O presidente do Federal Reserve (banco central americano), Jerome Powell, deu aos investidores o que eles esperavam: sinais de que cortes de juros na maior economia do mundo podem acontecer em breve. E, como resultado, os ativos de risco nos EUA, assim como o real e as ações brasileiras, passaram a operar em alta firme nesta sexta-feira (22).

Por aqui, o Ibovespa avançou 2,57%, aos 137.968 pontos. É o melhor desempenho em um pregão desde abril deste ano. Todas as ações do índice terminaram o dia no azul. Já o dólar voltou para a faixa dos R$ 5,42, em queda de 0,95%.

No mercado americano, o rendimento das Treasuries, títulos da dívida americana, com vencimento em dois anos caíram até 0,12 ponto percentual, com operadores passando a dar como quase certa uma redução da taxa básica do país em setembro.

Dados da ferramenta CME FedWatch, que analisa o comportamento dos preços dos contratos de juros futuros, chancelam a expectativa do mercado: 87% dos investidores apostam em um corte de 0,25 ponto percentual em setembro, enquanto 13% esperam uma manutenção na faixa atual, de 4,25% a 4,50% ao ano.

Os índices S&P 500, Nasdaq e Dow Jones encerraram o dia perto dos 2% de alta, enquanto o Bitcoin subiu 4%. O Índice Dólar (DXY), que mede o retorno da moeda americana ante um grupo de divisas de países desenvolvidos, cedeu 1%.

Mais cedo, Powell discursou no simpósio anual de Jackson Hole, em Wyoming, em que afirmou que, com a política monetária restritiva atual, “uma mudança no balanço de riscos pode justificar um ajuste em nossa postura“. A mensagem é uma clara referência à possibilidade do tão aguardado afrouxamento monetário – com juros menores, o dinheiro tende a migrar para ativos de maior risco, o que explica o movimento de hoje.

Profissionais do mercado financeiro já esperam desde o começo do mês que o Fed comece a cortar os juros em setembro, tanto pelo comportamento controlado da inflação, quanto pelo mercado de trabalho menos aquecido. Ainda havia dúvidas, porém, dos próximos movimentos da autoridade monetária americana, sobretudo pelas declarações dadas pelo próprio dirigente do BC americano na última reunião que decidiu pela manutenção dos juros no nível atual.

Na última decisão de política monetária, no fim de julho, Powell havia passado uma mensagem de grande incômodo do Fed com o impacto das tarifas comerciais para a atividade. Chegou até mesmo a indicar, naquele momento, que um corte poderia ficar ainda mais distante.

Agora, investidores regulam sua exposição ao risco após passarem um tempo tentando entender os reais efeitos da guerra comercial do presidente Donald Trump, que tinha tudo para frear com mais força a economia americana ao mesmo tempo em que poderia gerar uma nova pressão inflacionária no país.