Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (1º), a Strategy informou ter adquirido mais 130 unidades de BTC entre 17 e 30 de novembro, após ficar uma semana em silêncio sobre novas aquisições. Com isso, a empresa passou a deter 650 mil bitcoins, o equivalente a cerca de US$ 54 bilhões.
As compras ocorreram enquanto o mercado acompanhava de perto os movimentos da companhia, que, pela sua relevância, servem como um “termômetro” para o setor. A estratégia da companhia se tornou especialmente importante após um executivo levantar a possibilidade de venda de bitcoins caso a empresa precisasse recorrer ao ativo para financiar seus próprios pagamentos.
Essa incerteza foi um dos fatores que pressionaram o mercado cripto neste início de mês. Hoje, o BTC é negociado a US$ 84.465, com queda de 8% nas últimas 24 horas. As principais altcoins, as demais criptos além do bitcoin, também caem.
Reserva em dólar
A Strategy também anunciou a criação de uma reserva de US$ 1,44 bilhão para apoiar o pagamento de dividendos das ações preferenciais. Havia dúvidas entre analistas de que companhia poderia enfrentar dificuldade nesse compromisso.
“A criação de uma reserva em dólar para complementar nossa reserva em BTC marca o próximo passo em nossa evolução e acreditamos que nos posicionará melhor para navegar pela volatilidade do mercado a curto prazo, enquanto cumprimos nossa visão de sermos o principal emissor mundial de crédito digital”, disse Michael Saylor, fundador e presidente executivo da companhia.
Mesmo com o reforço no caixa e as aquisições de moeda americana, as ações da Strategy operam em queda de 11% nesta segunda-feira, a US$ 157,71. No acumulado do ano, o recuo chega a 47% – mais do que o dobro da desvalorização do bitcoin no período.
E o Brasil?
Já a OranjeBTC, maior “bitcoin treasury company” brasileira, repetiu o movimento adotado no fim de outubro: recomprou suas próprias ações entre 24 e 30 de novembro e suspendeu novamente as compras de bitcoin. Ao todo, foram readquiridos 78.500 papéis.
Em comunicado também divulgado nesta segunda, a empresa explicou que “uma pressão vendedora levou a cotação das ações a operar abaixo de 1 vez o mNAV” e que, diante dessa mudança de cenário, “decidiu não executar as compras de bitcoin originalmente previstas”.
O mNAV corresponde ao valor patrimonial ajustado pelo mercado. Qualquer valor abaixo de 1 vez o mNAV significa que o preço de mercado da ação está mais barato do que os ativos que ela representa. Em outras palavras, significa que as ações estão sendo negociadas abaixo do valor patrimonial.
Ladeira abaixo
A OranjeBTC estreou na bolsa em 7 de outubro por meio de um IPO reverso, ou seja, quando uma empresa já listada é usada como veículo para que outra companhia, ainda fechada, passe a negociar suas ações na bolsa de forma mais rápida, sem o processo tradicional de abertura de capital. O movimento ocorreu um dia após o bitcoin atingir sua máxima histórica, de US$ 126 mil.
Desde então, o BTC desabou e perdeu 30% de seu valor, pressionado pelo ambiente macroeconômico e pela maior aversão ao risco, diante do receio em relação ao futuro da política monetária americana – uma eventual pausa no ciclo de corte juros pelo banco central dos EUA prejudica a busca por ativos considerados mais arriscados.
Além disso, permeiam dúvidas sobre a segurança e a solidez de empresas do setor cripto. Nesse período de desvalorização do bitcoin, as ações da OranjeBTC acumulam uma queda de quase 60% e são negociadas a R$ 9,80.