A Petrobras informou nesta quarta-feira (4) que garantiu exclusividade na negociação para aquisição de nove blocos exploratórios localizados em áreas offshore da Costa do Marfim.

Em um comunicado ao mercado, a Petrobras disse que o governo concedeu exclusividade nas negociações após a empresa apresentar uma declaração de interesse sobre os ativos.

Os blocos estão localizados na parte ocidental da bacia sedimentar do país africano, de acordo com o governo da Costa do Marfim. A Petrobras demonstrou recentemente interesse em investir em ativos petrolíferos africanos para aumentar suas reservas futuras.

O Conselho de Ministros da Costa do Marfim afirmou em comunicado que a Petrobras “ajudará a desenvolver ainda mais a margem ocidental da bacia sedimentar do país, que ainda é relativamente inexplorada”, citando a experiência da empresa em águas profundas.

O movimento, segundo a petroleira, está alinhado com sua estratégia de longo prazo de recompor reservas de óleo e gás por meio de exploração de novas fronteiras no Brasil e no exterior.

Mais petróleo

O que pressiona a petroleira é que em menos de três anos sua maior fonte de recursos, o pré-sal, começa a entrar em declínio. Esse é o pano de fundo dessa recente mudança de postura da estatal.

Não significa que a Petrobras abandonou qualquer ambição verde, mas está claro agora que a prioridade é garantir que a exploração de petróleo se mantenha em crescimento. Nos últimos meses, a companhia assumiu de vez a sua vocação petrolífera. Nesse novo direcionamento estratégico, a chamada Margem Equatorial virou a engrenagem principal dos planos da empresa para os próximos anos.

A teleconferência de resultados do primeiro trimestre de 2025 deixou evidente essa guinada. “Temos que continuar a fazer o que fazemos bem: explorar, produzir petróleo e derivados e a comercializar com a melhor margem de lucro possível”, sintetizou a CEO da Petrobras, Magda Chambriard.

A executiva já tinha traçado essa linha de maneira explícita durante uma conferência mundial do setor realizado na cidade americana de Houston, no início de maio. “Let’s drill, baby“, afirmou, sem pudores, a chefe da petroleira brasileira a uma plateia repleta de investidores e executivos.

A fala da presidente da Petrobras fez alusão ao um mote proferido com frequência pelo presidente americano Donald Trump, o “drill, babe, drill” (perfure, babe, perfure, em tradução livre do inglês). O slogan lançado na primeira campanha do republicano em 2008 sintetiza a visão do mandatário dos EUA sobre priorizar o ganho econômico no curto prazo em relação às políticas de transição energética e combate ao aquecimento global.

Gigante dos lucros

Os números da gigante brasileira reforçam que o petróleo se mantém como um dos setores mais importantes da economia global. Nenhuma companhia do país chegou perto dos resultados da petroleira, em números absolutos, no primeiro trimestre de 2025.

No período, a Petrobras registrou um crescimento de 48,6% no lucro líquido, que atingiu R$ 35,2 bilhões. Para se ter uma ideia, o segundo maior resultado de uma empresa brasileira listada na atual temporada de balanços pertence ao Itaú Unibanco, de R$ 11,128 bilhões, cerca de três vezes menor do que o ganho da estatal.

As receitas de vendas da Petrobras somaram R$ 123,14 bilhões nos três primeiros meses do ano, com uma alta de 4,6% frente ao mesmo período de 2024. De janeiro a março, a estatal investiu US$ 4,06 bilhões, o que representa uma elevação anual de 33,6%.

A petroleira tem elevado o volume de recursos para exploração e produção. Quase 90% do total investido no trimestre foi destinado a essa área. A companhia explicou no comunicado que esse aumento tem como objetivo “aumentar a capacidade de ativos existentes, implantar novos ativos de produção, escoamento e armazenagem”.

Em contraste, os recursos para o desenvolvimento de projetos de gás e “energias de baixo carbono”, como eólica e solar, receberam meros US$ 55 milhões, coisa de 63 vezes menos. Outros US$ 405 milhões foram destinados a áreas de refino e logística.

*Com informações da Reuters e de Sérgio Tauhata