Em conversa com jornalistas nesta quinta-feira (14), a diretoria da empresa lembrou que os embargos sanitários decorrentes da doença afetaram mais de 100 mercados para os quais o Brasil exporta, incluindo China, União Europeia e Chile.
“O trimestre foi extremamente desafiador. Foram 45 dias sem embargo e outros 45 sentindo os efeitos dessas restrições. Mesmo com a perda de mercados relevantes, conseguimos entregar um semestre histórico. Isso só foi possível porque vínhamos nos preparando para ser mais eficientes”, afirmou o CEO Miguel Gularte.
Segundo o CFO Fábio Mariano, o impacto da gripe aviária somado à valorização do real explicam a queda do lucro e do resultado operacional (Ebitda) na comparação com o segundo trimestre de 2024. Ele destacou que a BRF optou por não ajustar os números para excluir esses efeitos, mas reconheceu que, sem as suspensões, as margens operacionais teriam sido mais elevadas — especialmente no mercado internacional.
A receita líquida do trimestre cresceu 3%, para R$ 15,4 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado totalizou R$ 2,5 bilhões — ligeiramente abaixo dos R$ 2,6 bilhões registrados um ano antes. O fluxo de caixa livre foi de R$ 842 milhões. Já a alavancagem caiu para 0,43 vez o Ebitda, o menor patamar da história da companhia.
Sem acesso ao mercado chinês, a BRF vem redirecionando volumes para hubs como o Oriente Médio. “Alguns cortes com menor valor agregado acabaram sendo destinados às graxarias, mas mantivemos nossa estratégia e não ajustamos o alojamento”, afirmou Leonardo Dallorto, vice-presidente de Mercado Internacional.
De acordo com a diretoria, as exportações brasileiras de frango caíram 15% no segundo trimestre. No caso da BRF, a queda foi de apenas 5%, reflexo das novas habilitações e da capacidade de adaptação da empresa. “Cumprimos todas as exigências sanitárias. A resposta das autoridades foi rápida, e o Brasil conquistou uma posição de confiança internacional”, completou Gularte.
Ainda segundo o CEO, a aprovação da fusão com sua controladora Marfrig deverá ser discutida no Cade na próxima semana. A expectativa da companhia e do mercado é de uma aprovação sem restrições. O aval da autarquia é a última etapa para a conclusão da criação da MBRF.