A agência de classificação de risco Moody’s disse nesta terça-feira (10) que não espera que o perfil de crédito dos emissores brasileiros, inclusive o soberano, seja significativamente afetado pelos eventos recentes em Brasília, depois que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
“Vemos o surgimento do consenso político que condenou os atos de violência e a determinação das autoridades de controlar rapidamente a situação como um sinal de força institucional”, disse em nota Samar Maziad, analista sênior de risco soberano da Moody’s.
Depois que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram no domingo (8) os prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados e o Senado aprovaram o decreto que estabelece a intervenção federal na área de segurança pública do Distrito Federal.
Ainda na noite da véspera, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) caminharam juntos do Palácio do Planalto até a sede do Supremo na noite da véspera para vistoriar os estragos, num gesto para simbolizar união na defesa da democracia, enquanto as autoridades ampliaram as prisões de acusados pelos ataques.
“Embora as tensões políticas estejam elevadas e a polarização continue a ser um desafio para o novo governo, esperamos que uma ampla estabilidade econômica e institucional prevaleça”, disse Maziad sobre as implicações dos ataques de domingo.
Segundo ela, implicações negativas de crédito podem surgir apenas se os atos de violência do fim de semana persistirem e levarem a grandes distúrbios na atividade econômica que não possam ser mitigados pelas instituições do país, o que se somaria a outros desafios enfrentados pelo país, como pressões fiscais e expectativas de crescimento fraco.
No entanto, ponderou Maziad, a Moody’s vê “baixa probabilidade de os eventos se intensificarem dessa forma no curto prazo”.
A Moody’s atribui nota “Ba2”, com perspectiva estável, para perfil de crédito soberano do Brasil, classificação que está no chamado grau especulativo, deixando o Brasil na lista de países mais arriscados para investimento.
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