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Finanças

XP desaba mais de 20% em NY após resultado e perspectiva fraca para 1º tri

A XP afirmou que em 2022 a polarizada eleição no Brasil e a Copa do Mundo quebraram o padrão histórico de se beneficiar da performance de tarifas.

As ações da XP Inc. (XPBR31) chegaram a despencar quase 22% nesta sexta-feira (17), na esteira de resultado marcado por queda de 21% no lucro do quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, bem como declínio na rentabilidade sobre o patrimônio na base trimestral.

A XP afirmou que o quarto trimestre normalmente se beneficia da performance de tarifas e um mercado de capitais mais ativo, mas que em 2022 a polarizada eleição no Brasil e a Copa do Mundo quebraram esse padrão histórico.

Entre as principais conclusões da teleconferência sobre o balanço que contou com o diretor financeiro da plataforma de investimentos, Bruno Constantino, os analistas do UBS BB liderados por Thiago Batista citaram que os resultados da XP devem ser fracos no primeiro trimestre de 2023 e melhorar ao longo do ano.

Também disseram que provisões relacionadas à Americanas (AMER3) afetarão negativamente os resultado de janeiro a março deste ano, com um efeito de cerca de R$ 125 milhões no lucro líquido, e que as projeções da XP para 2023 implicam crescimento de receita de um dígito.

Às 16h31, os papéis da XP, que são listados em Nova York, desabavam 18,34%, a US$ 12,98. No pior momento, chegaram a US$ 12,4 (-21,96%) distante dos US$ 27 precificados no IPO em 2019 e da máxima intradia histórica do papel de US$ 53,08 em 2021.

Análises

Analistas do Credit Suisse cortaram a recomendação das ações para “underperform” após o balanço, bem como reduziram o preço-alvo de US$ 27 para US$ 15, avaliando que as perspectivas para a XP “permanecem muito desafiadoras” e é o momento de uma mudança na estratégia da companhia.

“O ambiente de juro mais alto por mais tempo está provando ser um grande desafio para o modelo de negócio da XP, cujo efeito é ainda mais exacerbado por uma reestruturação corporativa necessária, mas complexa e altamente desgastante”, afirmaram Marcelo Telles e Daniel Vaz, em relatório.

Analistas do BTG Pactual avaliaram que a deterioração nos números ocorreu mais rápido do que o esperado e disseram que “foi ruim não ter o presidente Thiago Maffra ou o presidente do conselho de administração/acionista controlador Guilherme Benchimol na teleconferência de um relatório anual tão importante”.

Eles acrescentaram que se a XP quiser aumentar seu ‘pool’ de lucros precisará se tornar mais um banco de investimento e menos uma “corretora pura”. “Essa transição não será fácil, tornando um bom modelo de ‘partnership’ ainda mais crucial à medida que assume mais riscos e se torna mais intensivo em capital.”

Eduardo Rosman e equipe afirmaram estar preocupados com mudanças contínuas no modelo de “partnership”, que também podem prejudicar a capacidade da XP de integrar/reter talentos/parceiros. “Um modelo de ‘partnership’ bom e confiável é fundamental.”

A XP projetou despesas totais, excluindo incentivos, neste ano entre R$ 5 bilhões e R$ 5,5 bilhões ante R$ 5,6 bilhões em 2022, enquanto estimou que o lucro líquido em 2023 fica entre R$ 3,8 bilhões e R$ 4,4 bilhões, avançando entre 6% e 23% sobre o ano passado.

Analistas do Goldman Sachs, que também consideraram os resultados fracos, avaliaram como um aspecto positivo a XP ter reconhecidos os “ventos contrários” na receita e enviado uma mensagem benigna sobre as despesas com vendas, gerais e administrativas, conforme relatório a clientes.

Na visão da equipe do BTG Pactual, um limite mais rígido para os custos é ótimo, mas eles ponderaram que pode ser tão radical que prejudicaria a moral da empresa.

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