O primeiro corte de juros nos EUA desde que Donald Trump voltou à presidência deve dominar as atenções em uma semana que definirá a política monetária para dois quintos da economia global — incluindo quatro dos sete países mais industrializados (G7). E o Brasil também está no jogo, onde a expectativa é de que a taxa Selic seja mantida no atual nível de 15% ao ano.

Quem abre a esteira de decisões é o Banco do Canadá, seguido pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano) na quarta-feira (17), passando pelo Banco da Inglaterra no dia seguinte (18) e encerrando com o Banco do Japão. O esperado é que os bancos centrais ajustem os custos de empréstimos ou preparem os investidores para suas expectativas no último trimestre do ano – ou ambos.

Nos EUA, a decisão é especialmente importante pelo impasse em torno da política do Fed e os apelos incisivos de Trump por juros menores. O interesse político bate de frente com as preocupações do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, com a inflação causada pelas tarifas comerciais, efeitos já abordados em reuniões passadas e que ainda pairam sobre a reunião. Sinais recentes de enfraquecimento no mercado de trabalho, no entanto, abriram espaço para um corte de 0,25 ponto percentual, na visão de economistas.

Investidores também acompanharão os desdobramentos no tema comércio internacional, com EUA e China retomando conversas em Madri para melhorar a diplomacia entre os dois gigantes, pouco depois de Pequim lançar duas investigações contra o setor de semicondutores dos EUA.

Antes da decisão do Fed, haverá uma última leitura do setor de consumo americano: as vendas no varejo de agosto, que devem ter subido 0,3%, na visão de economistas, após fortes altas nos dois meses anteriores. Com um mercado de trabalho enfraquecido e inflação em alta, não está claro o quanto do consumo se sustentará daqui para frente. Também na semana, os pedidos de auxílio-desemprego de quinta-feira (18) mostrarão se a alta recente é tendência ou apenas um ponto isolado.

No Canadá, a inflação deve subir para 2% em agosto, enquanto os núcleos observados pelo Banco Central devem permanecer em torno de 3%. Isso não deve impedir a autoridade monetária canadense de cortar sua taxa básica para 2,5% na quarta-feira (17), após os dados fracos de emprego mais recentes e a contração econômica no segundo trimestre.

Entre os destaques no mundo, economistas esperam que a inflação deve se manter em 3,8% no Reino Unido e que o Banco da Inglaterra (BOE) mantenha a taxa básica em 4%. Já a China terá uma enxurrada de dados de agosto – vendas no varejo, produção industrial, investimentos e desemprego –, números que devem mostrar se os estímulos à economia estão surtindo efeito. A decisão de juros no país virá na sequência, no domingo (21).