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Finanças

Petrobras e BB: estatais surpreendem no 4º tri e devem pagar dividendos robustos

Aumento na produção da petrolífera e lucro recorde do Banco do Brasil impulsionam retorno aos acionistas.

Apesar da queda nas ações do BB (BBAS3) e da Petrobras (PETR4) nesta sexta-feira (9), com o Ibovespa já em ritmo de Carnaval, os investidores de ambas as empresas têm motivo extra para festejar durante a folia, sem risco de voltar de ressaca após a longa pausa na B3 até a Quarta-feira de Cinzas (14). 

Os números robustos divulgados na noite de quinta-feira (8) sobre a produção da petrolífera e o lucro recorde do banco público mostram que as estatais estão conseguindo conciliar desempenho operacional e financeiro com o retorno aos acionistas, afastando os riscos de intervenção política na gestão.

Enquanto a Petrobras divulgou dados bons e sem surpresas, negativas ou positivas, no consenso entre analistas, o BB registrou um lucro recorde no primeiro ano do governo Lula, de R$ 35,562 bilhões, superando os concorrentes privados em termos de rentabilidade. Apenas no trimestre passado, o lucro do BB foi de R$ 9,442 bilhões, alta de 4,8%.  

Arte: InvestNews

Por sua vez, a produção média total de óleo e gás natural da petrolífera alcançou 2,94 milhões de barris por dia entre outubro e dezembro de 2023, 2,0% acima do trimestre anterior. Na área do pré-sal, o crescimento foi de 3,5%. Os números foram considerados dentro do esperado pela XP, Guide, BTG e Ativa Investimentos.

Já o Citi destaca, em nota a clientes, que os números operacionais da Petrobras sustentam uma boa performance financeira ao final de 2023, com as maiores exportações de óleo no período (+7,5%) compensando os preços mais baixos dos combustíveis. Para o Goldman Sachs, a produção em linha com a expectativa reduziu o impacto dos números na B3.

E os dividendos?

Daí porque o foco se voltou para os proventos. No caso da Petrobras, analistas indicam que além dos dividendos previstos no plano estratégico, existe a chance de pagamentos extraordinários, a depender do valor que a estatal pretende manter em caixa, em meio às regras de governança corporativa e à meta do governo federal de déficit fiscal zero

“Considerando-se a difícil situação fiscal do Brasil e o fato de que o plano estratégico estabeleceu US$ 8 bilhões como caixa de referência, a Petrobras poderia pagar ainda mais do que os US$ 5,5 bilhões que projetamos para dividendos extraordinários, mantendo-se em total conformidade com sua governança corporativa”

XP Investimentos, em relatório

Essa avaliação está alinhada com a estimativa do Safra e do BTG Pactual. Para o primeiro, os reajustes nos preços dos combustíveis e a tendência da cotação do barril de petróleo no mercado internacional trazem maior conforto aos investidores em relação à estatal, que também tem avançado nas regras de governança. 

Já o BTG Pactual espera dividendos extraordinários da Petrobras, que podem alcançar US$ 7,1 bilhões e US$ 4,3 bilhões no último trimestre de 2023 e em 2024, respectivamente. Sem essa conta extra, a previsão do banco é de que a petrolífera distribua US$ 3,6 bilhões em dividendos referentes ao quatro trimestre do ano passado e US$ 12,2 bilhões neste ano. 

“Reconhecemos que não é óbvio que a companhia irá distribuir todo o potencial extraordinário de dividendos, mas seguimos confiantes de que há espaço em caixa para uma remuneração que exceda sua política de distribuição”, dizem os analistas do BTG Pactual, em relatório.

BB x Itaú

Enquanto os analistas ainda fazem as contas em relação aos proventos a serem distribuídos pela Petrobras, o BB já aprovou o pagamento de aproximadamente R$ 630 milhões em dividendos e R$ 1,751 bilhões em juros sobre o capital próprio (JCP), a partir do próximo dia 29. As ações ficam  “ex” no dia 21 de fevereiro.

Mas o melhor ainda está por vir. Para 2024, o BB anunciou um aumento do porcentual do lucro que será distribuído na forma de dividendos neste ano, passando de 40% para 45%. Isso significa que o retorno aos acionistas pode chegar a R$ 17 bilhões, considerando o guidance sugerido pelo banco para este ano, de lucro de R$ 37 bilhões a R$ 40 bilhões. 

“O guidance de lucro líquido do BB neste ano é bastante positivo, o que, em conjunto com o aumento do payout demonstram um importante alinhamento da diretoria com os seus acionistas, sustentando a tese de uma rentabilidade ainda elevada para frente”

Pedro Serra, analista da Ativa Investimentos, em comentário 

Durante coletiva de imprensa, o CFO do banco, Geovanne Tobias, afirmou que prefere ter a estabilidade do percentual a ser pago aos acionistas do que ter um payout baixo com dividendos extraordinários, como fez o Itaú. Para o executivo, o rival privado deve estar guardando capital para fazer alguma aquisição. 

Aliás, chama a atenção a imparável briga entre o Itaú e o Banco do Brasil pelo primeiro lugar. Ambos tiveram lucro recorde em 2023, mas enquanto a performance histórica do BB foi no acumulado de todo o ano passado, a do Itaú nunca tinha sido vista em cem anos da instituição até os últimos três meses, totalizando R$ 9,5 bilhões. 

BB x Itaú

Lucro/TrimestreBB (bilhões/R$)Itaú (bilhões/R$)
1T238,28,1
2T238,78,7
3T238,79,0
4T239,49,5

Ambos estiveram empatados no segundo trimestre de 2023, com lucro de R$ 8,7 bilhões, cada, sendo que o BB havia largado na frente no início ano passado, com lucro de R$ 8,2 bilhões no primeiro trimestre, ante R$ 8,1 bilhões do Itaú.

Ainda assim, o Itaú registrou lucro líquido em 2023 exatamente igual ao do BB, de R$ 35,6 bilhões. Porém, com um aumento anual de 15,7%, tirou do BB a primeira posição alcançada em 2022.

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