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Por que as pessoas fazem mais parcelas e pagam mais juros? Veja o que diz estudo

Propensão humana de escolha de números redondos, prazos maiores e menor valor de pagamento explica comportamento.

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O que é melhor: comprar um produto, como um celular, por R$ 1 mil em 8x de R$ 125, ou seja, sem juros, ou comprar o mesmo aparelho em 12x de R$ 100?

O preço não é o mesmo. Em um caso, sai por R$ 1 mil. Em outro, por R$ 1200. Mas as pessoas tendem a escolher o preço mais alto. É o que explica um estudo do MIT, o Massachusetts Institute of Technology, que mostra a propensão humana para escolher números redondos, prazos maiores e o menor valor ao definir fazer pagamentos, mesmo que seja preciso pagar mais caro.

Produzido por um professor do MIT e dois outros pesquisadores da Universidade Brigham Young, em Utah, todos americanos, o trabalho, segundo os autores, demonstra uma tendência contraditória e dolorosa (para o bolso) de consumo.

Os três economistas analisaram contratos de empréstimo para compra de automóveis feitos por 2,4 milhões de pessoas, moradores dos 50 estados americanos, em 319 diferentes financeiras dos Estados Unidos. 70% dizem respeito a empréstimos feitos entre 2012 e 2015, enquanto os demais recuam até 2005. Correspondem a 5% do tamanho mercado no período.

Outros 1,3 milhão de empréstimos foram analisados para determinar uma média da situação financeira dos americanos em cada momento pesquisado, mas não contabilizados.

Um elemento-chave do trabalho foi analisar a nota de crédito dos clientes. Quanto mais alta, menores os juros oferecidos nos empréstimos. Com base na renda, calculava-se quanto cada pessoa podia pagar de prestação. Comprado o carro, os pagamentos seriam feitos mensalmente.

Menos prazo resultava em um valor menor a pagar. Mais prazo resultava em um valor maior. Se a demora em quitar resulta numa dívida maior e a pessoa tem condições financeiras, a lógica é escolher o menor tempo possível. Até porque, a 4% ao ano, a conta chegava a quase um quarto do valor contratado no prazo maior.

Mas não é assim que funciona na esmagadora maioria dos casos, segundo esse estudo. Os resultados mostraram três fenômenos.

1. As pessoas calculam as prestações mais focadas no prazo que podem ter do que no quanto isso vai custar. Por exemplo, muitas preferiam juros maiores se podiam ter seis meses a mais para pagar as prestações.

E não é pouca coisa. Um aumento de 10% no prazo de pagamento de uma dívida de cinco anos, indo de 60 para 66 meses com juros de 5% ao ano, resultava em 8,3% a mais de juros. Em uma dívida de US$ 20 mil, isso significa US$ 1708 pagos a mais pelos seis meses de prazo extra.

Mas se a opção fosse de redução dos juros, mantido o prazo de 60 meses, de 5% para 4,5% ao ano, o custo seria só de 1,7% ou US$ 340.

O estudo sugere: as pessoas não são boas em calcular juros compostos, isto é, juros sobre juros. Por isso, preferem mais prazo a uma taxa menor, que seria mais benéfica.

O trabalho calcula que em dez anos, de 2009 a 2018, os consumidores americanos gastaram US$ 76 bilhões pagando a mais por financiamentos em troca de mais tempo para pagar.

2. As pessoas também pegam mais dinheiro emprestado do que precisam. Levando em conta a renda dos endividados, pela forma de fazer e de encerrar dívidas, é comum usar uma contabilidade mental para definir como será gasta certa quantia. Se gastam mais pagando divida, consomem menos. Tendem por isso a pagar menos do que podem pagar,  usando o dinheiro em outra coisa.

3. As pessoas preferem valores redondos. Eram bem mais comuns empréstimos com prestações com valores redondos, como US$ 100, do que com valores quebrados.

São mais fáceis de contabilizar, o que leva à repetição de um hábito que na verdade é humano. Convivemos de diversas maneiras com o sistema decimal por ser simples. É natural que influencie a maneira como as pessoas fazem dívida.

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