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Finanças

Proporção de mulheres que investem na B3 caiu na última década, de 25 a 22%

Mesmo assim, houve crescimento do número de contas de investidoras da bolsa de valores.

Entre as mais de 6 milhões de contas de investidores pessoas físicas da B3, bolsa de valores brasileira, a proporção de mulheres caiu na última década, de 25,21% em 2013 para 22,95% em 2022, enquanto que a de homens passou de 74,79% para 77,05% no mesmo período. Em 2023, a parcela total delas na bolsa de valores tem registrado patamares ainda menores, sendo apenas 22,89% até o fim de fevereiro, na comparação com 77,11% deles.

Com isso, pode-se dizer que os níveis de representatividade feminina nos investimentos de renda variável vêm caindo ao longo dos anos. 

Caritsa Moreira, analista da VG Research, comenta que esses números refletem “questões culturais e sociais, sobretudo em países emergentes”, que sofrem com questões relacionadas à desigualdade de gênero, ao baixo conhecimento e à falta de acesso à informação. 

Ela ainda acrescenta que “as mulheres tendem a ser mais conservadoras” e evitam o risco nos investimentos, de maneira geral. “Assim, investir em renda variável ainda é um desafio para o público feminino”, diz. 

Na mesma linha, Jaiana Cruz, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, menciona que o “Brasil é um país muito atrasado em termos de educação financeira” e as mulheres acabaram sendo ainda mais prejudicadas neste sentido. 

“Historicamente, nós (mulheres) sempre fomos muito cobradas para cuidar das responsabilidades familiares ao invés de, por exemplo, adquirir conhecimento sobre finanças.” 

Jaiana Cruz, planejadora financeira e sócia da AVG Capital.

Ela ainda pontua que, “naturalmente, isso resultou não apenas em mulheres menos preparadas para lidar com assuntos que envolvem dinheiro, como também mais hesitantes para arriscar em investimentos como bolsa de valores”. 

Cai a representatividade, mas cresce a quantidade

Apesar do dado negativo de representatividade, o número de contas de mulheres que investem na bolsa de valores cresceu no acumulado de todo o período. Em 2013, eram 148.548 contas de investidoras, hoje são 1.397.119 – um forte crescimento de mais de 838%. 

Vale lembrar que o critério do levantamento do perfil de investidores da B3 considera o Cadastro de Pessoa Física (CPF) inscrito em cada agente de custódia, ou seja, pode contabilizar o mesmo investidor caso ele possua conta em mais de um corretora.

Para Moreira, da VG Research, uma das razões que tem feito mais mulheres investirem na bolsa de valores é que, à medida que os anos vão passando, elas observam a depreciação do poder de compra – “sobretudo as que fazem questão de participar das finanças do lar” – e a necessidade de obter maiores retornos. 

“O avanço da participação feminina também está ligado ao empoderamento das mulheres, especificamente sobre a exploração de áreas que inicialmente não eram predominantes entre as mulheres.”

Caritsa Moreira, analista da VG Research.

Cruz, da AVG Capital, aponta que essa elevação vem de uma democratização do conhecimento nos últimos anos e, com isso, um crescimento do interesse feminino no assunto finanças. 

Agora, na comparação com os homens no mesmo período, a mudança foi de 440.727 para 4.706.244 contas de investidores, um crescimento de pouco mais de 967%. 

À vista disso, nota-se que houve uma disparidade (838% versus 967%), mesmo que não tão elevada, ao longo dos anos entre o percentual de crescimento das contas de investidoras em relação a investidores. 

Como mudar o cenário?

Para solucionar esse problema de desigualdade de gênero e níveis de oportunidade para as mulheres entrarem na bolsa de valores, Cruz, da AVG Capital, acredita que o caminho é investir na educação financeira.

“Na minha opinião, a educação financeira dentro das escolas e das universidades é a chave para trazer igualdade de gênero na bolsa de valores.” 

JAIANA CRUZ, PLANEJADORA FINANCEIRA E SÓCIA DA AVG CAPITAL.

Já para Moreira, da VG Research, “se houver maior disseminação sobre a participação das mulheres na bolsa de valores, a consequência natural é que outras entendam que esse tipo de investimento também pode pertencê-las”. 

“À medida que elas forem conhecendo o mercado, entenderão que existe a possibilidade de investimentos em ativos que respeitam os vários tipos de perfil”, finaliza. 

Quem são e de onde são as mulheres que investem na B3? 

Entre as mais de 1,3 milhões de contas de investidoras da B3, a maior parte delas registra estar na faixa etária de 26 a 35 anos (439.527), seguidas pelo intervalo de idade de 36 a 45 anos (403.677).

A maior parte dessas investidoras se concentra no estado de São Paulo (539.338), Rio de Janeiro (149.408) e Minas Gerais (136.272). 

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