As votações sobre se as regiões devem se tornar parte da Rússia começaram depois que a Ucrânia, no início deste mês, recapturou grandes áreas do território do nordeste em uma contraofensiva. A guerra da Rússia já matou dezenas de milhares de pessoas, desabrigou milhões e devastou a economia global.
Com o presidente russo, Vladimir Putin, também anunciando esta semana um recrutamento militar para que 300 mil soldados lutem na Ucrânia, o Kremlin parece estar tentando recuperar a vantagem no conflito.
E ao incorporar as quatro áreas à Rússia, Moscou poderia retratar os ataques para retomá-las como um ataque à própria Rússia, um alerta para Kiev e apoiadores ocidentais.
Putin disse na quarta-feira que a Rússia “usará todos os meios à nossa disposição” para se proteger, uma alusão às armas nucleares.
Os referendos foram discutidos durante meses pelas autoridades instaladas por Moscou nas quatro regiões – no leste e sudeste da Ucrânia -, mas as recentes vitórias de Kiev no campo de batalha levaram a uma ação para agendá-los.
A votação nas províncias de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, que representam cerca de 15% do território ucraniano, deve ocorrer de sexta a terça-feira (27).
Serhiy Gaidai, governador da região de Luhansk, na Ucrânia, disse que na cidade de Starobilsk, as autoridades russas proibiram a população de deixar a cidade até terça-feira e grupos armados foram enviados para revistar casas e coagir as pessoas a sair para participar do referendo.
“Hoje, a melhor coisa para o povo de Kherson seria não abrir suas portas”, disse Yuriy Sobolevsky, o primeiro vice-presidente ucraniano deslocado do conselho regional de Kherson, no aplicativo de mensagens Telegram.
Os referendos foram condenados pela Ucrânia, líderes ocidentais e as Nações Unidas como um precursor ilegítimo e coreografado da anexação ilegal. Não haverá observadores independentes e grande parte da população pré-guerra fugiu.
A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que monitora eleições, disse que os resultados não teriam relevância legal, pois não estão em conformidade com a lei ucraniana ou os padrões internacionais e as áreas não são seguras.
Gaidai disse que na cidade de Bilovodsk, controlada pelos russos, um diretor de empresa disse aos funcionários que o voto era obrigatório e que qualquer pessoa que se recusasse a participar seria demitida e seus nomes divulgados aos serviços de segurança.
A Rússia sustenta que os referendos oferecem uma oportunidade para as pessoas da região expressarem sua opinião.
A Ucrânia diz que nunca aceitará o controle russo de qualquer território e lutará até que o último soldado russo seja expulso.
2/3/2022
REUTERS/Viacheslav Ratynskyi