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A Méliuz segue surfando a onda positiva do bitcoin, que abriu a semana renovando marcas históricas. A ação da companhia conhecida por rechear seu caixa com a cripto subiu 4,07% nesta segunda-feira (14), para R$ 7,67, depois de ter subido outros 10% na última sexta-feira. Já o bitcoin rompeu hoje a faixa dos US$ 122 mil pela primeira vez na história.

Para efeitos de comparação, o Ibovespa caiu hoje 0,65%, aos 135.298 pontos. No acumulado deste ano, a Méliuz sobe impressionantes 168%.

Mas não é só o bitcoin que joga a favor da companhia. A Méliuz caminha para concluir a sua listagem nos EUA, movimento que deve contribuir para a liquidez em bolsa e para a estratégia da empresa de atrair investidores estrangeiros.

A Méliuz é uma gestora de programas de cashback para varejistas. E vem chamando a atenção porque quase todo o seu caixa é formado por bitcoin. E o chairman e fundador da Méliuz, Israel Salmen, já deixou claro que todo dinheiro livre gerado pela companhia será para comprar mais BTC.

O objetivo com essa estratégia é maximizar o retorno do caixa, já que, apesar da volatilidade alta, o bitcoin tem tido um desempenho historicamente positivo, combinando escassez global com liquidez e servindo de reserva de valor – o “ouro digital”, como dizem os entusiastas. É uma alternativa, segundo a empresa, de obter um rendimento mais atraente do que aplicações tradicionais de renda fixa.

De olho no investidor estrangeiro, a Méliuz informou que deve concluir a sua listagem na OTC Markets em até quatro semanas. A OTC funciona como um “mercado de balcão”: não é uma bolsa como a Nasdaq ou a Bolsa de Valores de Nova York (Nyse, na sigla em inglês), mas serve para que corretoras precifiquem e negociem os papéis. É uma alternativa operacionalmente mais barata e com menos exigências regulatórias do que as bolsas tradicionais.

Para os analistas Ricardo Buchpiguel, Eduardo Rosman e Thiago Paura, do BTG Pactual, com a dupla listagem, o volume de negócios com o papel deve crescer porque investidores poderão “arbitrar” os preços das ações na B3 com os papéis listados lá fora. Em outras palavras: operar a diferença entre os preços para obter lucro.

O caixa em bitcoin deve, inclusive, ajudar no objetivo da empresa de atrair investidores fora do Brasil que desejam exposição corporativa ao ativo, sem compra direta.

A negociação das ações nos EUA não vai envolver uma nova emissão de papéis. Portanto, os atuais investidores não sofrerão nenhuma diluição. A ação negociada continua sendo a mesma no Brasil (CASH3), mas agora com um “balcão extra” para corretoras estrangeiras, por meio de um novo código de negociação.

A estratégia da Méliuz de adquirir bitcoins vem animando os investidores há tempos. Em julho de 2021, a empresa realizou uma oferta subsequente (follow-on) de ações, levantando R$ 180,1 milhões, com o objetivo de financiar a aquisição da cripto. Em maio deste ano, os acionistas da Méliuz aprovaram a possibilidade de investimentos em bitcoin como parte da estratégia de negócios da empresa – e os papéis subiram 28%.