Segundo a ferramenta CME FedWatch, quase 90% do mercado aposta em um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica dos EUA. A decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central do país) sai por volta das 16h, seguida do discurso do presidente, Jerome Powell.
Vale lembrar: cortes de juros tendem a favorecer ativos de risco, como criptomoedas, ao reduzir o apelo das Treasuries (títulos do tesouro americano, considerados os papéis mais seguros do mundo). Mas o histórico mostra que não há garantia.
Nos dois últimos ciclos de afrouxamento monetário nos EUA – de julho de 2019 a março de 2020 e de setembro de 2024 a setembro de 2025 – o bitcoin subiu em metade das vezes três meses após os cortes e caiu na outra metade. Em janelas de seis meses, porém, o desempenho melhora: altas em 75% das ocasiões e quedas em 25%.
Para Guilherme Prado, country manager da Bitget, a decisão de política monetária nos EUA deve definir o apetite por risco e pelo bitcoin nos próximos dias, mas é o discurso de Powell o ponto crucial para saber se “o BTC encontrará suporte adicional ou renovará a pressão vendedora”.
Segundo ele, houve sinais de exaustão dos vendedores de bitcoin. Os ETFs (fundos negociados em bolsa) da cripto nos EUA, por exemplo, registraram seu primeiro sinal de estabilização em semanas, com um fluxo positivo de US$ 56,5 milhões em 9 de dezembro, após US$ 1,1 bilhão em resgates ao longo de novembro. Porém, a atividade na blockchain do BTC continua franca.
“Os endereços ativos estão próximos das mínimas do ciclo (ou seja, o número de carteiras que fazem transações por dia está entre os menores). Além disso, o realized cap (métrica que mostra o valor total de todos os bitcoins pelo preço de quando foram movimentados) avançou só 0,7%, o que indica entradas modestas de capital e um mercado ainda dominado por detentores de curto prazo”, disse.
As altcoins – termo usado para identificar qualquer cripto diferente do BTC – operam mistas pela manhã. O destaque é o ethereum (ETH), que sobe mais de 6% e supera os US$ 3.300, o melhor desempenho entre as maiores criptomoedas.
Veja as cotações das principais criptomoedas às 10h:
Bitcoin (BTC): +1,65%, US$ 92.045,70
Ethereum (ETH): +6,10%, US$ 3.328,40
XRP (XRP): -0,92%, US$ 2,06
BNB (BNB): -0,03%, US$ 888,38
Solana (SOL): +3,53%, US$ 137,91
Outros destaques do mercado cripto
JPMorgan estuda lançar stablecoin. O JPMorgan prepara o lançamento de sua própria stablecoin. A proposta é que o ativo funcione como meio de pagamento e ainda ofereça remuneração para quem mantê-lo em carteira. O movimento acompanha outra iniciativa recente do banco: aceitar bitcoin e ethereum como garantia em operações para clientes institucionais. Aos poucos, a criptoeconomia vai entrando no centro das operações do maior banco dos EUA.
Cripto como garantia de operações com derivativos. A Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), que é uma agência reguladora independente do governo dos EUA, deve autorizar o uso de bitcoin, ether e USDC como garantia em negociações de derivativos. Um derivativo é um contrato que têm valor baseado em outro ativo – como, dólar, ações, commodities e agora cripto. A decisão aproxima ainda mais os mercados de ativos digitais da infraestrutura financeira dos EUA.
Tokenização no Brasil a todo vapor. A tokenização segue em ritmo forte no país. A Rayls – blockchain da fintech brasileira Parfin – fechou parceria com a AmFi, plataforma que distribui ativos tokenizados. O objetivo é ambicioso: levar mais de R$ 5 bilhões em ativos para dentro da Rayls até 2027. No Brasil, o setor já tokenizou de tudo um pouco: duplicatas, notas comerciais, debêntures e outros instrumentos de crédito. A fila só cresce.