Um movimento curioso vem ganhando força no mercado de criptomoedas: os bitcoins (BTC) estão “sumindo” das exchanges. Nos últimos 12 meses, segundo dados da plataforma de research Santiment, investidores retiraram 403 mil unidades de BTC das corretoras – uma redução de 2,09% no total mantido nessas plataformas.

Por quê?

Boa parte desses bitcoins está migrando para carteiras frias (os dispositivos parecidos com um pen drive que permitem guardar criptos fora das exchanges). No jargão do mercado, é um sinal clássico de “hodling”: quando o investidor decide guardar seus ativos por mais tempo, longe das prateleiras das corretoras.

E tem outro efeito: quanto menos bitcoin nas exchanges, menor a chance de grandes ondas de venda. Em outras palavras, o “sumiço” dos BTC costuma indicar um mercado mais voltado para acumulação do que para liquidação.

Mas há uma segunda corrente puxando esse movimento. Giannis Andreou, fundador e CEO da mineradora Bitmern Mining, disse nesta semana nas redes sociais que uma fatia relevante desses bitcoins também está indo para ETFs de criptomoedas e para tesourarias corporativas.

Hoje, só os ETFs à vista de bitcoin dos EUA – os maiores do mercado – têm US$ 122,34 bilhões em BTC, o equivalente a 6,63% de todo o valor de mercado do ativo digital, segundo dados da plataforma SoSoValue.

Já as companhias de capital aberto que carregam bitcoin em caixa detêm US$ 153 bilhões em BTC, de acordo com a plataforma CoinGecko, o que representa 8,09% de toda a circulação da criptomoeda – que hoje é negociada na faixa dos US$ 90 mil.

Veja as cotações das principais criptomoedas às 10h:

Bitcoin (BTC):  -1,81%, US$ 90.225,90

Ethereum (ETH): -3,50%, US$ 3.204,87

XRP (XRP): -2,45%, US$ 2,01

BNB (BNB): -2,03%, US$ 867,38

Solana (SOL): -4,11%, US$ 131,61

Outros destaques do mercado cripto

Tokenização como prioridade do regulador. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou a agenda regulatória para 2026. Um dos temas de destaque é a atualização da resolução 88. O que é isso? Trata-se da norma originalmente criada para a captação de recursos por startups via crowdfunding, que foi expandida em 2023 e abriu caminho para a tokenização no Brasil. A ideia agora é modernizar esse arcabouço jurídico – e o setor cripto está bastante contente com isso.

Novo round da CPI da cripto “trocada” pelo olho. Lembram da Tools for Humanity, a startup do dono do ChatGPT que escaneou olhos de paulistanos e, em troca, distribuiu a criptomoeda Worldcoin? Em maio, a Câmara Municipal de São Paulo abriu uma CPI para investigar o caso. Nesta semana, rolou mais uma reunião. Um dos convidados foi o influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca. Ele afirmou não ter qualquer envolvimento com o projeto.

O enigma cripto da empresa de Elon Musk. A SpaceX, fabricante de sistemas aeroespaciais fundada por Elon Musk, movimentou mais 1.021 bitcoins de sua reserva – cerca de US$ 94,5 milhões – para carteiras desconhecidas. Desde julho, a companhia vem fazendo transferências de cripto, e o timing chama atenção: os envios aconteceram às vésperas de a empresa avançar com seu IPO. O mercado continua tentando decifrar o que está por trás desses movimentos.

A vez das stablecoins no Reino Unido. A Financial Conduct Authority (FCA), principal regulador financeiro do Reino Unido, deu mais um passo no mercado cripto. O órgão vai permitir que empresas locais testem stablecoins – criptos atreladas a ativos como o dólar – a partir de 2026. Em conjunto com o Bank of England, a ideia é criar um arcabouço robusto de regras e plataformas para essas criptos, que também viraram “queridinhas” dos brasileiros.