As ações da companhia aérea Gol (GOLL4) chegaram a subir 4,82% na máxima desta quarta-feira (04), negociadas a R$ 6,95, após a empresa informar os resultados preliminares do quarto trimestre de 2022 e perspectivas para 2023.
Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Luiz Capistrano, analistas do Itaú BBA, apontaram em relatório que os números preliminares ficaram abaixo das estimativas, com lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglesa) inferior ao previsto, além de uma deterioração na alavancagem da empresa.
“Dado o ambiente ainda desafiador, continuamos cautelosos com as ações e mantemos nossa classificação neutra para a empresa”, escreveu o trio ao reiterar preço-alvo de R$ 22 para o papel da empresa, uma valorização de 224% em relação à cotação atual.
Em contrapartida, a equipe do banco de investimento ponderou “em uma nota mais positiva” que o rendimento implícito sugere que os preços das passagens aéreas subiram 6% no trimestre e 24% no ano, reforçando a visão de que o setor está conseguindo ser racional na precificação.
Além disso, reiteraram os analistas, no dia 20 de dezembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro assinou uma medida provisória que reduz a zero os impostos de PIS/Cofins para as companhias aéreas até 2026. “O que, pela nossa estimativa, acrescentou um potencial de valorização de 11% à previsão de consenso do Ebitda da Gol para 2023”, apontou a equipe do Itaú.
Já Bruno Amorim, Joao Frizo e Guilherme Costa Martins, do Goldman Sachs, mencionaram que as receitas da unidade devem manter sua tendência positiva.
Além disso, na avaliação da equipe, os números demonstram que a empresa “ainda tem conseguido repassar o impacto dos custos mais altos de combustível de aviação para os preços, dada a forte expansão das receitas unitárias no comparativo anual (embora em um ritmo menor no comparativo com o terceiro trimestre do ano passado), recuperando gradualmente a lucratividade”. O Goldman Sachs tem recomendação de compra para o papel e estima preço-alvo em R$ 14,90.
Em contrapartida, o banco ponderou que mantém preferência pela empresa Copa Airlines dentro da cobertura de companhias aéreas da América Latina “com base em uma melhor dinâmica competitiva e balanço mais leve”.
Números do quarto trimestre
A Gol estimou em relatório preliminar que a receita unitária de passageiros (PRASK) e a receita unitária total (RASK) tenham avançado 20% a 23% respectivamente no quarto trimestre de 2022, em relação ao mesmo intervalo do ano anterior. O montante implica em uma receita total de R$ 4,6 bilhões (aumento de 59% na base anual), mas 5% abaixo do aguardado pelo consenso, segundo o Itaú.
Em contrapartida, a expectativa de crescimento da PRASK está acima dos 16% previstos pelo Goldman Sachs e 40% superior aos níveis do quarto trimestre de 2019, período anterior à pandemia.
Já a RASK deve apresentar crescimento ligeiramente acima do avanço de 21% calculado pelo Goldman.
A aérea calcula ainda que os custos unitários com combustível (CASK Combustível) aumentem em 42% no comparativo anual (acima da alta de 35% prevista pelo Goldman Sachs) devido a um aumento de 45% no preço médio do combustível de aviação.
Ao todo, excluindo resultados não recorrentes, a empresa espera uma margem Ebitda de 20% para o trimestre e uma margem Ebitda de 11% (ambas semelhantes ao consenso da Bloomberg e do Goldman Sachs).
Perspectivas para 2023
Sobre as perspectivas para 2023, o Itaú mencionou que a empresa espera que o fluxo de caixa seja equilibrado, “o que implica liquidez e nível de dívida estáveis em relação a 2022”.
Por outro lado, os analistas da casa apontaram que uma crescente incerteza macro provavelmente continuará a tornar os investidores cautelosos no setor aéreo.
A equipe do Itaú destacou ainda que a expectativa de crescimento do ASK de 20% a 25% para 2023, em relação a 2022, significa uma recuperação aos níveis pré-Covid-19, combinado com preços de passagem aérea 7% mais altos, o que resultaria em R$ 20 bilhões de receita líquida, uma alta de 32% no comparativo anual.
O preço do combustível (R$ por litro) deve cair 9%, o que aliado a uma maior alavancagem operacional pode significar uma margem Ebitda de 24%, acima dos 18% esperados para 2022 (excluindo itens não recorrentes e aeronaves cargueiras).
A melhora dos números operacionais deve permitir a redução da relação dívida líquida/Ebitda, que a Gol projeta cair de 10 vezes em 2022, para 6 vezes em 2023.
O guidance aponta ainda um Ebitda de R$ 4,8 bilhões, acima dos R$ 4,5 bilhões previstos pelo Goldman Sachs.
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