Eleitores enfrentavam longas filas para votar neste domingo (2), em uma eleição realizada sob clima de tranquilidade, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apesar de uma campanha marcada pela tensão e pela polarização entre o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas e pode conquistar um inédito terceiro mandato presidencial já no primeiro turno.
Lula e Bolsonaro votaram praticamente ao mesmo tempo pela manhã, após seis pesquisas de intenção de voto divulgadas no sábado mostrarem que o petista tem alguma chance de liquidar a disputa agora.
O Ipec registrou Lula com 51% dos votos válidos –que excluem os brancos e nulos, e também os indecisos da pesquisa– e o Datafolha colocou o petista com 50%. Para vencer na primeira rodada de votação, um candidato precisa ter mais da metade dos votos válidos. Em ambas as pesquisas a margem de erro é de 2 pontos percentuais. Os dois levantamentos colocam Bolsonaro em segundo lugar, com 37% no Ipec e 36% no Datafolha.
Lula foi o primeiro a votar, em uma escola de São Bernardo do Campo (SP). Acompanhado de sua mulher, Rosângela da Silva, e do candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), entre outros aliados, o ex-presidente lembrou que foi impedido de votar em 2018 porque estava preso por condenação no âmbito da operação Lava Jato.
“É um dia mais do que importante para mim, não poderia deixar de dizer que quatro anos atrás eu não pude votar porque tinha sido vítima de uma mentira nesse país”, disse Lula a jornalistas após registrar seu voto.
O ex-presidente passou 580 dias preso entre abril de 2018 e novembro de 2019, mas agora não deve nada à Justiça, uma vez que suas condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro votou logo depois, no Rio de Janeiro, e voltou a ignorar os resultados das pesquisas para dizer que tem chances de vencer no primeiro turno.
O presidente chegou em comboio ao seu local de votação acompanhado de apoiadores, entre eles o deputado federal e candidato ao Senado Daniel Silveira (PTB), que recebeu indulto de Bolsonaro este ano depois de ser condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ataques às instituições democráticas.
Em entrevista a jornalistas após votar, Bolsonaro não respondeu diretamente quando perguntado se aceitará o resultado em caso de derrota: “A gente está tranquilo com (a vitória) em primeiro turno, e eleições limpas têm que ser respeitadas”, afirmou.
Bolsonaro tem questionado durante toda a campanha, sem apresentar provas, a integridade do sistema eleitoral e também colocou em dúvida a isenção de ministros da Justiça Eleitoral e de institutos de pesquisa.
No entanto, em 26 anos de adoção das urnas eletrônicas desde a primeira eleição com o equipamento, em 1996, nunca houve um caso sequer comprovado de fraude no sistema de votação. Tanto o TSE quanto especialistas independentes asseguram a segurança do sistema eleitoral brasileiro.
O presidente do tribunal, Alexandre de Moraes, disse que o processo eleitoral está transcorrendo “sem qualquer problema” e reiterou a segurança do sistema eleitoral e a confiança da população na Justiça Eleitoral.
“Estamos extremamente satisfeitos com o andamento das eleições de 2022”, disse Moraes em entrevista coletiva, acrescentando que foram registrados apenas incidentes isolados e já vistos em outras eleições, como o caso de um eleitor que destruiu uma urna em Goiás.
Sobre incidente em São Paulo em que um homem armado abriu fogo e feriu dois policiais do lado de fora de um local de votação, Moraes afirmou que o caso não teve qualquer relação com disputa eleitoral e foi “banditismo”.
Sobre as filas maiores do que de costume, Moraes disse que podem ser consequência de um aparente comparecimento maior dos eleitores, mas também uma consequência do uso da biometria nos locais de votação para identificação dos eleitores.
“Em algumas zonas eleitoras já foi verificado um aumento do número de eleitores, ou seja, um menor número de abstenção. Nós só vamos poder realmente saber depois o porquê, se eventualmente houver uma demora, se foi pelo aumento do número de eleitores ou eventualmente pela biometria”, disse Moraes.
Apesar das filas, afirmou, a situação não fugiu da normalidade. “Não há nenhum problema que necessite alguma medida por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, afirmou.
As urnas foram abertas em todo país às 8h e serão fechadas às 17h, pelo horário de Brasília. Os resultados serão divulgados ainda neste domingo.
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