O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) anunciou na tarde desta quarta-feira (17) um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros do país, para a faixa de 4% a 4,25% ao ano. A taxa de juros americana estava no mesmo patamar desde dezembro de 2024.

O movimento do Fed acontece em um momento de grande pressão sobre o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, que vem sendo criticado duramente pelo presidente americano Donald Trump para que o Fed baixe os juros.

O placar já reflete essa situação: dos 12 participantes do comitê do Fed que decide o futuro dos juros, 11 votaram pela queda de 0,25 ponto, enquanto um deles, Stephen Miran, defendeu um corte maior, de 0,50 ponto. Miran foi um dos principais conselheiros econômicos de Trump e foi indicado por ele para a cadeira no Fed.

A decisão de hoje pode aplacar os ânimos no curto prazo, mas dificilmente eliminará totalmente a pressão para que novos cortes aconteçam nos próximos meses.

Conforme Powell já deixou claro em declarações passadas, a grande preocupação recente da autoridade era com o efeito das tarifas comerciais sobre a economia. Diante do poder de empurrar os preços para cima, a autoridade vinha citando a preocupação com a inflação voltar para a meta de longo prazo, de 2% ao ano. Agora, prevê que há espaço para reduzir os juros e aquecer o mercado de trabalho, que vem dando sinais de fadiga.

A partir daqui, o caminho parece aberto para que novos cortes no juro aconteçam. E isso deve manter aquecido o fluxo para ativos de risco dentro e fora dos EUA. E como as ações americanas já estão em níveis historicamente altos, essa deve ser uma grande oportunidade com os juros menores na maior economia do mundo são os mercados considerados mais arriscados.

Essa expectativa já conduziu o iShares MSCI Emerging Markets, ETF (fundo negociado em bolsa) que reúne o desempenho dos mercados emergentes, a uma alta de 27% no acumulado deste ano.

Para as próximas reuniões, o mercado segue mais dividido, mas a maior aposta é de que a porta aberta pelo corte de hoje sustente o ritmo de flexibilização monetária até o fim do ano. Segundo dados da ferramenta CME FedWatch, que mede as expectativas dos investidores a partir do movimento dos contratos de juros futuros na bolsa americana, a probabilidade é de 70% para um novo corte na mesma proporção em outubro e de 65% para a reunião de dezembro.