Segundo as estimativas compiladas pela Bloomberg e reunidas pelo BTG Pactual, a receita líquida combinada de 129 companhias deve ter uma queda de 2,7% no trimestre encerrado em setembro na comparação com igual período do ano passado. Já o lucro deve ter um recuo de 29,2%; o Ebitda, uma medida de lucro operacional, deve apresentar baixa de 8,4%.
É verdade que a alta do Ibovespa vista até aqui é explicada pela maior procura dos estrangeiros por ações brasileiras, consideradas mais “baratas” do que as americanas atualmente. Ainda assim, se os balanços apresentarem números piores, as ações tendem a reagir e se ajustar à realidade apresentada pelas companhias.
O efeito da Selic, em 15% desde junho deste ano, deve ser percebido na linha das despesas financeiras das companhias. É simples: com juro maior, a dívida das companhias fica mais cara. Quem tem empréstimos pós-fixados sente o impacto diretamente e quem precisa rolar a dívida o fará com taxas mais caras. Os setores que mais sofrem são aqueles tipicamente ligados à economia doméstica, como varejo, construção e educacional, além das empresas altamente endividadas, claro.
Antes de toda a divulgação de balanços, os investidores já compram ou vendem ações baseados em expectativas para os resultados da empresa. É o que, no jargão de mercado, chamamos de “precificar” um cenário. Porém, há sempre uma boa probabilidade dos balanços virem piores do que o esperado – o que pode motivar uma nova leva de vendas de ações.
O mercado tende a se “antecipar” aos resultados, o que significa dizer que os preços dos papéis vão se ajustando ao longo do tempo para refletir o cenário esperado. Se houver piora, porém, uma nova leva de vendas de ações pode acabar acontecendo.
A equação tende a ser positiva para a bolsa à medida que as companhias maiores, caso dos bancos, da Vale, da Petrobras, por exemplo, entreguem resultados fortes. E, nessa frente, o cenário ainda é um pouco dividido.
No caso da estatal de petróleo, por exemplo, o consenso dos analistas aponta para uma queda de 39% no lucro e de 8,5% na receita na comparação anual. Já a mineradora deve ter um aumento de 8,5% na receita e 4,4% no lucro na comparação anual, em boa parte explicado pelos maiores preços do minério de ferro, já na faixa dos US$ 100, além de alto volume de vendas e custos em queda.
Veja a seguir as datas de divulgação dos resultados das empresas.