A bolsa pediu permissão à Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) para adicionar uma sessão de negociação, das 21h às 4h (horário da costa leste dos EUA), de acordo com um documento regulatório protocolado na segunda-feira. Isso se somaria aos horários de pré-mercado, mercado regular e pós-mercado que a bolsa já opera, informou a empresa.
“Esta evolução reflete uma realidade simples: os investidores globais esperam acesso nos seus próprios termos, nos seus fusos horários, sem comprometer a confiança ou a integridade do mercado”, disse Chuck Mack, vice-presidente sênior de mercados norte-americanos da Nasdaq, em um comunicado enviado por e-mail.
A bolsa se junta a outras ao destacar o crescente interesse na negociação de ações dos EUA fora do horário tradicional de mercado, que vai das 9h30 às 16h (horário da costa leste dos EUA). Participantes do mercado fora dos EUA receberam bem o potencial para uma precificação mais rápida dos resultados corporativos e dos eventos macroeconômicos, embora tenham alertado que a negociação quase contínua daria aos investidores menos tempo para digerir as notícias fora do horário regular e poderia levar a oscilações mais extremas durante os períodos de baixa liquidez.
Anteriormente neste ano, a Nasdaq anunciou sua intenção de oferecer horários de negociação adicionais em sua bolsa de ações, em busca de capitalizar a crescente demanda global por ações dos EUA. A bolsa espera estar pronta para a negociação estendida no início do terceiro trimestre de 2026, sujeita à aprovação regulatória e ao alinhamento com o restante do setor.
A iniciativa da Nasdaq “é absolutamente um divisor de águas”, disse Dilin Wu, estrategista de pesquisa do Pepperstone Group na Austrália. “Isso efetivamente traz as ações dos EUA para nossos horários locais de negociação, aumentando a liquidez e permitindo que os investidores daqui reajam em tempo real, em vez de esperar pelas sessões noturnas. Para qualquer pessoa ativa no setor de tecnologia ou em ações de alto beta dos EUA, é um passo significativo rumo a um mercado verdadeiramente global.”
Outras bolsas também delinearam seus planos para estender o horário de negociação em suas plataformas, incluindo a Bolsa de Nova York, que planeja oferecer negociação por 22 horas em dias úteis. Essa proposta teve aprovação inicial da SEC em fevereiro, sujeita a atualizações no feed de dados do mercado.
Para que isso se torne realidade, participantes-chave, incluindo a Depository Trust & Clearing (DTCC, na sigla em inglês), responsável pela compensação, e os Comitês Operacionais dos Processadores de Informações de Valores Mobiliários, que exibem os preços em tempo real, também precisam estender seus horários de funcionamento. Ambas as organizações já apresentaram seus planos, e a DTCC afirma que pretende começar a compensar negociações de ações 24 horas por dia, cinco dias por semana, até o segundo trimestre de 2026.
O desenvolvimento pode atrair “mais investidores de varejo em diferentes mercados ao redor do mundo”, disse Kerry Craig, estrategista de mercado global da JPMorgan Asset Management, em Melbourne.
Plataformas que permitem negociação de ações em horários estendidos têm dividido Wall Street. Os defensores argumentam que investidores, tanto nos EUA quanto no exterior, desejam ter acesso e poder reagir às ações fora do horário comercial americano. Os oponentes, por sua vez, alertam que a qualidade das negociações pode ser prejudicada pelo menor volume, o que pode tornar a precificação menos precisa.
