As criptomoedas já foram vistas como investimento revolucionário, ferramenta de especulação, meio de pagamento, reserva de valor e até o “futuro do dinheiro”. Mas, na verdade, entre todas essas possibilidades, o que parece estar se consolidando de forma silenciosa é o uso da tecnologia blockchain para digitalizar moedas do “mundo real”. Essa digitalização do dinheiro se tornou possível por meio das stablecoins, que são criptos com lastro, ou seja, cada token emitido tem uma contraparte em unidade monetária emitida por um país, como o dólar americano.

E o que isso significa? Que, por exemplo, uma stablecoin em dólar vale o mesmo que usar a moeda americana. Isso muda tudo. A conversão de moedas e a remessa de dinheiro, por exemplo, podem fluir em um mundo à parte do sistema financeiro tradicional. Fica mais simples e fácil enviar ou trazer dinheiro de um país para outro com o uso das stablecoins.

Os números mostram que esse mercado tem crescido de maneira acelerada no Brasil. Por aqui, entre janeiro e julho de 2025, o volume movimentado na maior stablecoin de dólar do mundo, a USDT da Tether, quase dobrou em relação ao mesmo período do ano anterior.

O volume convertido de reais para USDT saltou mais de 84%, de US$ 4,18 bilhões para US$ 7,72 bilhões ou cerca de R$ 43 bilhões, segundo o Monitor Biscoint, do grupo Bity.

A média mensal de negociação de USDT em 2025 já passa da casa do bilhão. Mais especificamente em US$ 1,1 bilhão contra US$ 598 milhões no mesmo período de 2024.

O uso de uma stablecoin em dólar torna mais barata e rápida a conversão e o envio de dólares para fora do Brasil. Como comprar USDT é diferente de converter reais em dólares diretamente e não é feito dentro de um sistema regulado, esse tipo de transação não paga, por exemplo, o IOF de 3,5% de uma operação de câmbio tradicional. Além disso, a transferência entre uma conta e outra ocorre em poucos minutos, diferentemente do sistema usado por bancos internacionais, o Swift, que chega a levar até 3 dias apra fazer a conciliação de dados e confirmar o envio dos recursos.

Desse modo, se o futuro das criptomoedas for mesmo como meio de pagamento, as stablecoins estão abrindo esse caminho. Elas já representam 90% de todas as operações com criptoativos no país, segundo o Banco Central, e vêm ganhando espaço também entre turistas, nômades digitais e imigrantes, principalmente graças à integração com o Pix e à isenção de IOF em transações entre cripto e real.

A capital do Rio de Janeiro tem liderado esse movimento. A cidade lançou, ainda em 2022, o programa “CriptoRio”, com uma série de iniciativas para se tornar a capital nacional das criptomoedas — incluindo o pagamento de IPTU com cripto, incentivos fiscais para empresas do setor e parcerias com grandes exchanges. Mais recentemente, passou a negociar com a Tether a integração do USDT em serviços para turistas, como hospedagens e passeios.

Embora o uso de stablecoins ainda enfrente desafios regulatórios e tecnológicos, sua adoção cada vez maior indica um possível caminho mais pragmático para o setor cripto: menos volatilidade, mais funcionalidade. E, aos poucos, elas podem deixar de ser apenas um conceito distante para se tornarem parte da rotina financeira de um número cada vez maior de pessoas.

Desempenho das principais criptomoedas do mercado

O mercado de criptomoedas amanhece em leve queda nesta quarta-feira (30), com o Bitcoin recuando 0,4%, negociado a US$ 117 mil (R$ 662 mil). O valor total de mercado das criptos caiu 0,88%, para US$ 3,86 trilhões, com volume de US$ 158,4 bilhões nas últimas 24h. A dominância do BTC segue em alta, a 60,9%. O foco dos investidores hoje está na reunião do Federal Reserve (Fed), que deve manter os juros inalterados, mas pode sinalizar cortes futuros, um cenário que tende a favorecer ativos de risco como criptomoedas.

Às 8h30 da manhã, as principais criptomoedas operavam em queda:

Bitcoin (BTC): – 0,42%, US$ 117.982,81

Ethereum (ETH): – 1,75%, US$ 3.762,26

XRP (XRP): – 2,12%, US$ 3,07

BNB (BNB): – 4,52%, US$ 790,59

Solana (SOL): – 3,25%, US$ 177,25

Outros destaques do dia

Dogecoin (DOGE): -4,38%, US$ 0,2171

Monero (XMR): – 3,44%, US$ 311,58

Principais notícias do mercado cripto

Coreia do Sul cria divisão para monitorar criptomoedas e stablecoins. O Banco da Coreia (BOK) criou uma divisão dedicada a criptoativos em meio ao avanço das stablecoins locais. A nova área, vinculada ao departamento de sistemas de pagamento financeiro, será responsável por monitorar o mercado de criptomoedas e liderar discussões internas sobre stablecoins lastreadas no won sul-coreano. A mudança acompanha o crescente interesse do setor público e privado na criação de moedas digitais estáveis, com apoio político e projetos de lei em andamento. O banco também renomeou sua antiga equipe de pesquisa em moedas digitais, indicando uma postura mais ativa na adoção da tecnologia.