Siga nossas redes

Risco sacado: o que é e como funciona essa operação?

Operação também chamada de forfait ou confirming consiste na antecipação dos recebíveis pelos fornecedores; confira os detalhes.

Crédito: Adobe Stock

O risco sacado se tornou um assunto mais comentado desde o caso Americanas.

Mas o que é essa operação e como ela pode afetar uma empresa?

A operação de risco sacado funciona como uma modalidade de crédito disponível para as empresas que possibilita que seus fornecedores antecipem os recebíveis com vencimentos futuros.

Essa transação também pode ser chamada de forfait ou confirming.

Confira abaixo algumas informações sobre o que é o risco sacado e como funciona, quais suas vantagens e desvantagens, e como contratá-lo.

Risco Sacado: o que é?

“O risco sacado é uma modalidade de antecipação de recebíveis. Nas relações comerciais é comum a empresa compradora ou tomadora do serviço exigir um prazo para efetuar o pagamento, mas muitas vezes o fornecedor não tem fluxo de caixa para aguardar a data do vencimento. Neste momento, surge a necessidade de antecipar os recebíveis”, explica Robson Casagrande, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.

Essa operação pode ser disponibilizada por bancos, instituições financeiras ou pela empresa que está contratando um serviço ou comprando um produto.

Como funciona?

Casagrande esclarece que nas operações de risco sacado, a empresa compradora, em conjunto com uma instituição financeira, oferece o serviço de antecipação para os seus fornecedores.

O cedente (fornecedor) emite a nota fiscal concedendo um prazo para o sacado (comprador) efetuar o pagamento, enquanto a instituição financeira antecipa o valor à vista para o cedente e torna-se a credora da operação, ou seja, a empresa compradora agora deverá pagar a instituição financeira e não mais o seu fornecedor.

De forma resumida, aqui temos:

  • O sacado (comprador), que deve pagar pelo serviço ou produto adquirido
  • O cedente (fornecedor), quem tem o direito aos recebíveis
  • Financiador (a), que pode ser uma instituição financeira, como o banco

No risco sacado, o cedente (fornecedor) emite uma fatura com um prazo cujo valor a pagar é antecipado pela fonte financiadora e, posteriormente, essa instituição financiadora recebe o pagamento do cliente (o comprador) na data de vencimento deste documento. 

Ou seja, a financiadora pagará o fornecedor, mas a empresa contratante deverá pagar o “empréstimo” até o final do prazo de pagamento. Por isso o nome risco sacado, já que o banco pode não receber o valor acordado.

Vantagens do risco sacado 

Um dos pontos positivos do risco sacado é a oportunidade que a empresa contratante recebe de poder organizar suas finanças durante a extensão desse prazo.

“Este tipo de operação é uma alternativa para as empresas estenderem o seu prazo de pagamento aos fornecedores, aliviando assim o seu fluxo de caixa. A operação também é interessante para os fornecedores que recebem este valor à vista mantendo um fluxo de caixa e mitigando o risco de inadimplência”, aponta Robson.

Para o sacado (empresa contratante), o risco sacado pode facilitar as negociações, além de aumentar os prazos de compras e otimizar o fluxo de caixa.

Essa operação de crédito possui garantia do banco e da empresa, além de menores taxas para as companhias. Outro benefício é o fortalecimento do vínculo entre a empresa contratante e o fornecedor.

Já para o cedente (fornecedor) algumas das vantagens são o dinheiro em caixa em um menor prazo, automatização do processo e uma maior liberdade e facilidade para negociar.

O risco sacado também é isento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), diferentemente de um empréstimo pessoal ou financiamento, por exemplo.

Desvantagens

Assim como no caso Americanas, se não bem gerenciado, o risco sacado pode se tornar um problema para a empresa.

Robson explica que muitas empresas que utilizam essa modalidade de crédito possuem margens apertadas e, em momentos de juros elevados, isso acaba impactando negativamente o resultado financeiro dessas companhias.

Segundo um comunicado de alerta da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) emitido em 2016 para orientar as empresas quanto aos riscos dessa operação, “o fornecedor emite uma fatura que contempla o prazo a ser financiado pelo banco, porém não reconhece em sua contabilidade a venda pelo valor presente.

E com isso, apresenta um Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) maior. A companhia compradora, por sua vez, não reconhece um passivo oneroso junto ao banco, mas o passivo de funcionamento “fornecedores”: seu estoque fica inflado e a margem bruta com vendas distorcida”.

Novamente, em janeiro de 2021, a instituição emitiu um novo ofício que mencionava o assunto.

“As áreas técnicas da CVM entendem que os auditores devem dedicar especial atenção a estas operações, sobretudo quando envolverem companhias altamente alavancadas (endividadas), pelo potencial risco de distorção da realidade econômica a ser reportada (gerenciamento de estrutura de capital)”. 

Omitindo essa informação sobre as dívidas bancárias, a companhia evita a percepção real de sua alavancagem financeira, que é um dos pontos analisados por bancos e corretoras nos balanços e que determinam a sugestão, ou não, de compra das ações das empresas. 

Como contratar o risco sacado

Existe mais de uma instituição capaz de fornecer o acesso ao risco sacado. Confira abaixo o processo dessa operação por meio do banco.

Fornecedores

Ao vender uma mercadoria ou serviço a uma empresa, o fornecedor emite uma nota fiscal, que firma o compromisso de pagamento com a contratante.

Essa nota deve ser registrada no sistema contratado, sendo enviada para o banco por meio do EDI financeiro, uma ferramenta que automatiza e integra os processos das empresas e seus bancos, e reservada junto com outros títulos em seu sistema de risco sacado.

Assim que o produto for entregue ou o serviço realizado, o fornecedor poderá escolher qual das notas registradas irá antecipar, ficando disponível para ele a simulação e contratação da operação quando e como for mais vantajoso.

O fornecedor pode entrar em contato com o EDI do banco onde estão esses títulos, solicitando a antecipação do pagamento. 

Caso não seja antecipado até o prazo final, de sete dias até a data do vencimento, o título sai automaticamente do sistema de Risco Sacado e retorna para agendamento de pagamento na data determinada.

Procura mais informações sobre empresas e investimentos? Confira nossos guias sobre risco de liquidez e especulação financeira.

Abra sua conta! É Grátis

Já comecei o meu cadastro e quero continuar.