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Finanças

Volume de ofertas de ações em 2020 foi o maior em 9 anos, diz Anbima

Com 40 companhias na fila dos IPOs para o 1º trimestre de 2021, cenário é promissor; fluxo do investidor nacional já acompanha o do estrangeiro.

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Apesar da crise provocada pela pandemia do coronavírus, 2020 foi um ano excepcional para a renda variável, que captou R$ 119,3 bilhões no período, segundo dados apresentados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) nesta quarta-feira (13).

Este foi o maior volume de ofertas públicas de ações desde 2011, em um cenário no qual os recursos levantados foram extremamente necessários para as companhias pagarem suas dívidas ou reforçarem seu caixa. Os IPOs (oferta pública inicial) levantaram R$ 45,3 bilhões, enquanto os follow-ons (ofertas subsequentes) foram da ordem de R$ 74 bilhões.

Segundo José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima, este foi um movimento inédito na renda variável. Ele explica que, em crises anteriores, o fluxo normal teria sido travar o mercado, mas em 2020 o movimento foi anticíclico. “Enquanto o PIB tinha forte queda, as empresas enxergaram uma saída na renda variável e os investidores estavam dispostos a capitalizar na crise”, afirmou. Esta demanda se intensificou no 3º e 4º trimestre de 2020.

Ele reforça que mesmo com a economia em frangalhos, alguns setores se consolidaram na crise, entre eles saúde, imobiliário e tecnologia, que foram fortemente beneficiados pela renda variável. “Teve captações menores com operações entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão, algo que não acontecia no Brasil”, diz.

Sem perspectivas claras sobre a recuperação econômica, a maior parte dos recursos captados nestas emissões foi para o caixa das companhias. Em 2020, as emissões primarias totalizaram R$ 65,7 bilhões, com forte crescimento no 4º trimestre, com R$ 27 bilhões de capital injetados nas empresas.

Quem comprou?

A novidade para 2020 foi a diminuição de investidores estrangeiros participando no mercado primário, onde ocorreram estas ofertas de ações. Em 2019, a presença dos investidores estrangeiros em follow-ons e IPOs era de 42,6%, participação que recuou em 2020 para 34,1%.

Em contrapartida, o mercado doméstico foi essencial na hora de ir às compras, com os fundos de investimento mantendo a sua participação (43%) e as ofertas prioritárias saltando para 11,8%.

Os investidores pessoa física também aumentaram, com participação de 7,2% nas ofertas públicas de ações em 2020. Em 2019, a presença deste público era de 7,1%. “Precisamos considerar que o mercado de capitais é bem maior, então o número de pessoas físicas comprando ações está crescendo com força”, aponta Laloni.

Para o vice-presidente da Anbima, esta redução no fluxo de estrangeiros na bolsa foi natural em função do crescimento do mercado nacional. Mesmo com os dois primeiros trimestres nebulosos na renda variável, o investidor doméstico foi às compras. Já na segunda metade do ano, com juros baixos, liquidez elevada e valorização do dólar, os mercados emergentes, entre estes o Brasil, ficaram atrativos para os gringos que reforçaram o seu apetite pelas ofertas de ações.

“Constituímos um mercado saudável no qual uma hora o investidor nacional está interessado e outra o investidor estrangeiro gera novas demandas de emissões e movimenta o mercado secundário”, explica Laloni.

Para ele, esta competitividade entre nacional e estrangeiro será extremamente positiva para 2021. “O ano de 2020 representou um salto para um mercado de capitais mais amplo, profundo e com mais liquidez tanto na renda fixa como na variável”, diz.

O que esperar?

Com cerca de 40 companhias na fila dos IPOs no primeiro trimestre de 2021, o vice-presidente da Anbima está bastante otimista e espera que este ano seja de movimento intenso na renda variável e também propicie a retomada de captações na renda fixa.

“Facilitam os juros no patamar de 2% ao ano e um investidor mais educado para correr riscos na renda variável”, aponta. Ele não descarta um novo “boom” nas ofertas de ações neste ano.

Questionado pelo InvestNews sobre a possibilidade de ativos ruins também chegarem ao mercado nessa nova onda de IPOs e apetite de risco, Laloni manifestou confiança. “Vejo com tranquilidade a nossa indústria de intermediários, entre estes bancos de investimentos que atuam nas ofertas, levantando dados consistentes”, afirmou.

Embora esteja entre as metas da Anbima ampliar o número de informações disponíveis para o investidor, fortalecendo a transparência, ele acredita que hoje o mercado está pouco concentrado em menos setores do que cinco anos atrás, quando tínhamos poucos ativos bons e liquidez concentrada no mercado.

Na agenda da associação para 2021, já figura ampliar o número de ofertas públicas, na espera de uma audiência com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para revisar as normas de abertura de capital.

Outra meta é fortalecer o marco legal de securitização, com mais transparência para os investidores sobre risco e informação de qualidade, além da simplificação do formulário de referência das companhias.

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