De fato, o tarifaço virou um “tarifinho”, praticamente. Afinal, Trump assinou a ordem executiva excluindo alguns produtos de peso na balança comercial brasileira, como sucos de laranja, diferentes tipos de celulose e aeronaves civis, além de suas peças e componentes. Dos US$ 42 bilhões em produtos exportados para os EUA no ano passado, mais de US$ 12 bilhões ficaram de fora.
Mas isso só serviu de alento na sessão de ontem (30), dia em que a ordem foi publicada. Desde o começo do mês, quando as tarifas de 50% foram anunciadas, a verdade é que o mercado entrou em modo de defesa. Em outras palavras: na dúvida sobre qual seria o tamanho do impacto sobre a economia brasileira, os investidores preferiram comprar dólares e vender ações para navegar um mar de novas informações que chegavam a cada momento.
Daqui para frente, mais volatilidade é esperada nos negócios. A partir do dia 6 de agosto, quando as novas tarifas começam a valer, ficará mais claro qual será de fato o efeito das tarifas sobre a atividade brasileira. E também qual será a resposta dos Bancos Centrais – o americano e o brasileiro – diante disso tudo. É isso que os investidores esperam para definir daqui para frente qual a melhor estratégia para se adotar.
No acumulado do ano até aqui, o bom humor prevaleceu, com os ativos brasileiros ainda sustentando um desempenho positivo: o Ibovespa sobe mais de 10%, enquanto o dólar cede mais de 9%. A entrada de recursos estrangeiros no Brasil, em um ambiente de preços de ações considerados baratos, é o que explica em grande parte esse movimento. A pausa no ciclo de aperto monetário por aqui também ajuda a ditar o tom do mercado, embora as apostas de um corte de juros esteja mais distante agora.
Do lado do câmbio, é a tendência do dólar globalmente que contribui para que o real se destacar. Desde o começo deste ano, quando Trump chegou à Casa Branca, cresceu o medo de que a própria economia americana perdesse força na briga tarifária contra outros países. É por causa disso que o dólar vem perdendo espaço em relação a diversas outras moedas, como Colômbia, México e Chile. O índice DXY, que mede justamente o desempenho da moeda americana contra vários países desenvolvidos, recua quase 8% no ano.
Resta saber se esse é o cenário que vai realmente prevalecer daqui para frente.