“Muito provavelmente não vamos ver daqui para a frente uma chance como essa”, afirmou Nathan do Nascimento, vice-presidente da BlackRock e especialista em dívida de mercados emergentes na divisão de renda fixa, durante o evento Fronteiras do Investimento, realizado pela Nu Asset em parceria com o InvestNews.
Segundo ele, a renda fixa global tem oferecido retornos entre 4% e 6% ao ano em dólar. No Brasil, a Selic está no maior nível em 20 anos, rendendo 15% anuais. “Acreditamos que temos uma oportunidade única em muitos anos para investir em renda fixa”, reforçou.
Nascimento destacou que os bancos centrais caminham para um período de afrouxamento da política monetária, com um movimento sincronizado de cortes de juros.
Essa conjuntura cria um cenário incomum: yields elevados ao mesmo tempo em que a volatilidade permanece abaixo da média histórica. “Isso nos dá a capacidade de construir portfólios que geram alta renda, com parcelas de 30% a 50% da carteira alocadas em renda fixa.”
Essa renda recorrente em dólar, segundo o especialista, pode servir de colchão de proteção, permitindo ao investidor ousar mais em outras classes de ativos, como ações, crédito privado e infraestrutura.
Nesse contexto, Marta Veloso, diretora da Fitch Ratings, lembra que o setor de infraestrutura no Brasil deve demandar cerca de R$ 130 bilhões em financiamento no curto prazo. Para ela, o mercado de capitais está preparado para absorver esse volume. “No ano passado, as companhias captaram R$ 240 bilhões em debêntures”, destacou.