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Finanças

Pandemia faz empresas adiarem IPOs. Qual a chance de novas ofertas na Bolsa?

Diante da esperada retração da economia e do cenário nebuloso, 5 companhias já pediram para suspender a abertura de capital e 1 cancelou o processo.

IPO

Das empresas que estavam na fila de espera para abrir capital na B3 este ano, cinco já pediram para adiar o processo para o segundo semestre e uma desistiu, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O movimento, frustrado pela prevista retração econômica na pandemia do coronavírus, acontece após fortes expectativas de que 2020 seria um ano promissor para os IPOs (ofertas públicas iniciais de ações) no Brasil.

“É muito difícil ter condições de formar preço e demanda neste momento, porque as ofertas precisam de uma combinação de investidores importantes para botar os ativos em pé”, avalia o estrategista-chefe da Eleven Financial, Adeodato Netto.

A maior parte das empresas suspendeu a oferta de ações para dezembro. Foi o caso da varejista de produtos para animais de estimação Petz, que faria seu IPO em breve. A companhia pediu registro de oferta na CVM em fevereiro. 

A Caixa Econômica Federal também pediu para interromper a análise da documentação para fazer a oferta pública de ações da Caixa Seguridade, braço de seguros e previdência do banco estatal. A operação, estimada em R$ 15 bilhões, ficou para o início de dezembro.

IPOs cancelados

Na construção civil, setor que mostrava fortes sinais de recuperação após uma longa crise, já há incorporadora que decidiu ficar em compasso de espera, como a You Inc, que havia pedido para entrar na bolsa em fevereiro. 

Cenário nebuloso pela frente

O especialista em governança corporativa da Mesa Corporate, Luiz Marcatti, acredita que o adiamento com data marcada serve para reafirmar o interesse das empresas em caminhar para o IPO quando o cenário estiver menos nebuloso. “Todas elas só poderão avaliar o melhor momento com um cenário econômico mais claro, o que, acredito, só teremos para o segundo semestre”.

O BV (antigo Banco Votorantim) desistiu de abrir seu capital. A oferta, que poderia levantar R$ 5 bilhões, havia sido protocolada na CVM no dia 11 de fevereiro. O IPO estava previsto para ocorrer já em abril deste ano.

Ciente das dificuldades pela frente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu conceder, no dia 13 de março, um prazo maior para a distribuição de ações de empresas que pediram para fazer seu IPO.

Para Netto, da Eleven, qualquer previsão de quando as aberturas de capital de fato poderão ser retomadas é precoce. “As ofertas estão sendo deslocadas no tempo e esse tempo é tão incerto quanto a falta de visibilidade pela frente”, diz, acrescentando que é preciso colocar na balança a frustração que se seguiu após expectativas muito positivas para o mercado de ações.

Um ano que prometia

Antes de a epidemia do coronavírus representar uma ameaça real para a economia, a expectativa era de um ano recorde para a bolsa brasileira, impulsionada pelo cenário prolongado de juros baixos. Entre aberturas de capital e novas emissões de empresas já listadas na B3, esperava-se que o total movimentado este ano poderia chegar a R$ 200 bilhões, segundo bancos de investimento.

O começo do ano havia se mostrado promissor para as aberturas de capital: estrearam na B3 desde janeiro as construtoras Moura Dubeux (MDNE3) e Mitre (MTRE3), a empresa de hospedagem de sites Locaweb (LWSA3) e a companhia de manutenção industrial Priner (PRNR3), que marcou o retorno dos “mini” IPOs no Brasil.

Foi um começo de ano e tanto, se comparado a todas as cinco aberturas de capital na B3 ao longo de 2019: Centauro (CNTO3), Neoenergia (NEOE3), Vivara (VIVA3), BMG (BMGB4) e C&A (CEAB3). Nos últimos anos, uma leva de empresas brasileiras esnobou a B3 e preferiu a bolsa de Nova York. Seguiram esse caminho a Stone (STNE), a PagSeguro (PAGS), a Arco Educação (ARCE), a Afya (AFYA) e a XP (XP).

Para Marcatti, da Mesa Corporate, só uma combinação favorável das condições econômicas e da precificação das ações (que mostra o interesse dos investidores por um papel) dará segurança para as empresas planejarem abrir o capital novamente. “A meu ver, é um cenário para 2021”.

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