As ações da Boeing caem 5% nesta quinta (12), depois que um avião da Air India com 242 pessoas a bordo caiu minutos após decolar da cidade de Ahmedabad, oeste da Índia.
O avião era um Boeing 787 Dreamliner. É a primeira queda de uma aeronave desse tipo. O 787 é uma das mais modernas em serviço, e jóia da coroa da fabricante americana, que já enfrentou problemas sérios de credibilidade após dois acidentes quase seguidos com o 737-Max na década passada.
Os papéis da companhia já sofriam bastante. Estavam, e seguem, no mesmo patamar de cinco anos atrás. No mesmo período, para comparar, as ações da Embraer subiram 660%. Um cenário inimaginável até poucos anos atrás, quando a Boeing chegou perto de comprar a fabricante brasileira.
O avião tinha como destino o aeroporto de Gatwick, no Reino Unido, informou a Air India. A aeronave caiu em uma área próxima ao aeroporto.
A Boeing disse em comunicado que está ciente das notícias iniciais e que está trabalhando para reunir mais informações.
A tragédia acontece num momento em que a fabricante de aviões norte-americana tenta reconstruir a confiança do mercado, do público e de autoridades sobre a segurança sobre suas aeronaves. A Boeing também tenta aumentar a produção, sob o comando do presidente-executivo, Kelly Ortberg.
O avião estreou em 2011, trazendo várias inovações essenciais — tanto na forma de montagem quanto nos materiais empregados. A aeronave tem parte da fuselagem em fibra de carbono, um material mais resistente e mais leve, que ajuda a reduzir o consumo de combustível, e a cabine conta com compartimentos de bagagem maiores e iluminação ambiente.
A Boeing projetou o 787 numa época em que sua arquirrival Airbus SE seguia na direção oposta com o gigantesco A380 de dois andares. As duas companhias apostaram em tendências divergentes para o tráfego aéreo mundial: a Airbus confiou em rotas-tronco que ligam grandes aeroportos congestionados, possíveis de absorver apenas com o A380, enquanto a Boeing defendeu o conceito de viagens ponto a ponto. No fim, a lógica da Boeing prevaleceu, e a Airbus encerrou a produção do A380 após a queda nas vendas.
Há 1.148 Boeing 787 em operação no mundo, com idade média de 7,5 anos. A Qatar Airways acabou de encomendar mais 130 unidades da aeronave.
Embora o 787 seja amplamente popular, ele não ficou livre de problemas. Menos de dois anos após a estreia, a Boeing teve de aterrar toda a frota para inspecionar possíveis falhas nas baterias de lítio, que corriam risco de superaquecimento e incêndio.
No ano passado, um engenheiro da Boeing disse que a empresa adotou atalhos de fabricação no Dreamliner para aliviar gargalos de produção — acusação negada pela companhia. Segundo Sam Salehpour, funcionário de longa data que trouxe as críticas a público, trabalhadores de fábrica teriam medido e preenchido incorretamente folgas que surgem na junção dos segmentos da fuselagem do 787.
(com informações de Reuters e Bloomberg)