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Finanças

O que sai mais barato: ser solteiro ou namorar?

Despesas de encontros entre solteiros quase quadruplicaram nos últimos cinco anos, diz pesquisa.

O estado civil inevitavelmente mexe com as finanças pessoais, seja para maior economia ou para maiores gastos. De acordo com diversas pesquisas, namorar leva a menos despesas do que estar solteiro. No entanto, para Guilherme Baia, planejador financeiro, isso é muito relativo, porque depende do local em que se vive e do estilo que se tem.

Baia explica que essas condições tendem a variar também de acordo com o salário, custos fixos, reservas e disponibilidade para gastos extras. Porém, ele reforça que estar solteiro ou em busca de um relacionamento leva a maior necessidade de exposição social, o que ocasionalmente pode gerar mais custos.

“Estar em vários locais, ir a vários eventos e estar sempre apresentável para cada ocasião pode ensejar em muitos gastos que a vida dos que já estão em relacionamento não tem”

Guilherme Baia, planejador financeiro

Algumas pesquisas reforçam essa ideia. Os britânicos, por exemplo, economizam cerca de £ 6 mil por ano quando estão em um relacionamento, isto porque saem menos, segundo pesquisa de 2016 do Voucher Codes Pro, site de oportunidades de economia e códigos de desconto. Os australianos, por sua vez, quadruplicaram suas despesas com encontros nos últimos cinco anos, de acordo com pesquisa do banco ING Australia feita em 2022.

Contudo, o contexto de estar em um casamento seria outro, pelo menos no Brasil. De acordo com a Pesquisa Perfil do Consumidor, realizada por todo o país pela empresa de pesquisa e análise de dados Boa Vista, 97% dos consumidores se consideraram endividados no primeiro semestre de 2022, sendo que 54% destes estão casados ou em união estável.

Isso indica que, ao menos neste momento, a maior parte das pessoas que trocaram alianças de ouro e vivem no país consideram estar com mais dificuldades financeiras.

A pesquisa também apontou que as despesas mais comuns entre os consumidores são, nessa ordem: cartão de crédito; serviços básicos, como água e luz; TV a cabo, internet e telefone fixo; telefone celular; e, praticamente empatados, empréstimo pessoal/cartão de loja e aluguel/condomínio.

A economia (em libras) de estar namorando

Conforme a pesquisa de 2016 do Voucher Codes Pro, os britânicos economizam em média £ 5.772 por ano enquanto estão em um relacionamento. Corrigindo esse valor pelo acumulado do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), indicador de inflação do Reino Unido, que foi de alta de 10,8% desde a data da pesquisa até 2021, o montante corresponderia a £ 6.396,49, de acordo com a calculadora do Banco da Inglaterra.

O estudo, que foi realizado com mais de 2 mil participantes, sendo metade deles solteiros e a outra metade comprometidos há pelo menos dois anos, mostrou que estar sozinho significa gastar em média £ 150 de renda disponível a cada semana, em comparação com £ 39 se estiver em um casal. Com o ajuste da inflação, esses valores seriam de £ 166,23 e £ 43,22, respectivamente.

Por diferença de prioridades, a pesquisa aponta que os solteiros, em geral, têm mais despesas por saírem com mais frequência à noite, por pedirem mais comida ou irem comer fora ao invés de cozinhar e por comprarem mais roupas. 

Outro dado curioso que o estudo mostrou é que os solteiros bebem quase três vezes mais do que quem está comprometido. Na média, quem está sozinho gasta £ 45 por semana em álcool em comparação com £ 17 por pessoa em um relacionamento. Ou, pela correção da inflação, £ 49.87 e £ 18.84.

Procurando por ‘aquela pessoa’

Bumble – Imagem de divulgação/Unsplash

De acordo com a pesquisa do banco ING Australia, as despesas de encontros dos solteiros australianos juntos quase quadruplicaram de 2017 para 2022, passando de US$ 11,7 bilhões para US$ 42,8 bilhões de gastos anuais. 

E a justificativa para isso é simples: de lá para cá, as pessoas passaram a utilizar mais aplicativos de namoro e a sair para mais encontros. 

O estudo ainda revelou que o solteiro médio de hoje em dia costuma ter três encontros por mês, em comparação com o solteiro médio de cinco anos atrás – quando a pesquisa foi iniciada –, que saia apenas para um encontro no mesmo período.

Início de namoro é mais caro

A busca por um parceiro (a) pesa nas contas, mas o início do relacionamento também. No começo do namoro, os custos costumam ser mais altos, segundo pesquisa de 2018 feita pela Giftcards.com, varejista digital americana de cartões de presente. 

Num panorama norte-americano, no primeiro semestre de relacionamento o casal desembolsa US$ 369 por mês, depois os gastos caem para US$ 223 semestralmente.

Corrigindo os valores pela alta da inflação nos Estados Unidos, que foi de 19,48% desde a data da pesquisa até agosto deste ano, os custos seriam de US$ 440,91 e US$ 266,46, de acordo com a calculadora da Bureau of Labor Statistics.

Gastos de R$ 25 mil por ano namorando para R$ 76 mil solteiro

Rafael, de 27 anos, diretor associado em um banco de investimento brasileiro, comenta que, de qualquer modo, há um preço por estar ou não acompanhado. Ele conta que de abril de 2016 a julho de 2021 viveu um relacionamento em que teve gastos médios, que estavam de acordo com o seu patamar de vida na época. Somando tudo, os gastos durante o namoro eram em média de R$ 25.700 por ano

No geral, sem observar as contas fundamentais, Rafael menciona que suas despesas eram com jantares, passeios e viagens com a sua ex-companheira. Por mês, isso custava em média R$ 1.150 – o que representava três finais de semanas curtidos na cidade de sua residência (R$ 750) e um final de semana de ida à praia (R$ 400).

Fora isso, o diretor comenta que trimestralmente costumava substituir um final de semana de ida à praia por uma viagem ainda mais bacana, que exigia mais recursos financeiros. Em cada uma dessas ocasiões, os gastos geralmente eram de R$ 3 mil. 

Nas datas especiais, o valor dos presentes e comemorações variavam muito, segundo Rafael. Mas ele aponta que é possível sugerir que esses eventos juntos, na média anual, custavam R$ 1.500. 

Após o término, Rafael teve novas oportunidades profissionais, o que fez com que ele tivesse uma melhora de sua situação financeira. “Quando virou esse ano, a minha condição financeira melhorou muito… mudou da água para o vinho”, comenta o diretor, acrescentando que, por conta disso, hoje gasta mais. Mas outras coisas também mudaram. Rafael trocou os hábitos que tinha durante o relacionamento por momentos de diversão em bares e baladas junto dos amigos.

“Antes eu não ia em festas, agora eu vou para festas todos os finais de semana… Está indo uma grana que eu não gastava.”

Rafael, 27 anos, diretor associado em um banco de investimento brasileiro

O diretor conta que esse estilo de vida custa, em média, R$ 1 mil por semana. Nesta conta, estão incluídos os novos “dates” do solteiro, que não precisa mais se preocupar com presentes em ocasiões especiais. 

Neste último ano, apesar de Rafael dizer que diminuiu o ritmo das viagens de lazer, ele ainda assim conseguiu visitar diversos lugares no Brasil. Ele aponta que, nessas circunstâncias, deve ter gastado em média R$ 24 mil no ano, o que é o dobro do que gastava em viagens com sua ex-namorada em um mesmo período. 

Somando tudo, o gasto do solteiro no último ano foi em média de R$ 76 mil. Isso sem contar as despesas fixas e essenciais. 

Conselhos de especialista

Se estar solteiro costuma sair mais caro, o planejador financeiro Guilherme Baia comenta que há algumas alternativas para economizar. Ele explica que nossa “criatividade, inteligência, tempo e cada uma das nossas características, se bem utilizadas, podem nos favorecer”. 

De acordo com ele, uma opção para gastar menos em um fim de semana, por exemplo, pode ser chamar os amigos para vir em casa e pedir que eles convidem outras pessoas – a fim de ter mais oportunidades de conhecer gente nova. 

O planejador financeiro ainda aconselha que “seja com muito ou pouco dinheiro, seja acompanhado ou só, a sua vida sempre será melhor quanto mais as suas escolhas colaborarem com os seus objetivos”. 

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