitas agora na Selic não influenciam mais 2022 por causa da defasagem no efeito da política monetária.

Campos Neto também fez comentários sobre a greve dos servidores do BC. Ele disse que havia uma preocupação com a possibilidade de ser liberado um reajuste a categorias específicas, como policiais, e que conversou com o presidente Jair Bolsonaro para argumentar que “gerar desalinhamento poderia ser problemático”.

Campos Neto disse que o governo informou que faria o anúncio sobre reajustes, mas que essa definição foi postergada e ainda não ocorreu.

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