A Eli Lilly atingiu brevemente uma capitalização de mercado superior a US$ 1 trilhão nesta sexta-feira, tornando-se a única farmacêutica a alcançar esse marco histórico.

A empresa adicionou mais de US$ 400 bilhões ao seu valor de mercado desde o início de agosto, com as ações acumulando alta superior a 35% no ano.

No terceiro trimestre, os produtos da Lilly dominaram 57,9% do mercado norte-americano de análogos de incretina, superando a rival Novo Nordisk.

Agora, há dez empresas avaliadas em mais de US$ 1 trilhão — ou pelo menos houve, por alguns instantes, na manhã de sexta-feira, quando a Eli Lilly LLY +1,42% entrou rapidamente para o clube dos treze dígitos.

A fabricante do blockbuster de obesidade Zepbound era negociada a US$ 1.050 no meio do dia. Mais cedo, quando o preço das ações ultrapassou US$ 1.057,77, a capitalização de mercado superou temporariamente US$ 1 trilhão.

É a única farmacêutica a atingir tal valor; as demais empresas americanas acima de US$ 1 trilhão são gigantes de tecnologia e o conglomerado Berkshire Hathaway BRK.B +1,11%.

O momento trilionário da Lilly acontece após uma impressionante escalada que acrescentou mais de US$ 400 bilhões ao seu valor desde o início de agosto. A ação acumula alta de mais de 35% em 2025.

O mais surpreendente é que a disparada não decorre de um único resultado clínico ou relatório financeiro. Analistas apontam uma combinação de fatores: redução das pressões políticas, ganho constante de participação no mercado de medicamentos para perda de peso à custa da rival Novo Nordisk NOVO.B -3,02%, e uma migração mais ampla de investidores para ações de saúde em meio à aversão crescente ao setor de tecnologia.

Favorita em Wall Street

A Lilly há muito é uma favorita de Wall Street, negociada com múltiplos de lucro superiores aos de outras gigantes farmacêuticas. Mas o salto acelerou a partir de 2023, impulsionado pelo entusiasmo com o Zepbound — o que levou as ações a acumularem alta de quase 200% desde então.

Embora o Wegovy, da Novo, tenha sido lançado anos antes, a Lilly ganhou tração no mercado. No terceiro trimestre, a empresa afirmou que seus medicamentos detinham 57,9% do mercado americano de análogos de incretina — categoria que inclui Zepbound e Wegovy.

A pipeline também anima investidores. A Lilly se prepara para lançar o orforglipron, uma pílula para perda de peso altamente aguardada, apesar de dados mistos. Há ainda o retatrutide, que pode ser mais eficaz que o Zepbound, e o eloralintide, outro medicamento promissor com mecanismo diferente.

O mercado de perda de peso é complexo e já derrubou ações no passado, quando tanto Lilly quanto Novo enfrentaram concorrência de farmácias de manipulação vendendo versões legais dos injetáveis das companhias. Este ano, a complexidade veio da administração Trump, que firmou um acordo permitindo que as empresas acessem o mercado do Medicare para seus medicamentos de perda de peso em troca de preços menores para pacientes que pagam do próprio bolso. Até agora, investidores parecem achar que a Lilly se saiu bem nas negociações.

As ações de saúde vêm superando o mercado desde outubro — mas a Lilly desponta ainda mais. No período, os papéis da empresa subiram 37%, enquanto o Health Care Select Sector SPDR avança 10,5%, e o índice S&P 500 Pharmaceuticals sobe 19%. O S&P 500 mais amplo caiu 2,3%.