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O Credit Suisse está em crise? Entenda temores de ‘quebra’ do banco

Esta semana, investidores passaram a questionar a saúde financeira de uma das maiores instituições de investimentos do mundo.

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O Credit Suisse, uma das maiores instituições de investimentos do mundo, enfrenta uma crise de confiança no mercado. Após o banco ter elevado seu “seguro contra calotes” (conhecido como CDS) ao maior nível desde 2009, e em meio a notícias sobre planos de reestruturação, investidores passaram a questionar sua saúde financeira.

Diante deste cenário, parte do mercado colocou em dúvida a capacidade do banco de honrar seus compromissos, o que derrubou ainda mais seus papéis, em uma crise que se agravou no último final de semana e chegou a levar a comparações com o Lehman Brothers, banco de faliu durante a crise financeira de 2008.

Agência do Credit Suisse em Berna, Suíça 28/10/2020 REUTERS/Arnd Wiegmann

Por que há temores de crise no Credit Suisse?

Os spreads (prêmios) nos contratos de credit default swap (CDS) do banco vêm sendo negociados no maior nível desde 2009, perto de alcançar o que se viu durante a crise financeira de 2008. Este indicador, quando está muito elevado, acende um alerta sobre o risco de crédito – quando investidores passam a exigir prêmios maiores para aportar seus recursos no banco.

Embora ainda estejam longe do nível “distressed”, considerados como investimento de alto risco, esses contratos refletem a deterioração das percepções sobre a credibilidade do banco, que recentemente foi atingido por escândalos no ambiente atual. Os swaps (contratos que protegem contra risco no mercado financeiro) agora precificam uma chance de aproximadamente 23% de o banco deixar de pagar seus títulos em 5 anos.

Alguns clientes apontaram o aumento do CDS este ano para fazer perguntas, negociar preços ou buscar concorrentes, segundo informações da “Bloomberg”.

O que diz o Credit Suisse?

Os executivos do banco reconheceram as dificuldades do banco e tentaram acalmar o mercado, mas sem sucesso até agora. No final de semana, tentativas do CEO Ulrich Koerner de tranquilizar funcionários e investidores tiveram o efeito contrário e aumentaram as incertezas em torno do futuro do banco.

REUTERS/Arnd Wiegmann

Pela segunda vez, Koerner procurou acalmar funcionários e mercados com um memorando na sexta-feira (30), que enfatizava a liquidez e a força do capital do banco. Mas o CEO focou na recente volatilidade das ações do Credit Suisse e nos spreads de crédito, o que levou investidores a buscarem a saída quando as negociações foram reabertas após o fim de semana.

Embora tenha reconhecido que o banco enfrentava um “momento crítico”, o executivo prometeu enviar atualizações regulares à equipe até que o banco anuncie seu novo plano estratégico em 27 de outubro. Ao mesmo tempo, o Credit Suisse voltou a enviar pontos de discussão para executivos em contato com clientes que mencionaram os contratos de credit default swap (CDS), segundo pessoas com conhecimento do assunto.

O que dizem agentes do mercado?

Alguns players de peso foram ao Twitter no fim de semana para descartar alguns dos rumores que circulam nas redes sociais provocados pelo aumento do spread do CDS como “alarmismo”. Boaz Weinstein, da Saba Capital Management, tuitou “respire fundo” e comparou a situação ao que ocorreu com o Morgan Stanley, quando seu CDS era duas vezes maior em 2011 e 2012.

Koerner, escolhido como CEO no fim de julho, teve que administrar especulações de mercado, saídas de banqueiros e dúvidas sobre o nível de capital enquanto procurava estabelecer um caminho para o banco em apuros, atingido por uma série de problemas financeiros e de reputação.

Analistas do JPMorgan disseram em relatório que, com base em nos resultados do segundo trimestre, veem o capital e a liquidez do Credit Suisse como “saudáveis”.

O presidente-executivo do Santander (BCSA34), José Antonio Álvarez, disse nesta terça-feira (4) que a liquidez no setor bancário está “extraordinariamente alta” e, portanto, não vê riscos de adversidades no setor. “Acho que não existe essa capacidade de contágio”, disse ele quando questionado sobre a situação do Credit Suisse.

O que prevê o plano de reestruturação do banco?

O Credit Suisse atualmente finaliza os planos que provavelmente trarão mudanças radicais no banco de investimento e que podem incluir o corte de milhares de empregos ao longo de vários anos, segundo a “Bloomberg”.

Analistas da KBW também estimam que a empresa possa precisar levantar 4 bilhões de francos suíços (US$ 4 bilhões) em capital, mesmo depois de vender alguns ativos para financiar uma potencial reestruturação, planos de crescimento e outras medidas.

Sede do banco Credit Suisse em Zurique, Suíça 03/11/2021 REUTERS/Arnd WIegmann

Segundo o “Financial Times”, o Credit Suisse elaborou planos para dividir sua operação de banco de investimento em três, à medida que tenta emergir de três anos de escândalos.

Sob as propostas, o banco está procurando vender unidades lucrativas, como o negócio de produtos securitizados, para evitar um aumento de capital, disse a reportagem, citando pessoas familiarizadas com os planos.

Qual o impacto da crise nas ações do banco?

Até o início desta semana, as ações do Credit Suisse haviam perdido mais da metade de seu valor neste ano. Na segunda-feira (3), chegaram a cair 11,52%, a 3,52 francos, na mínima do dia, mas recuperaram-se neste terça (4), fechando com alta de 11,62%.

A capitalização de mercado do Credit Suisse caiu para cerca de 9,5 bilhões de francos suíços recentemente. Isso significa que qualquer venda de ações seria altamente diluída para investidores antigos. O valor de mercado estava acima de 30 bilhões de francos em março de 2021.

Reguladores do Reino Unido e da Suíça, que estão de olho no Credit Suisse desde a perda multibilionária causada pelo Archegos Capital em 2021, ainda monitoram a estabilidade do banco, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

*Com informações de Bloomberg e Reuters

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