O setor imobiliário aquecido, impulsionado pela queda da taxa Selic e dos preços dos imóveis e a busca por moradias melhores, tem mostrado duas tendências de vendas: a de consumo e a de investimento. É o que avalia Ian Andrade, vice-presidente de Finanças e Gestão da Gafisa (GFSA3) .
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Segundo Andrade, as maiores demandas no momento são por apartamentos que custam entre R$ 300 mil a R$ 600 mil, que representam, na avaliação dele, o movimento de pessoas que estão saindo do aluguel e comprando o primeiro imóvel, sendo uma decisão de consumo. A outra demanda aquecida, de acordo com o executivo, está por apartamentos com valor acima de R$ 2 milhões, representando a dinâmica do investimento e da oportunidade, segundo Andrade.
“O meio termo, entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões, ainda não se estabilizou, pois a razão para a compra desses imóveis não é investimento nem decisão de consumo imediato. Pessoas que vão comprar imóveis nessa faixa de preço já moram bem em algum lugar. Então, não estão sendo forçadas a realizarem mudança de imóvel agora”, explicou o executivo.
A empresa, que está sob nova gestão e concluiu um processo de reestruturação no segundo trimestre deste ano, estava há dois anos sem lançar empreendimentos, processo retomado no terceiro trimestre de 2020.
Com o setor imobiliário aquecido, as vendas brutas da Gafisa totalizaram R$ 143,8 milhões no terceiro trimestre de 2020, um aumento de 247,7% na comparação com trimestre anterior e de 260% comparado ao mesmo período do ano passado. Já o prejuízo líquido totalizou R$ 56,4 milhões no terceiro trimestre deste ano.
Aceleração digital
A Gafisa disse ter acelerado todos as iniciativas de digitalização. Hoje, atendimento e experiência de cliente estão 100% digitalizadas, assim como contrato de compra e venda, entrega de documentos e imóveis, entre outros.
A companhia está fazendo parcerias com plataformas digitais estratégicas para rentabilizar imóveis próprios por locação. Trata-se de um novo modelo de negócio que está sendo implementado, dentro de um cenário de aceleração tecnológica, segundo Andrade.
Ações da Gafisa
O executivo avalia que o fato de o preço da ação da companhia não ter subido muito trata-se um efeito colateral saudável, de um movimento necessário e positivo para a empresa perseguir seus movimentos de crescimento e voltar para sua vocação natural.
Ele explicou ainda que o setor imobiliário se difere de outros setores por ter um ciclo longo, de desenvolvimento, o que interfere na captação dos resultados das vendas. “No setor imobiliário, onde compra-se um terreno, lança o empreendimento, faz vendas, constrói e depois entrega é um ciclo de três a cinco anos. Então, os movimentos de negócios transitarão nos resultados da Gafisa nos próximos anos. Os resultados não são capturados imediatamente, mas no médio prazo. O investidor tem que ter essa paciência de entender essa dinâmica de que o setor imobiliário não é do dia para a noite”, explicou.