As ações de companhias aéreas operam em forte alta na bolsa de valores nesta segunda-feira (6), com o papel da Azul (AZUL4) chegando a disparar mais de 59% na máxima do dia e da Gol (GOLL4), mais de 23%.
Ao final do pregão, a ação da Azul disparou 37,98%, a R$ 9,99. A da Gol avançou 23,78%, a R$ 6,35.
Segundo dados do TradeMap, com a disparada das ações neste pregão, o valor de mercado consolidado das duas empresas chegou a aumentar mais de R$ 2 bilhões no dia, sendo que a Azul regista crescimento de R$ 1,43 bilhão e a Gol, de R$ 628 milhões.
Disparada de AZUL4
“A respeito da ‘disparada das aéreas’ hoje, o principal fator está ligado à reestruturação de dívida. Por exemplo, a Azul conseguiu com responsáveis acordo de 90% de seus passivos de arrendamento, enquanto a Gol tem reestruturação facilitando suas negociações com credores menores”, destaca Fabrício Gonçalvez CEO da Box Asset Management, que ressalta que, “indo mais a fundo, as companhias aéreas possuem um endividamento extremante elevado“.
Investidores de Azul repercutem o acordo com arrendadores de aeronaves que deve permitir que o fluxo de caixa da empresa seja positivo em 2024 e além, ao mesmo tempo em que a companhia projeta uma “redução significativa” no investimento em 2023 e nos anos seguintes.
O presidente-executivo da companhia aérea Azul, John Rodgerson, afirmou durante reunião com investidores e agentes do mercado após os resultados que a empresa deve concluir as negociações com empresas de leasing sobre aluguel de suas aeronaves nas próximas duas ou três semanas, quando poderá divulgar todos os detalhes da reestruturação da sua dívida.
“Nos concentramos nos maiores lessores e agora estamos com os menores”, disse Rodgerson, em entrevista a jornalistas. “Acreditamos que vamos chegar a um acordo com todos”, acrescentou.
A companhia aérea também reportou resultado trimestral, com prejuízo líquido ajustado do quarto trimestre maior na comparação anual, mas alta do Ebitda e perspectiva de desempenho melhor à frente.
Analistas do Itaú BBA afirmaram em relatório que os resultados da Azul vieram em linha com o esperado, reforçando tendências positivas de demanda e de preços de passagens aéreas.
“O ponto alto, porém, foi a reestruturação de dívida, que deve aliviar o fluxo de recursos relacionados aos leasings das aeronaves”, disse Daniel Gasparete, do Itaú BBA. “Entretanto, notamos que a companhia não forneceu detalhes numéricos sobre cronograma de amortização e diluição de acionistas para entendermos potenciais desvantagens”, acrescentou.
Por sua vez, o Goldman Sachs, que manteve recomendação “neutra” para as ações da Azul, afirmou a notícia da reestruturação de dívida “deve ser positiva para a companhia pois acreditamos que o risco de crédito vinha sendo um tema importante para o setor aéreo”.
Alta da GOLL4
Já a ação da Gol saltava após a holding Abra, anunciada em maio do ano passado para reunir as operações da Gol com a Avianca, fechar o investimento que fará na área brasileira por meio de uma série de operações, incluindo US$ 451 milhões em dinheiro, segundo divulgado na sexta-feira (3).
O último pregão da semana passada também trouxe dados mostrando crescimento da demanda dos voos da Gol em fevereiro. Sobre esses números, Eduardo Nishio, head de research da Genial Investimentos, avalia que “o ponto positivo foi a taxa de ocupação ainda alta, superando os níveis pré pandemia”.
“Contudo, não sabemos se esse efeito foi devido a uma diminuição nas tarifas, ou por conta de uma demanda ainda aquecida. Dito isso, julgamos os dados neutros”, disse o especialista em relatório.
O que fazer com as ações da Azul e da Gol?
De acordo com as recomendações e oito players de mercado capturadas pela plataforma TradeMap, sete casas recomendam a manutenção dos papeis da Azul e uma recomenda a venda.
A mediana das recomendações é de alta de 37,75%, considerando o preço atingido nesta tarde de R$ 11,07.
Para a Gol, são cinco recomendações de manter, duas de comprar e uma de vender. A mediana é de alta de 89%, considerando a cotação de R$ 6,58.
(* com informações da Reuters)
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