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5 fatos para hoje: estrangeiros na B3 e regulação chinesa

Investidor estrangeiro retirou R$ 7 bilhões da bolsa brasileira em julho.

Fachada da B3

1- Estrangeiros retiram R$ 7 bi da B3 em julho

A maior incerteza diante da variante Delta da covid-19, que se tornou dominante em vários países, gerou preocupação sobre o crescimento global e motivou o investidor estrangeiro a retirar recursos da bolsa brasileira em julho. Os dados até o dia 28 mostram uma saída de R$ 7 bilhões, interrompendo um ciclo positivo desde março, com impulso da grande liquidez global e do otimismo com o avanço da vacinação.

Os dados da B3 mostram uma maior preocupação dos investidores com a recuperação da economia em todo o mundo e a possibilidade, com a variante Delta, de imposição de novas restrições – o que motiva a busca por ativos mais seguros, com a retirada de dinheiro de países emergentes. “Essa saída em julho pode ser interpretada como uma reavaliação menos otimista do crescimento global”, afirma Tony Volpon, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e estrategista-chefe da gestora WHG.

Apesar da onda de retirada de recursos em julho, o saldo no ano segue positivo em R$ 41 bilhões, conforme dados da bolsa. O dado de fluxo de investimentos não considera a entrada de recursos de estrangeiros para a participação em ofertas de ações, que ganharam corpo recentemente com a abertura de capital de novas empresas. No ano passado, o fluxo de capital estrangeiro na bolsa brasileira foi negativo em R$ 32 bilhões.

“Houve uma correção no mercado. Em relação ao mercado brasileiro, há ainda preocupações em torno da desaceleração da economia chinesa e como isso pode afetar os preços das commodities”, diz Volpon. Para o economista, o movimento tende a ser passageiro e ele não vê, até o momento, chance de o mercado voltar a operar com perspectivas recessivas. “Em até dois meses voltaremos à trajetória de recuperação.”

Para João Leal, economista da Rio Bravo, gestora fundada pelo ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, a fragilidade do ambiente institucional no Brasil amplifica esse resultado negativo. “A reforma tributária recentemente apresentada pelo governo merece destaque, devido às mudanças propostas para a tributação de dividendos. Essa insegurança jurídica é especialmente danosa.”

2- Trabalho remoto gerou economia de R$ 1,4 bi no Executivo federal

O trabalho remoto dos servidores públicos federais durante a pandemia gerou economia de R$ 1,419 bilhão, divulgou a Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia. O levantamento considerou a redução de gastos de custeio (manutenção da máquina pública) de março de 2020 a junho de 2021.

Ao todo, foram analisados cinco tipos de despesas: diárias; passagens e locomoção; energia elétrica; água e esgoto; e cópias e reprodução de documentos. De acordo com o Ministério da Economia, cerca de 190 mil servidores públicos federais continuam trabalhando de forma remota, o equivalente a 32% do total.

A digitalização dos serviços públicos contribuiu para a manutenção do trabalho remoto. Atualmente, o Portal Gov.br oferece 4.648 serviços, dos quais 3.284 (70,7%) são completamente digitalizados, dispensando a necessidade de o cidadão sair de casa. Outros 647 serviços (13,9%) são parcialmente digitalizados, requerendo o envio de documentos físicos ou a ida a alguma unidade de atendimento em alguma etapa, e 717 (15,4%) não são digitais, apenas iniciados pelo portal e executados fisicamente.

Segundo o levantamento, o maior volume de economia foi registrado com passagens e despesas com locomoção, com R$ 512,6 milhões que deixaram de ser gastos desde o início da pandemia. Em seguida vêm os gastos com diárias em viagens (R$ 450,2 milhões); energia elétrica (R$ 392,9 milhões); cópias e reproduções de documentos (R$ 57,7 milhões); e serviços de água e esgoto (R$ 5,9 milhões). Todos os valores foram atualizados pela inflação do período considerando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

3- Investidores temem repressão regulatória da China

Investidores do setor de tecnologia da China preocupavam-se mais uma vez com reguladores na terça-feira, temendo que a reportagem da mídia estatal que comparou os jogos de internet ao ópio sinalize um novo “front” na enxurrada de escrutínio que está sendo direcionada às grandes empresas.

O artigo foi posteriormente alterado para remover a historicamente carregada referência ao ópio, mas, junto da abertura de uma investigação em distribuidoras de chips automotivos, a ação agitou os mercados ainda doloridos das vendas na semana anterior.

A ação chinesa Tencent, gigante da mídia social para jogos, caiu 6% e foi momentaneamente destituída de seu posto de empresa mais valiosa da Ásia, com as ações do setor de semicondutores caindo enquanto as mudanças parecem desfazer a promessa das autoridades, de dias atrás, de uma pegada mais branda.

“Esse fluxo de ‘potenciais’ regulamentações constitui um tsunami de incertezas”, disse Richard Kramer, sócio-gerente da Arete Research.

A Administração Estatal para Regulamentação do Mercado da China disse que iniciou uma investigação sobre distribuidoras de chips automotivos porque suspeita de aumento de preços.

O veículo é afiliado à maior agência de notícias estatal da China, a Xinhua. O artigo logo desapareceu do site do jornal e do WeChat – e as ações da Tencent se recuperaram um pouco – depois, reapareceu sem a menção ao “ópio espiritual”.

Investidores acreditam que uma grande mudança está ocorrendo na China, à medida que o governo busca agressivamente uma reforma com o objetivo de cortar as pressões do custo de vida às custas das empresas.

As vendas caóticas na semana passada, desencadeadas pelo vazamento de detalhes de uma repressão no setor de educação, encerraram o pior mês para as ações chinesas em quase três anos, com os investidores preocupados sobre qual pode ser o próximo alvo.

“Vemos pouco risco de propagação global pela afirmação da China de maior controle sobre certos setores, mesmo que isso potencialmente provoque volatilidade do mercado”, disseram analistas do BlackRock Investment Institute em nota.

“Continuamos taticamente neutros em relação às ações da China e vemos um afrouxamento adicional da política monetária e fiscal como benéfico para os ativos cíclicos na China.”

4- Comissão da Câmara aprova convocação de Braga Netto

Uma comissão da Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira um pedido de convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, para que ele explique supostas ameaças sobre a realização das eleições do próximo ano.

Por se tratar de uma convocação, Braga Netto é obrigado a comparecer à Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara.

O pedido foi apresentado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) e tem como base reportagem publicada no mês passado pelo jornal O Estado de S. Paulo em que o ministro, por meio de um interlocutor, teria condicionado a realização da eleição de 2022 à adoção do voto impresso para as urnas eletrônicas.

“A suposta ameaça, se confirmada, se constitui em grave crime praticado contra o sistema democrático, definido constitucionalmente, fato este que precisa ser apurado pelo Parlamento brasileiro e demais órgãos estatais de investigação e controle e, se comprovada a ameaça, adotar as providências cabíveis, motivo pelo qual apresento o presente requerimento, oportunizando ao senhor ministro a oportunidade de esclarecer as supostas declarações”, segundo o pedido.

No dia da publicação da reportagem, Braga Netto leu publicamente uma nota em que negou ter feito ameaças, mas defendeu a discussão do voto impresso das urnas eletrônicas.

O presidente Jair Bolsonaro é o principal entusiasta da proposta do voto impresso , tendo já feito inclusive ameaças de não haver eleições caso o sistema atual não seja alterado, apesar de nunca ter havido provas de irregularidades e ser possível a auditoria dos resultados.

5- Câmara aprova projeto sobre regularização fundiária

A Câmara dos Deputados aprovou na noite da terça-feira projeto que trata da regularização fundiária de terras da União, em uma vitória para o governo do presidente Jair Bolsonaro que foi apontada por ambientalistas como um grande impulso para o desmatamento.

O texto-base da proposta foi aprovado por 296 votos a favor e 136 contra. Os deputados concordaram com o substitutivo global do deputado Bosco Saraiva (Solidariedade-AM) que flexibiliza regras para titulação das terras.

A Câmara rejeitou todos os destaques –pedidos para se alterar pontualmente o texto– e a proposta seguirá agora para análise do Senado.

Entre as modificações, o projeto aumenta o tamanho da propriedade ocupada que poderá ser regularizada com dispensa de vistoria pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que o projeto faz um “caminho do meio” entre as propostas da oposição e do governo. Ao final da votação, Lira agradeceu a posição de todos os líderes de terem permitido, com diálogo, a aprovação da proposta.

Lira rechaçou que o texto seja “o projeto da grilagem”, como denunciado por ambientalistas. “Ele está longe disso, respeita o produtor e regulariza a sua terra”, destacou.

Organizações de defesa do meio ambiente criticaram a aprovação da proposta.

“Ao aprovar o PL da grilagem, o recado que os deputados passam aos brasileiros é que vale a pena invadir e desmatar terra pública. Não há ninguém mais feliz que grileiro nesse momento, tendo governo e congresso a serviço deles. O desmatamento e a violência por terras ganham um grande impulso hoje”, disse Mariana Mota, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace, em nota.

André Lima, coordenador do Instituto Democracia e Sustentabilidade, disse que o projeto aprovado pela Câmara, associado ao projeto de licenciamento ambiental já aprovado pela Casa, “compõem um combo do maior desastre ambiental de dimensões continentais da década” e “deixará um rastro de desmatamento, queimadas e violência no campo, que será quase impossível reverter”.

O presidente Jair Bolsonaro é um dos principais defensores da proposta ao argumentar que vai permitir um aumento de áreas agricultáveis no país.

No final de 2019, Bolsonaro mandou uma medida provisória para o Congresso que tratava do assunto, mas –após intensa pressão, até mesmo internacional– a proposta perdeu a validade durante sua tramitação na Câmara.

Após a MP ter caducado, uma proposta espelhada no texto anterior foi apresentado e se tornou o principal texto em discussão.

(*Com informações de Reuters, Estadão Conteúdo e Agência Brasil)

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