Saiba tudo sobre o IGP-M: o que é, o que compõe e mais

O que é o IGP-M – Índice Geral de Preços do Mercado?

“O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) é um indicador composto por outros três índices e é usado para medir a inflação de vários estágios da economia, desde os preços pagos no atacado até o consumidor final”, explica Lenon Rissardi, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.

Ele foi criado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) para medir os preços de forma geral, de maneira que abrangesse os reflexos da inflação sobre toda a cadeia produtiva e não somente os efeitos sobre o bolso do consumidor final.

Segundo a instituição, “o IGP é um indicador mensal do nível de atividade econômica do país, englobando seus principais setores”.

Ele é utilizado tanto como indicador macroeconômico, que permite uma análise da situação da economia e da inflação brasileira, quanto como taxa referência em contratos de empresas prestadoras de serviço de diversas categorias.

O que é o IGP-M acumulado?

Quem calcula o IGP-M é a FGV, mensalmente, considerando o período que compreende do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de coleta. 

O IGP-M acumulado é o valor que o índice acumula ao longo de um determinado período de tempo, que geralmente é de 12 meses.

O valor do IGP-M acumulado no ano é resultante de uma lógica similar à dos juros compostos.

EX: usando como base os meses de janeiro e fevereiro de 2022, cujas variações mensais foram de 1,82% e 1,83%, respectivamente, faremos o cálculo do valor acumulado no ano até fevereiro.

A conta seria: 1,0182 x 1,0183 = 1,0368

Voltando para a porcentagem, temos como resultado 3,68%.

OBS: Isso ocorre porque, neste caso, como se trata de um aumento percentual, os valores percentuais assumem a forma de 1 (fator multiplicativo) + o valor do índice (dividido por 100), já que porcentagem significa por cento, ou seja, dividido por 100. 

Temos 100% (o valor inicial de algo) e o aumento de 1,82% em janeiro.

• 100/100 = 1
• 1,82 / 100 = 0,0182
• 1 + 0,0182 = 1,0182

O que é o Tesouro IGP-M?

Lenon esclarece que o tesouro IGP-M é um título público que possui sua rentabilidade atrelada à variação do índice IGP-M acrescido de juros combinados no momento da aquisição.

Ou seja, um investimento pós-fixado, o qual não se sabe quanto renderá no momento da compra..

O título foi ofertado ao mercado pelo Tesouro Nacional de 2002 a 2006 e possuía rentabilidade híbrida, comum em alguns investimentos de renda fixa, como o Tesouro IPCA+, título do Tesouro Direto, já que havia uma taxa de juros pré-definida (valor fixo) somada à variação do índice IGP-M (valor variável).

Hoje em dia ele não está mais disponível, mas o tesouro IGP-M possuía o pagamento de juros semestrais e vencimentos até 2031.

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O que compõe o IGP-M?

Como dito por Lenon, o IGP-M é formado por 3 índices.

Confira abaixo o que compõe o IGP-M:

• Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) 
• Índice de Preços ao Consumidor (IPC) 
• Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) 

Segundo a FGV, “Os pesos de cada um dos índices componentes correspondem a parcelas da despesa interna bruta, calculadas com base nas Contas Nacionais”

Ou seja, o IGP-M é composto pela análise de alguns setores, como a construção civil, a indústria e os serviços, que são avaliados em diferentes pesos de acordo com sua contribuição às contas públicas.

Como funciona?

O IGP-M funciona como um termômetro da economia.

Como analisa a movimentação dos preços de itens do cotidiano, quanto maiores seus valores, maior o índice IGP-M. 

Ele também é um indexador, uma taxa referência muito utilizada em reajustes de tarifas de serviços e contratos como mensalidade de escolas e universidades, aluguéis de imóveis, tarifas de energia e até planos de saúde, já que acompanha a evolução dos preços no mercado, por isso influencia no seu dia a dia.

“O IGP-M é utilizado amplamente na fórmula paramétrica de reajuste de tarifas públicas (energia e telefonia), em contratos de aluguéis e em contratos de prestação de serviços”, diz o portal do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV.

Seu apelido “inflação do aluguel” vem justamente do fato de que geralmente o reajuste anual dos contratos de aluguel possui o IGP-M como base.

O índice também pode influenciar seus investimentos, já que ele mede a inflação, ou seja, o quanto o dinheiro está valendo, além de estar associado à algumas aplicações.

Além dele, a cada 10 dias, a FGV divulga as variações prévias do índice, o IGP-10, juntamente com o IGP-M acumulado.

Também há o IGP-DI, que calcula a variação do mês inteiro, ou seja, do dia 1 ao dia 30, ou 31, de cada mês.

Como calcular?

A FGV coleta dados de diversos setores da economia brasileira em todo o país e é responsável pelo cálculo do IGP-M.

Lenon esclarece que o IGP-M é calculado a partir de outros três índices de preços, cada um com um peso diferente: o IPA-M, que corresponde a 60% do cálculo, o IPC-M, com peso de 30% e o INCC-M, com 10%.

Segundo a FGV, o cálculo do IGP-M leva em conta a variação de preços de bens e serviços, bem como de matérias-primas utilizadas na produção agrícola, industrial e construção civil. 

“Dessa forma, o resultado do IGP-M é a média aritmética ponderada da inflação ao produtor (IPA), consumidor (IPC) e construção civil (INCC)“, diz o IBRE.

IPA-M

Lenon explica que no IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo do mercado) o cálculo é feito entre os dias 21 do mês anterior e o dia 20 do mês de referência, sobre a evolução dos preços de produtos agrícolas e industriais no setor de atacado.

Ou seja, é ele que monitora a variação dos preços percebidos pelos produtores.

IPC-M

“O IPC (Índice de Preços ao Consumidor do mercado) mede a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços componentes de despesas habituais de famílias com nível de renda situado entre 1 e 33 salários mínimos mensais”, explica Lenon.

Dessa forma, o IPC acompanha os preços que impactam diretamente o consumidor final, de forma semelhante ao IPCA.

INCC-M

Segundo a FGV, o INCC apresenta os custos para a construção civil, sendo responsável pela análise da variação de preços de materiais de construção e custo de mão de obra especializada coletados em 7 capitais do Brasil. 

Tabela atualizada com o valor do IGP-M em 2023

Em abril de 2023 o índice recuou 0,95% e com isso acumulava queda de 2,17% em 12 meses, primeiro desempenho negativo desde fevereiro de 2018 no acumulado.

Confira abaixo a evolução mensal do IGP-M e seu respectivo valor acumulado em 12 meses.

Mês dereferência	Evolução mensal (%)	Acumulado anual (%)	Acumulado em 12 meses (%)
abr/23	-0,95	-0,75	-2,17
mar/23	0,05	0,20	0,17
fev./23	0,06	0,15	1,86
jan./2023	0,21	0,21	3,79
dez./22	0,45	5,46	5,46
nov./22	-0,56	4,99	5,9
out./22	-0,97	5,58	6,52
set./22	-0,95	6,61	8,25
ago./22	-0,7	7,63	8,59
jul./22	0,21	8,39	10,07
jun./22	0,59	8,17	10,7
mai./22	0,52	7,53	10,71
abr./22	1,41	6,97	14,65
mar./22	1,74	5,49	14,77
fev./22	1,83	3,68	16,12
jan./22	1,82	1,82	16,92

Calendário

O IGP-M é divulgado ao final de cada mês. 

Por ora, o calendário completo de divulgação do indicador ainda não foi informado pelo Ibre, da FGV. Confira abaixo as datas que já foram definidas:

• Janeiro: 30/01/2023
• Fevereiro: 27/02/2023
• Março: 30/03/2023
• Abril: 27/04/2023

Diferença entre IGP-M e IPCA

“O IGP-M tem um foco maior nos produtos de atacado e naqueles relacionados à produção. Já o IPCA foca no varejo para o consumidor final, o que traz uma diferença relevante de valores”, explica Lenon.

O IPCA é calculado pelo IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), uma instituição do Estado) e é um índice de preços com foco apenas no consumidor que representa o consumo de famílias com renda entre 1 a 40 salários mínimos.