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Negócios

6 em cada 10 empresas da bolsa não têm mulheres na alta liderança em 2022

37 não têm participação feminina entre os conselheiros de administração, revelou estudo da bolsa brasileira.

De cada 100 empresas com ações negociadas em bolsa no Brasil, 61 não têm mulheres em cargos de diretoria estatutária, e 37 não têm participação feminina entre conselheiros de administração. Apesar disso, houve um aumento da presença de mulheres em conselhos no último ano.

Os dados são da segunda edição do estudo “Mulheres em Ações”, feito pela B3, a bolsa do Brasil, a partir de informações prestadas pelas companhias em documentos públicos, com o objetivo de mapear a evolução da diversidade de gênero no mercado brasileiro.

Raio-x nas 423 empresas da bolsa

O mapeamento foi feito no final do primeiro semestre, após o ciclo de assembleias gerais ordinárias, e mostra que, em um universo analisado de 423 companhias listadas, o retrato é o seguinte:

  • 61% não têm mulheres entre seus diretores estatutários (mesmo percentual de 2021);
  • 37% não têm mulheres no conselho de administração (em 2021, era de 45%);
  • 26% têm apenas uma mulher na diretoria estatutária (eram 25% em 2021);
  • 38% têm uma mulher entre os conselheiros de administração (em 2021, percentual era de 32%);
  • 6% têm três ou mais mulheres entre os diretores estatutários (mesmo percentual de 2021);
  • 8% têm três ou mais mulheres como conselheiras de administração (em 2021, eram 6%).

Cresce presença feminina em conselhos

Os números indicam uma evolução na participação feminina nos conselhos de administração. No ano passado, 45% das companhias não tinham nenhuma mulher conselheira, percentual que agora é de 37%. O quadro geral, no entanto, ainda é distante do ideal.

Mulher em reunião de trabalho com homens
Imagem ilustrativa

Assim como na edição realizada em 2021, o novo mapeamento avançou numa análise por segmento, incluindo as empresas listadas no segmento Básico, Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado.

Considerando apenas as companhias listadas no Novo Mercado, que têm exigências de padrões de governança mais elevados, a proporção de empresas com pelo menos uma mulher no conselho de administração aumentou 16 pontos percentuais – de 58% em 2021 para 74% neste ano.

Olhando os dados em maior detalhe, 46% das 202 companhias do Novo Mercado têm uma mulher no conselho de administração, 18%, duas e 10%, três ou mais cadeiras ocupadas por mulheres.

Fatia de mulheres em cargos C-level não evoluiu

Em relação às diretorias estatutárias, a realidade é distinta: a maioria (55%) das companhias desse segmento segue sem nenhuma participação feminina nos postos de C-level, e apenas 3% contam com três ou mais mulheres nesses cargos.

Também é preciso destacar que, apesar da elevação de 16 pontos percentuais no número de conselheiras nas companhias listadas no Novo Mercado, os índices de presença de mulheres no CA pouco avançaram em outros segmentos.

Entre as 172 companhias do segmento Básico, o percentual de empresas com ao menos uma mulher no conselho segue o mesmo do ano passado: 47%. No Nível 2, esse indicador subiu dois pontos percentuais – de 69% para 71%.

Nas diretorias estatutárias, olhando os demais segmentos, não houve variação nos níveis Básico e N1, entre os levantamentos de 2021 e 2022. Os índices de companhias com ao menos uma mulher ocupando esses cargos continuam sendo de 31%, no Básico, e de 48% no Nível 1. No Nível 2, esse indicador subiu quatro pontos percentuais – de 39% para 43%.

Proposta para alta liderança

Entre agosto e setembro, a B3 colocou em audiência pública proposta de novas regras, no modelo “pratique ou explique”, para aumentar a diversidade de gênero e a participação de grupos sub-representados na alta liderança das companhias listadas.

A proposta é que as empresas brasileiras de capital aberto tenham ao menos uma mulher e um integrante de comunidade sub-representada (pessoas pretas ou pardas, integrantes da comunidade LGBTQIA+ ou pessoas com deficiência, na proposta original) em seu conselho de administração ou diretoria estatutária.

Passado o período de audiência pública, o documento, chamado de Anexo ASG, está em fase de aprovações. A perspectiva é que a versão final seja publicada no primeiro semestre de 2023.

As companhias que já estiverem listadas na bolsa, na data de início da vigência das novas regras, terão até 2025 para comprovar a eleição do primeiro membro diverso – ou apresentar justificativas para o não cumprimento da medida – e 2026 para o segundo membro. As informações deverão ser prestadas no Formulário de Referência, documento público divulgado pelas companhias todos os anos.

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