O Ibovespa, o real, os mercados emergentes. A semana foi marcada por ganhos para diversos ativos de risco após os dados divulgados hoje nos EUA mostrarem queda nas contratações pelas empresas e crescimento do desemprego, que atingiu o nível mais alto desde 2021. É um movimento que tem tudo para continuar até o fim do ano, conforme crescem as perspectivas de cortes de juros lá fora e também no Brasil.

Não se trata de comemorar um mercado de trabalho mais difícil para as pessoas. Acontece que, do ponto de vista econômico, é como as coisas são: uma economia mais fraca significa ter uma inflação comportada, o que endossa a chance de uma política monetária mais flexível na maior economia do mundo. E juros mais baixos lá fora estimulam a demanda por ativos mais arriscados, com potencial de retorno maior.

No pregão de hoje, o Ibovespa por mais um dia renovou seu recorde nominal, ao fechar em alta de 1,2%, aos 142.640 pontos – e isso depois de chegar a operar na faixa dos 143 mil pontos. Na semana, o índice acumulou ganhos de 1%. Já o dólar terminou a sessão em queda, no patamar dos R$ 5,41. O dia foi positivo também para os mercados emergentes: o índice MSCI Emerging Markets também subiu mais de 1% no acumulado em cinco pregões.

O mercado vem se comportando com otimismo em relação a um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano) desde o mês passado, quando o presidente da autoridade, Jerome Powell, deu indicativos claros de que essa é a direção a ser tomada.

A aposta é praticamente unânime: 90% dos investidores esperam redução das taxas na reunião deste mês, segundo dados da CME FedWatch, ferramenta que mede as expectativas para as decisões de política monetária com base no comportamento dos contratos de juros no mercado americano.

Como a alta do Ibovespa neste ano foi puxada especialmente pelos investidores estrangeiros, há grande probabilidade desse movimento positivo continuar diante do cenário desenhado lá fora. A isso se soma o fato de que os ativos emergentes podem, no geral, ser considerados “descontados” – ou baratos, em termos simples – na comparação com mercados desenvolvidos, em especial os EUA.

Quando um corte de juros acontece lá fora, isso também abre a chance de que a política monetária no mundo todo caminhe na mesma direção. Assim, ainda que o nível da taxa Selic por aqui permaneça em nível restritivo, os investidores passam a esperar que alguma redução possa vir já no começo do ano que vem.

Ontem, durante o evento Fronteiras do Investimento, realizado pela Nu Asset em parceria com o InvestNews, a percepção de alguns participantes foi exatamente nessa linha. “Ainda que o timing possa diferir de país para país, a direção da viagem parece ser de um ajuste das taxas para baixo”, disse o vice-presidente da BlackRock e especialista em dívida de mercados emergentes, Nathan do Nascimento.