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Milei vence e bitcoin dispara: Argentina será o novo El Salvador?

O novo presidente argentino já elogiou o bitcoin, mas a proposta não é torná-lo moeda oficial do país.

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* ARTIGO

A Argentina elegeu o ultraliberal Javier Milei como presidente no último domingo (19), em uma vitória histórica sobre o peronismo. Milei, além de prometer uma revolução econômica no país, que sofre com uma inflação galopante e uma crise cambial, é um defensor do bitcoin (BTC), a criptomoeda mais popular e valiosa do mundo.

Javier Milei em Buenos Aires 19/11/2023 REUTERS/Agustin Marcarian

No primeiro turno das eleições, Milei ficou em segundo lugar, com 24,67% dos votos, atrás do candidato peronista Sergio Massa, que obteve 28,35%. No segundo turno, Milei reverteu a desvantagem e venceu com 55,79% dos votos, contra 44,20% de Massa.

O representante da ultra-direita já declarou que o bitcoin “representa o retorno do dinheiro ao setor privado, que é seu verdadeiro proprietário”. Consequentemente, a vitória de Milei teve um impacto praticamente instantâneo no preço do BTC. 

A criptomoeda estava oscilando por volta dos US$ 35 mil dólares há algumas semanas, mas ultrapassou — e tem se mantido — acima dos US$ 37.200 após o resultado do segundo turno.

Bitcoin supera os US$ 37 mil após vitória de Milei. (Imagem: Reprodução/Coingecko)

Nesse cenário, surge a pergunta: será que a Argentina seguirá o exemplo de El Salvador e também adotará o bitcoin como moeda oficial?

Embora seja possível relacionar o bitcoin com o novo presidente argentino, Milei é mais cauteloso do que o governante de El Salvador, Nayib Bukele, que é fã assumido da criptomoeda. Enquanto Bukele adotou o bitcoin como uma moeda oficial, Milei não tem essa intenção.

Entendendo Javier Milei

Javier Milei é economista formado pela Universidade de Belgrano e tem dois mestrados. Trabalhou em diversas empresas, inclusive o banco HSBC. Polêmico, o novo presidente argentino se lançou na política em 2021, liderando a frente La Libertad Avanza, que reúne partidos e movimentos de direita e de centro-direita.

Ele é adepto da escola econômica austríaca, que defende o livre comércio e a não intervenção do governo na economia, e do libertarismo, que prega a liberdade individual e a propriedade privada. Por isso, se considera “anarcocapitalista“.

Crítico ferrenho do banco central da Argentina, Milei acusa a instituição de ser uma farsa, um mecanismo pelo qual os políticos enganam as pessoas com o imposto inflacionário. Sua crítica é tanta que, durante sua celebração de aniversário, em 2018, ele fez uma aparição na televisão para quebrar uma pinhata que simbolizava um banco central.

Participando de programa de televisão em 2018, Milei destruiu uma pinhata simbolizando o banco central em 2018 (Imagem: Reprodução/vídeo da aparição de Milei)

Nesse contexto, a candidatura presidencial de Milei foi pautada na defesa da extinção do banco central e a dolarização da economia argentina, ou seja, a adoção do dólar americano, e não o bitcoin, como moeda oficial.

No entanto, a Argentina pode se tornar um país mais favorável ao bitcoin. Milei pode facilitar o acesso ao bitcoin, reduzir as barreiras regulatórias, estimular a educação financeira sobre o mercado de criptomoedas e reconhecer o bitcoin como um ativo legítimo, fortalecendo-o como uma alternativa ao sistema monetário tradicional.

Assim, a Argentina pode não ser o novo El Salvador, mas tem potencial de se tornar um polo de crescimento e de referência para o bitcoin na América Latina e no mundo — sobretudo se Milei começar a estreitar laços com a ele. 

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